Patrícia

1/31/2014 02:49:00 PM |

O gênero documentário é um estilo que ou você ama ele ou odeia, são raríssimos casos que a mesma pessoa que adora ver algo "irreal" vai suportar ver uma realidade impressa através de um formato onde não há uma pitada de mentira. Pois bem, quando o diretor do filme "Patrícia", Alexandre Carlomagno me falou que estava produzindo esse filme que era sobre uma personagem diferenciada e tudo mais, fiquei bem curioso para ver, mas claro que com um pé atrás, afinal sou desse estilo que não gosta de documentários onde entrevistados apenas respondem perguntas sobre elas mesmas, mas apague todo o preconceito e vá conferir o longa, pois o diretor conseguiu adequar uma proposta completamente gostosa de ser acompanhada que os 90 minutos passam tão rápido com uma personagem cativante que nos amarra para ouvir sua história contada e praticamente dirigida por ela mesma que se ela não desse a deixa e nós também soubéssemos que tem uma equipe toda ali gravando, poderíamos dizer que é apenas uma pessoa conversando conosco contando sua vida com o que vem na memória sem ser linear nem piegas, ou seja, perfeito e na medida.

O filme nos mostra as contradições de uma mulher que luta para ser vista com respeito. A busca por sua individualidade, seu controle sobre as próprias ações em uma viagem de autoconhecimento pelo interior paulista. Felicidades e tristezas, desejos e traumas dividem o dia a dia na vida de Patrícia, prostituta por profissão e por prazer que buscou e ainda busca a sabedoria por diversos meios.

O longa demora um pouco para fazer o público ligar e se conectar à proposta, pois inicialmente somos apresentados ao cotidiano da cidade ao anoitecer, a protagonista Ícia Púrpura ainda está um pouco perdida quanto ao que deve fazer, mas no momento que ela encaixa, assim como ela diz em um momento do filme que quando atende um cliente em alguns minutos de conversa já sabe como agradar fazendo somente o que ela quer, ela faz o mesmo com os espectadores do filme que não conseguem tirar o olho da tela e acompanhar tudo o que nos conta com uma naturalidade impressionante. E o grande mérito do filme é que Carlomagno optou por acompanhar ela e não se prender à perguntas fixas, o que tornou a produção impecável e convincente demais já que a personagem é maravilhosa e ímpar no seu jeito de demonstrar tudo que já viveu e suas memórias.

Claro que assim como qualquer outro filme, o longa possui alguns pequenos defeitos, como o som que poderia ser melhor, talvez possa ser da sala onde vimos, mas em algumas cenas não entendemos direito o que ela fala, então adaptamos no contexto e o filme segue. Uma ou outra cena que poderia ter sido dispensada ou reduzida, mas que não chega a atrapalhar e muito menos cansa o espectador. Então são coisas tão supérfluas comparada a riqueza de tudo que a protagonista repassa que o espectador comum que for conferir nem se atentará tanto à esses detalhes técnicos e com certeza se acolherá na história que ela nos conta.

Enfim, foi uma ótima noite de estreia para o longa que conseguiu segurar todo o grande público que foi conferir até o final. Em breve o filme deve estar disponível em muitas outras sessões e festivais pelo Brasil e com toda certeza recomendo conferir quando estiver passando em sua cidade, pois mais do que uma história local sabemos que o que o longa passa ocorre com diversas outras Patrícias afora. Fico aqui então minha recomendação para o longa e mais a noite volto com outros lançamentos dessa semana por aqui. Abraços e até mais pessoal.


1 comentários:

Anônimo disse...

Emocionante.

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