Muito se fala sobre o surgimento de diversos estúdios de animação pelo mundo, mas o que notamos é que a maioria acaba vindo de rompimento de contratos entre as diversas empresas. Pois bem, se na Dreamworks o pessoal alguns já não aguentavam mais ouvir na possibilidade de um novo Shrek para arrecadar fundos, alguns resolveram que poderiam ser criativos e fazer algo dentro de outra produtora que daria certo também, aí entraram numa grande empresa de 3D que tem renome espalhado por aí a Reel FX e pronto saiu "Bons de Bico" que não sei se agradou tanto o pessoal americano acostumado com o feriado de Ação de Graças por lá, onde comumente o prato principal é o peru, mas aqui esse contexto histórico tradicional de lá acabou nem ficando coerente para os adultos que forem levar suas crianças ao cinema, nem teve carisma suficiente para entreter a garotada com as piadas e gírias pessimamente adaptadas que não poderiam escolher melhor dupla para dublar senão Marcius Melhem e Leandro Hassum, que em diversos momentos parecem estar fazendo o programa ruim deles de Domingo.
A trama gira em torno de dois perus que não são nenhum pouco amigos, quando eles são obrigados a colocar as diferenças de lado ao embarcarem numa aventura pra lá de inusitada. As aves viajarão no tempo para tentar mudar os rumos da história, impedindo que o peru se torne um prato tradicional em festas e feriados nos Estados Unidos.
O interessante é que a história até poderia ter sido fundamentada em algo mais histórico, mas já deixam claro no letreiro inicial, que mesmo sendo em tela preta não tiveram a mesma preocupação que a maioria das animações costuma ter de fazer em formato bonitinho na nossa língua, dizendo que não teria nada ligado a história real, então o que fizeram os roteirista foi nada mais do que colocar dois perus para viajarem no tempo e tentarem mudar os hábitos do povo de comer peru nas datas festivas. Porém, o nível de divertimento do filme é muito baixo, tendo uma ou outra cena divertida dentro do contexto, tanto que as cenas que podem fazer um pouco mais o público rir, praticamente param com a história e colocam os perus maiores para fazer alguma dancinha, ou alguma rivalidade entre eles, mas sempre dando corte na história para tentar fazer o público rir, e isso é muito ruim, pois fica parecendo que viram o último corte com alguma pessoa influente, a mesma não riu de nada, foram lá e refizeram algumas cenas, colocaram no meio do recheio e pronto, da mesma forma que se fizermos um bolo e esquecemos de adoçar, é só colocar algumas pedras de açúcar no meio e fica bom, todos que já tentaram isso com certeza sabem que não dá certo. O engraçado é que o diretor Jimmy Hayward já trabalhou em animações conceituadas, não como diretor, e saberia muito bem como fazer algo bom, mas aqui conseguiu no máximo algo bem mediano que ninguém fica nem com vontade de tentar esperar a pequenina cena pós-crédito que já é totalmente iniciada no fim do filme e com certeza apareceria bem rapidamente, mas na sala pra variar só sobrou o Coelho pra ver a existência de mais uma piada fraca.
Um fator interessante de se observar logo nas primeiras cenas é que já mostram que o protagonista da história é tão insosso que já dá sono até mesmo na filhinha do presidente, e os roteiristas já implicitam isso de cara, e nessa hora que estavam escrevendo poderiam já ter visto e tentado fazer algo mais interessante para agradar ao menos o carisma dos personagens. A peruzinha com olho que se move não consegue fazer com que as meninas se assemelhem à ela, deixando mesmo a cena mais romântica fria demais. O que salva realmente dentre os personagens são os dois perus grandes, mas como falei as cenas que dão alguma diversão para os pequenos, afinal pros pais nem isso salva, são as que dançam ou se rivalizam, então ficou bem artificial. Quanto as vozes, podemos ficar felizes com o que Leandro Hassum faz pelo menos, pois consegue distinguir bem seus trejeitos de outra animação que já o consagrou, e Melhem faz boas entonações para seu peruzinho sonso. Porém poderiam ter feito piadas bem melhores na adaptação, não vi o original, mas tenho total certeza de que não ficaram tão fracas como era o programa dominical dos dois.
A cenografia do filme com cores bem vibrantes é interessante, mas faltou um pouco mais de texturas, afinal estamos acostumados que se uma boa animação vai ser colocada em 3D pelo menos podemos ter algo mais realístico, e nesse quesito, nem os personagens, nem os objetos de cena conseguem ser palpáveis nem figurativos. E falando sobre o 3D do filme, a abertura das produtoras em 2 minutos possuem muito mais efeito que o longa inteiro, tirando as boas profundidades de campo, o restante passa completamente despercebido de ter efeito, claro que se for assistir em alguma sala com a tecnologia e tirar o óculos verá muitos borrões, mas nada que seja compensador, e agora faz todo sentido que alguns cinemas nem trouxeram a cópia nas salas mais caras, já que não vale a pena pagar mais caro para ver algo que é simplório demais.
Outro detalhe que não canso de repetir é que animações são obrigadas a ter ao menos uma canção tema que entretenha o público, um fator que qualquer um sabe, mas algumas produtoras mais novas insistem em querer economizar, deixando seus filmes além de sem ritmo, sem algo que acabe ajudando a trama a ficar ao menos mais alegre.
Enfim, já falei mal demais do filme, mas caso alguém ainda tenha coragem pra pagar e ir ver o filme, economize indo numa sessão 2D pelo menos, já que é mais barata. E tirando o momento fofo de ver os perus filhotes, não recomendo praticamente nada que vá servir de diversão na sessão, o que é uma pena, pois o ano vinha somente de boas animações, e infelizmente surgiu algo pra atrapalhar uma safra excelente. Fico por aqui hoje com a única estreia realmente da semana, já que "Capitão Phillips" já conferi na pré da semana passada, e esse sim recomendo demais. Volto no Domingo com mais filmes da Itinerância da Mostra Internacional de São Paulo no SESC com o filme "Run & Jump" às 16hs então quem estiver afim só aparecer. Abraços e até lá pessoal.
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