Que o Brasil anda produzindo uma quantidade enorme de comédias já que é o que andou dando mais público ultimamente, já ficou mais que evidente. Porém nem sempre pegar um personagem que foi um ícone em uma novela funciona bem, para relembrar basta sintonizar o fiasco de risos que foi "Giovanni Improta" nesse ano mesmo. O que acontece com "Crô - O Filme", é algo bem semelhante, onde se ri bem pouco, mas que felizmente não possui somente o protagonista engraçado, tanto que um dos coadjuvantes rouba bem mais a cena e é responsável pelos momentos mais divertidos da trama, transformando Alexandre Nero no salvador da pátria, ou melhor do filme.
O filme nos mostra que após herdar a fortuna de Tereza Cristina, Crodoalvo Valério, mais conhecido como "Crô", está cansado da vida de milionário. Decidido a encontrar uma nova musa a quem possa dedicar sua vida, ele inicia uma busca pessoal que faz com que entreviste diversas peruas. Seu objetivo é encontrar aquela que seja melhor qualificada para que ele próprio possa servir como mordomo, assim como fez com sua antiga patroa. Entretanto, após muito avaliar, acaba percebendo que sua musa ideal é justamente aquela que jamais havia imaginado.
Bom, quem não assistiu a novela "Fina Estampa" não deve nem sonhar do que se trata tudo isso, e mesmo que falem que o longa pode ser visto sem que tenha assistido um capítulo da novela, garanto que a história não é bem assim, e talvez fiquem um pouco perdido demais com a quantidade de referências que o próprio autor da novela e agora roteirista do filme Aguinaldo Silva colocou. Claro que pra quem assistiu, a diversão até é um pouco melhor, mas quem desconhece o personagem e até mesmo tudo que ocorreu para que ele tenha chego aonde começa o filme, fica parecendo um fato isolado do mundo e de difícil entendimento. Porém a grande sacada do autor foi colocar um personagem, também da novela, como ponto forte da trama no caso o Zóiudo Alexandre Nero que consegue as melhores sacadas com seu personagem sempre junto do protagonista nas situações mais inusitadas. Agora que Bruno Barreto desceu de nível monstruosamente isso é fato total, pois depois do magnífico "Flores Raras" vir pra uma comédia fraca, foi só um modo de arrecadar dinheiro pro próximo filme, pelo menos espero, pois o diretor que é conhecido pelo filme que ficou mais tempo sendo a maior bilheteria nacional, "Dona Flor e Seus Dois Maridos", vir fazer comédia desse estilo, não têm outra justificativa. Outro problema do roteiro é que o diretor não consegue se situar entre os pontos propostos, ficando falho tanto na acusação de trabalho escravo em confecções, na comédia da escolha de uma nova musa, ou nas gags homossexuais.
O melhor do filme sem dúvida alguma, mesmo que alguns personagens sejam estranhos, é as atuações que conseguem seguir uma linha boa e agradar, principalmente quem já conheça os personagens da novela. Marcelo Serrado volta afiado como Crô, e faz bons trejeitos, mas também deixando quem é contra a forma exagerada que impõe bem irritado, tanto que mesmo alguns não indo ver o filme já reclamaram da sua postura, mas que fica engraçado ver ele dessa forma fica. Alexandre Nero era um mero coadjuvante fraco na novela, que passou a ter um pouco de sucesso mais ao final da trama, porém aqui ele assume de tal forma a base para o filme que diverte sempre tentando esquivar de ser considerado namorado, mesmo que imaginário, do protagonista. Milhem Cortaz é responsável por vários dos melhores papéis do cinema nacional atual, e aqui faz algo que de longe é seu pior trabalho, andando aos solavancos e sem nenhuma perspectiva que agrade o espectador, muito menos que seja lembrado pelo personagem. Carolina Ferraz tenta querer parecer malvada, mas o máximo que consegue é ser uma personagem de novela mexicana forçada que não sabe que tipo de atitude ter. Urzula Canaviri tem seu primeiro trabalho de forma interessante, mas poderia não ter tantas caras e bocas em algumas cenas, que quase consegue uma contratação pra "Turma do Didi" se ainda existisse, com o que faz em alguns momentos. Dos demais personagens e participações, e olha que não são poucas, fica difícil eleger algum destaque, mas como Kátia Moraes pelo menos tenta, dá para rir do congela e descongela nas cenas iniciais com suas caras, e além disso é finalmente mostrado de quem é o pé final da novela.
A equipe de arte caprichou pelo menos nas duas locações principais, sim apenas duas, pois o restante são meras esquetes rápidas iniciais que nem dá para ver algum grande trabalho de preparação, mesmo sabendo que essas cenas minúsculas que costumam dar mais trabalhos para a equipe de arte. E essas duas são tão bem montadas para que o filme ficasse com glamour ao menos, que a casa de Crô é toda cheia de referências egípcias e muito bem decorada para mostrar citações à tudo que o personagem sempre falava na novela, e a fábrica parece saída de outra novela "América", onde imigrantes ilegais trabalhavam em lugares sujos como escravos, mas ainda assim temos muitos elementos visuais interessantes que servem como uma pequena crítica social.
Enfim, poderia falar muito mal do filme, afinal levei minha mãe para ver que adora uma novela e ri de qualquer coisa, e só a vi gargalhar em poucos momentos, e isso é um índice na minha opinião bem ruim. Mas como o filme é rápido e possui momentos interessantes bem feitos, até que dá para assistir. Como a novela era muito assistida, vai lotar com certeza, e se duvidar devem aparecer com "Crô 2", quem sabe melhorando algo. Fico agradecido por ter visto na pré-estreia junto do pessoal da Rádio Difusora FM 91.3Mhz de Ribeirão que pelo menos numa sala cheia, você acaba rindo mais dá risada de outras pessoas, e assim, o que poderia ser lastimável assistindo numa sexta sozinho em horário ruim como costumo fazer, acabou sendo agradável ao menos. Devido à correria da Black Friday, acabei demorando pra terminar o texto e postá-lo aqui no blog, mas ainda nessa semana teremos muitos outros filmes e consequentemente novos posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.
2 comentários:
Cara, que filmezinho ruim! O termômetro da comédia é o riso e se eu ri umas 3 vezes no filme inteiro foi muito. Pra piorar a história é um lixo e o final com o Baltazar é bizarro, pois contraria o personagem da novela!
Eduardo.
Pois é Eduardo, fraquinho fraquinho... eu não lembro muito bem da novela, pois faz muitos anos que não vejo uma inteira, não tenho mais paciência pra aguentar 9-10 meses de enrolação, mas se minha mãe não riu, em algo que ela acompanhou, pra mim já valeu pra dizer que é ruim! Abraços!
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