Alguns filmes baseados em livros já começam a ser apedrejados logo que nasce a possibilidade de virar um longa, outros acabam criando tanta expectativa que frustram os fãs, e outros acabam errando em detalhes tão juvenis que fica a pergunta no ar: "Porque os malditos produtores ainda insistem em fazer filmes adultos para crianças?". Essa vai ser a pergunta que vou ficar me indagando até o dia que eu esquecer de "A Menina Que Roubava Livros", pois me desculpe quem for fã do livro e estiver com expectativa monstruosa, mas a cena final principal que deveria comover, chocar, fazer lavar meio cinema, é atrapalhada completamente por uma versão Disney que quase destrói tudo de bom que o filme produziu durante 2 horas nos 15 minutos finais.
O filme acompanha a história de Liesel Meminger que durante a Segunda Guerra Mundial, Liesel e seu irmão são deixados pelos pais e adotados por um casal. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. Ela aprende a ler com o incentivo de sua nova família e Max, um judeu refugiado que eles escondem baixo às escada. Para Liesel e Max, o poder das palavras e da imaginação se transformam em escape dos tumultuosos eventos que acontecem ao seu redor. Em meio ao caos, a jovem encontra refúgio na literatura para sobreviver. Ajudada por seu pai adotivo, ela passa a roubar livros e descobrir neles a esperança perdida durante a guerra.
Falar de um roteiro adaptado é sempre complicado, pois raramente irão conseguir passar toda a essência de um livro que é best-seller de diversas páginas em um longa de pouco mais de duas horas que fique agradável e em sintonia com o que o diretor vai querer passar. Não sou do estilo que gosta de narrações, mas como aqui tiveram poucas cenas que necessitaram ser colocadas e agradou bem o mote que foi usado, pois alguns fãs temiam o motivo da voz fosse colocado em prática como sendo alguém físico, o que talvez estragasse a história. Agora creio eu que não posso culpar o diretor Brian Percival pelas cagadas finais, pois assim como o estúdio fez em "As Aventuras de Pi" todo o processo de morte é tratado com uma singeleza e não de forma impactante, mas aqui por ser um longa que envolve guerra, nazismo, tudo de tão forte que tivemos historicamente, poderiam ter colocado um pouco mais de sangue na trama, fazer sangue artificial é baratinho e não aumentaria tanto o orçamento. Ok, queriam que a classificação indicativa fosse menor, já que o livro tecnicamente incentiva a leitura, então crianças as vezes podem ver e se interessar pela literatura, então vamos mostrar algo mais leve, mas me desculpem após o que ocorre no fim, as pessoas saírem quase sorrindo e com as roupas intactas e quase limpas, é demais pra cabeça desse Coelho, e o que deveria fazer emocionar, lavar o cinema, me deixou apenas bravo. Outro fator menos incômodo, mas crucial para que o longa tenha sido depenado nos EUA e quase nem entra em nenhuma indicação à prêmios foi de ser uma produção americana, mas que se passa inteiramente na Alemanha na época onde os americanos eram odiados, ou seja, como o filme é falado em inglês quase 90%, quem foi o maluco que autorizou isso? Ficaria extremamente mais bonito colocar atores desconhecidos falando alemão que acabaria melhor.
E nem seria tão difícil fazer isso que citei, afinal o elenco principal é composto basicamente por 5 pessoas mais o narrador, tanto que o restante até fala mais alemão nas cenas secundárias, o que custaria então pegar 5 bons atores alemães e mandar ver? Mas felizmente para compensar isso, colocaram uma garotinha que mandou extremamente bem na interpretação e em todos os momentos que necessitasse um olhar diferenciado, uma voz mais pontuada, estava lá Sophie Nélisse pronta para agradar e mostrar que tem personalidade suficiente para ser colocada como protagonista. Geoffrey Rush conseguiu um feito de ganhar o prêmio de fofo do ano já em janeiro, sendo carinhoso, jeitoso e tudo mais possível para que as pessoas se entreguem à tudo que o velhinho propõe para a garotinha, uma atuação na medida que o ator soube incorporar para agradar. Emily Watson soube fazer um personagem forte com personalidade e ao mesmo tempo muitos acabam odiando ela no início acabam abraçando-a mais pra frente, ou seja, soube trabalhar a personagem na medida certa. O garoto Nico Liersch pelo contrário deve ter trabalhado muito para falar um inglês com pouco sotaque já que a maioria dos seus filmes são alemães, mas esse não foi um empecilho e o jovem soube agradar bem com seu semblante agradável e uma interpretação carismática, um pouco chata no início, mas que nos afeiçoou. Ben Schnetzer agradou principalmente no que condiz com seus diálogos, pois ficaram bem colocados, o ator soube pontuar junto de uma interpretação doente e com isso mostrou bem para que foi colocado. Os demais personagens apenas servem como ligação, e alguns até poderiam ter trabalhado um pouco mais, mas acredito que tiveram suas cenas mais cortadas, e quem se enquadra bem nisso é Barbara Auer que faz Isa a esposa do prefeito e teria uma participação bem melhor se tivesse mais cenas.
