Bwakaw

11/06/2013 11:42:00 PM |

Embora você esteja vendo um pôster desenhado, "Bwakaw" não é nenhuma animação, mas caso fosse um filme americano ao invés de filipino, conteria uma tonelada de trejeitos totalmente carregados de animação em trejeitos, já que o protagonista é um velhinho gay ranzinza. Porém o diretor soube fazer um filme tão calmo nesse sentido que se não fosse os amigos mais cheios de purpurina dele e uma cena mais polêmica, o longa poderia até passar como fora desse conteúdo. E é com sutilezas e uma fotografia tão minuciosa que o longa mais agrada, mas poderia ter um ritmo mais consistente para que as ideias fluíssem e não ficasse apenas como um pedaço da vida da pessoa contando sua rotina e algumas mudanças que ocorrem.

O filme nos mostra que René é um velhinho gay mal-humorado que vive sozinho e só tem como companhia um cachorro vira-lata chamado Bwakaw. Ele saiu do armário há apenas pouco tempo e insiste em reescrever seu testamento para redistribuir seus pertences aos “amigos”. Enquanto evita ter que lidar com o caixão que comprou em promoção anos antes e que fica no seu sítio, ele é obrigado a procurar a ajuda de outras pessoas quando Bwakaw fica doente.

A história embora seja bem simples, poderia ter sido tratada com alguma questão mais forte, pois fica apenas na questão da amizade e sendo jogado bem de leve a questão homossexualidade na velhice que nem chega a ser algo a levantar questionamentos pós-filme. Mas se tem uma coisa que o diretor foi extremamente feliz, foi nas situações que envolvessem uma comicidade maior, pois mesmo sendo reveladas logo de cara o que iria acontecer na situação, todas foram bem engraçadas. Mas aí é que entra um problema, já que o filme não é definido quanto a gênero, não podendo ser classificado como comédia, nem romance, seria mais algo como cotidiano, pois se classificarmos ele como um drama, pelo que acontece com o cachorrinho ficaria muito aberto, já que isso apenas faz parte do cotidiano do protagonista. Então se analisarmos como uma vida cotidiana representada na tela, pode ser que muitos acabem nem gostando tanto, afinal esse estilo é quase tão novelesco que acaba tornando monótono, e o filme embora tenha um ritmo bem calmo, não chega a esse ponto.

É engraçado e ao mesmo tempo assustador, olhar a filmografia de atores de alguns países, pois a quantidade de filmes que participam é gigantesca. Eddie Garcia por exemplo tem em seu humilde currículo mais de 560 filmes em 64 anos de trabalho, e o que faz aqui mostra bem que ele embora não seja muito novo, ainda atua de forma consistente e sabe demonstrar bem suas emoções, mas poderia ter mantido uma forma mais coerente de irritação, já que quando dá suas patadas soe um pouco falso. Os demais atores acabam todos sendo caricatos com o personagem que assume, e na maioria das vezes se perdem um pouco com a direção do olhar, sabendo que não devem olhar para a câmera, mas não sabem pra onde olhar, então fica bem estranho de ver quando estão em cena. O grande destaque na verdade é a cadela Princess que no filme leva o nome Bwakaw e interpreta sua dor e seus sentimentos melhor que todos os atores do filme juntos, e olha que é apenas uma vira-lata, ao invés de cães que geralmente se dão melhor com treinamentos.

Agora se tem uma coisa muito boa no filme é a direção de arte aliada com a fotografia, pois é tão nítida a imagem das cenas que junto dos elementos cênicos fica até bonito ver tudo que o diretor quer passar com cada item no cenário, seja ele a imagem do santo ou até mesmo uma mexerica bem cenográfica para dar para uma amiga. E a fotografia mesmo nas cenas mais escuras preferiu iluminar muito bem o cenário dando impressão de alegria sempre, mesmo com o protagonista estando rancoroso.

Enfim, é um filme interessante que poderia ter sido melhor aproveitado se tivessem escolhido um tema a seguir e não apenas dado continuidade na vida do protagonista e nos trajetos que ocorrem durante o momento em que se enquadra o filme. Não é um filme excelente, mas agrada no geral para quem goste de algo alternativo. Encerro aqui essa semana cinematográfica, mas na sexta já estamos de volta com a única estreia da semana que não conferi que vem para o interior, e no domingo, terça e quarta voltaremos com os filmes da Mostra. Então abraços e até sexta pessoal.


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