Algumas pessoas ficam perguntando o porquê alguns diretores escolhem temas polêmicos para trabalhar e a resposta é bem simples de mostrar com o filme "Azul é a Cor Mais Quente" que segue toda a estrutura tradicional dos dramas comuns franceses, mas optou por trabalhar um romance lésbico que fez com que o filme levasse a Palma de Ouro de Cannes, pois se fosse um casal heterossexual não seria nem lembrado que estreou nos cinemas de tão simples que é a história, embora seja bem produzida e desenvolvida a história colocando elementos de problemas de se trabalhar com arte e tudo mais.
O filme nos mostra que Adèle é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma, sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.
O trabalho do diretor Abdellatif Kechiche é mostrado com segurança pelas atrizes protagonistas que se encorajaram a fazer tudo o que rola em cena e poderia até ser mais simples se tirassem, na minha opinião, as longas e desnecessárias cenas de sexo, pois todo mundo saberia o que acontecia sem a necessidade real de ser mostrado o ato intenso das protagonistas. Por outro lado, esses momentos serviram para mostrar a confidencialidade das duas e mostrar que mesmo entre casais homossexuais existem as brigas, as discussões e tudo mais que acontece no dia a dia dos casais tradicionais e com isso o diretor acertou bem a mão. Outro fator que ele soube trabalhar bem foi com o preconceito de pessoas que trabalham no ramo artístico, visto que os pais de Adèle perguntam com grande ênfase com o que ela trabalha para conseguir dinheiro, enquanto a arte ficaria apenas como hobbie, e nas cenas seguintes ele demonstra ainda mais vezes que isso acaba atrapalhando muitas vidas. Um detalhe técnico que pesou contra também na trama é que temos praticamente 3 visíveis passagens de tempo e elas ocorrem sem nenhum fade, nem nenhuma indicação, tanto que a mudança dos 15 para 18 anos de Adèle até nos assusta, pois ela acabara de transar com Emma, chega em casa, entra pela porta procurando a mãe e já é seu aniversário de 18 anos, levei um susto para tentar entender isso e logo mais pra frente a passagem de mais 3 anos é citada pelo menos pelas protagonistas, mas não aparentam tanto somente mudando alguns cortes de cabelo.
As jovens atrizes que já estão despontando muito bem tanto no cenário francês quanto no mundial souberam dominar sua interpretação na medida para usar de artifícios cênicos em suas faces e demonstrar toda as expressões possíveis que queriam passar, além claro da pressão da nudez e das cenas mais fortes. Adèle Exarchopoulos é uma atriz muito versátil no quesito expressivo e seus momentos oscilam muito agradando com o que faz em cena tento muita variedade tanto para felicidade como para os momentos mais emocionantes. Léa Seydoux faz muito bem sua posição no filme de forma que alguns momentos até pareça ser mais um homem do que uma mulher realmente e age muito bem em todos os sentidos com suas expressões fortes e semblante respectivos. Dos demais atores todos praticamente aparecem apenas para provocar alguma reação nas protagonistas e são bem coadjuvantes mesmo, não tendo o porque destacar praticamente nenhum outro ator.
A trama conta com cenários bem diversificados para mostrar tanto a relação afetiva das duas jovens, como por todos os lugares que passam, desde a escola onde Adèle estudava, a casa de ambas as garotas, algumas exposições de arte e a escolinha infantil onde Adèle vai lecionar, todas contando com diversos elementos no cenário tanto para retratar o momento que está acontencendo quanto para trabalhar a lógica da história. Mas sem dúvida alguma a grande beleza do filme está no lugar de encontro das duas que é repetido mais algumas vezes sob uma árvore muito bela que aliada a fotografia de fundo de um céu alaranjado contrastando com tudo ao redor, ficou de uma beleza ímpar de se ver na tela num filme dramático, se o longa inteiro se passasse ali não cansaríamos de olhar um segundo sequer.
Enfim, é um filme simples, artisticamente bonito e que como disse e repito não passaria nem nas portas dos cinemas se fosse com um casal comum, mas como são lésbicas acabou levando grandes premiações. É um filme bem longo, afinal o nome original é A Vida de Adèle Capítulos 1 e 2, ou seja, seria algo que provavelmente passaria em 2 filmes, então quem não curtir um filme bem alongado é capaz de dormir nas poltronas confortáveis onde está passando o filme. E é isso, recomendo apenas para quem quiser ver como é um sexo lésbico, já que optaram por mostrar a fundo as cenas com quase 15 minutos de duração, e quem quiser ver que as reações humanas de ciúmes, preconceito e tudo mais podem acontecer com qualquer tipo de casal. Fico por aqui agora, mas hoje ainda irei conferir mais uma das estreias por aqui, então abraços e até breve pessoal.
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