A cenografia do longa está excelente, tudo maravilhosamente bem encaixado com a época em que se passa o filme, tendo as casas bem pobres cheias de elementos cênicos para qualquer diretor de arte se deleitar com o que vê enquadrado. Os figurinos usados encaixaram muito bem também e tudo ia muito bem até esquecerem de ao menos sujarem as pessoas mais na cena final, já que a produção com certeza esqueceu o sangue em Hollywood ao viajar para a Alemanha pra filmar. A fotografia trabalhou usando um filtro marrom para junto da cenografia envelhecer bem o longa e deixar datado na época correta e com isso, souberam trabalhar as cenas escuras com uma iluminação agradável sem que soasse falso demais, além claro das belas cenas na neve que quer me agradar coloca filme na neve.
A trilha de John Williams está novamente bem pontuada para a trama de forma a irmos andando junto com ela no longa e engatando cada cena como se fosse um novo fim, gosto muito desse estilo dele, mas está um pouco já batida demais em tudo que anda fazendo. Como foi a única indicação do filme para tentar ganhar o Oscar, acho que pode ser que a Academia faça alguma graça, principalmente agora depois que uma das trilhas que concorriam foi desclassificada, é aguardar pra ver.
Enfim, é um ótimo filme que conseguiu ser estragado aos 45 do segundo tempo, típico daqueles jogos de final de campeonato que o goleiro do time que está ganhando resolve sair jogando a bola com os pés na frente da grande área e toma o gol, e o time inteiro não sabe o que fazer pra tentar ganhar ainda. Ou seja, poderia ser um filmaço daqueles que você lava o cinema de tanto chorar, não sabe se aplaude ou vibra, mas ficou sendo apenas mais um no meio da multidão, que os fãs vão reclamar, os críticos estão reclamando e que dentro de alguns meses nem lembraremos que fizeram um filme do grande livro que é. É isso pessoal, fico por aqui agora, desculpem a demora em postar a crítica, pois se colocasse ontem mesmo assim que acabei de ver com a raiva que eu estava do final do filme, provavelmente daria nota 0 para ele e acharia tudo ruim, mas fui relevando e cheguei à tudo que escrevi aqui. Recomendo ele pelo visual da trama, mas vá preparado para ver um filme morno no melhor estilo Disney de retratar mortes e tragédias, ou seja, sem sangue e com pessoas sorridentes. Volto amanhã cedo com a crítica do que verei hoje no fim da noite, então abraços e até breve pessoal.
5 comentários:
Belíssimo filme! A adaptação é muito boa e os atores souberam retratar muito bem seus personagens. Discordo de que o fim foi ruim. Foi triste e comoveu as pessoas, principalmente na morte do garotinho. Enfim, super recomendo.
Olá amigo, como estava discutindo com outro amigo em outro post, cada um tem um gosto pessoal, e infelizmente aqui houve um erro grotesco, se as pessoas tivessem morrido de causa natural, concordaria plenamente com a forma que foram encontrados todos bonitinhos e tal, mas o narrador fala que eles não ouviram o soar do ataque antiaereo naquela noite, as casas ficaram em ruínas totalmente, então como uma pessoa sai sem nenhum arranhão sequer, apenas parecendo que está dormindo. Concordo que o cinema é uma mentira gigante para que acreditemos ou não no que vemos, mas aí é abusar da boa capacidade que temos de pensar também. Não deixo de recomendar o filme apenas por isso, é um filme muito bonito, mas que pecou por não se ater a uma verdade simples de como as pessoas morrem de acordo com a morte escolhida. Abraços!
Para mim foi um aborto total... descarado...um lixo, tao superficial quanto uma colher de chá... fiquei revoltada num nivel que minha ira quase me tirou do cinema, os autores do filme resolveram fazer um coco e foi um coco, trocaram ordens de fatos, e principalmente, coisas importantes foram apenas passadas como manteiga no pao, me pergunto se leram o livro antes de fazer isso com ele... em memoria a personagens lindos que ficaram para traz como Max, Hans e Rosa.
Faço questão de me solidarizar com vc, Fernando, pela frustração com o final do filme. Tive a mesma sensação de tudo o que havia de bem feito nele ter sido jogado na lata do lixo. Minha sensação no momento foi "Pronto, acabaram com o filme!"
Ufa pelo menos não foi só a minha pessoa que ficou tão revoltado com o filme... pois já ouvi de alguns amigos que fiquei louco, então agora com mais pessoas fazendo coro pelo menos fico mais feliz!! Abraços Iara e Anonimo!
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