Nosso amado país anda aumentando os horizontes do cinema, saindo somente dos gêneros novelescos de comédia e investindo pesado em outros estilos que podem nem sempre agradar a todos, mas como já diria alguns, quem não arriscar não vai saber se vai acertar. Com isso, os diretores de "Minhocas" quiseram ir para um outro rumo ao fazer uma animação inteira em stop-motion, onde o uso da técnica ficou perfeita com tudo que foi mostrado, mas esqueceram de um pequeno detalhe: roteirizar o filme para a família e não apenas para as crianças, que é o que dita moda ultimamente, pois nenhuma criança vai ao cinema sozinha, então a linguagem acabou ficando exageradamente infantil de forma que os pais ou quem não foi ao cinema com nenhuma criança se sentiu vendo um programa do Disney Channel alongado. Não digo isso por mal, mas se explorassem uma vertente para vários públicos o longa divertiria e ainda ensinaria a garotada com todos os ditados antigos que colocaram nele.
O filme nos apresenta Júnior, uma jovem minhoca que não consegue fazer amigos, já que todos os que conhece o consideram mimado pela mãe. Disposto a provar o contrário, ele desafia um dos que o provoca para um desafio envolvendo um arriscado salto sobre um penhasco. Entretanto, antes mesmo da disputa começar, Júnior e Nico são levados para a superfície por uma escavadeira. Longe de casa e em um ambiente hostil, eles acabam encontrando o vilão Big Wig, um tatu bola que deseja transformar as minhocas em escravos.
A história em si, mesmo sendo infantilizada, é bem desenvolvida e utilizando de cantigas antigas, diálogos bem encaixados e personagens carismáticos, consegue ensinar de forma consciente um pouco sobre ecologia, amizade e sonhos para a garotada, mas como disse peca em focar somente nas crianças, deixando os pais um pouco desorientados na sala, e precisando trabalhar apenas em alguns termos que os menores não conhecem e perguntam o que é pro pai, pois do resto eles dão risada, torcem, vibram e tudo mais, como deve ser, ou seja, está completamente determinado o público alvo do filme e nada mais. A modelagem foi bem encaixada caracterizando cada personagem da melhor maneira, dando uma tridimensionalidade interessante mesmo não sendo um filme computadorizado, e nesse quesito acertaram a mão em escolher a O2 para finalizar o filme que já havia sido bem trabalhado na gravação, para dar cores e tons mais neutros que mostram um nível a mais para a trama.
Os personagens são interessantes, possuem um certo carisma bacana, mas ficou faltando um pouquinho de swing para eles, nem parece um filme feito no Brasil, não digo que queria ver eles sambando nem nada, mas alguns trejeitos estão tão duros que nem parecem querer agradar. Mas tirando esse pequeno detalhe, o protagonista tem seus momentos heroicos fofos, a mocinha quase chamou mais atenção, mas fez momento me salve, o ajudante teve seus momentos de papagaio de pirata, o vilão se mostrou cruel suficiente para odiarmos ele, mas também teve seus alívios cômicos, ou seja tudo tradicional demais. As dublagens com piadas coerentes, o nobre Anderson Silva tentando sair dos ringues foi falho não tendo tanta efetividade e por aí vai. Nada que chame muito nossa atenção, mas com uma modelagem muito bem feita, isso não podemos negar de forma alguma, o longa demonstra saber técnica ao menos.
Agora um ponto bem interessante ficou por conta do visual do longa que está caprichadíssimo em detalhes, ressaltando cada ponto de medo para uma minhoca, ou para grandes aventuras. Tudo foi minuciosamente colocado para ressaltar como se deve fazer num filme em stop-motion. Além disso, a profundidade que conseguiram alcançar sem usar nenhuma tecnologia 3D ficou bem colocada, que aliada a fotografia mais escura que escolheram deu um charme meio noir para a trama.
A trilha sonora poderia ter sido um pouco mais caprichada, mas não ficou ruim de todo não, adequando bem ao público escolhido, algumas crianças estavam até dançando ao final da sessão, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais que o longa ficaria mais divertido e bem colocado no mundo cinematográfico das animações.
Enfim, como primeira experiência no mundo stop-motion o Brasil começa bem, mas ainda longe dos grandes nomes, talvez mais alguns filmes e chegaremos num patamar interessante. Como disse, focaram em crianças abaixo dos 10 anos, e se seu filho for maior que isso talvez fale que você está infantilizando ele. Demorei um pouco para encerrar a semana devido os feriados, mas conseguimos ver tudo que veio pra cá, e hoje a noite já iniciamos com as estreias e pré-estreias dessa semana, então abraços e até breve pessoal.
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