Acho divertido quando anunciam que um filme está sendo feito e as pessoas já colocam ele como algo que chamará todas as atenções, irá ganhar prêmios e mais prêmios, e quando é lançado acaba quase sendo engolido por filmes menores e desaparece diante das expectativas e das possibilidades de ganhar qualquer coisa. Descobrir o segredo de acontecer isso nem sempre é uma tarefa fácil, já que o filme pode ser queimado por críticos, pelos atores ou até mesmo pela própria concepção que um diretor escolha, e aqui em "Caçadores de Obras-Primas", a responsabilidade pode ser jogada completamente no diretor e roteirista George Clooney por transformar um assunto sério em algo cômico com inúmeros personagens que acabam nem sendo desenvolvidos, muito menos o filme.
O filme que é baseado nos fatos reais de uma das maiores caças ao tesouro da história nos conta a aventura de um pelotão da Segunda Guerra Mundial, liderado por FDR, em direção à Alemanha para recuperar obras de arte roubadas por ladrões nazistas e devolvê-las aos seus verdadeiros donos. Seria uma missão impossível: com as peças presas em território inimigo, e os alemães com ordens de destruir tudo, como este grupo de sete diretores de museus, curadores e historiadores de arte, mais familiarizados com Michelangelo que com uma M-1 poderiam ter êxito? Os Caçadores de Obras-Primas, como são chamados, se encontrarão em uma corrida contra o tempo para evitar a destruição de 1000 anos de cultura e eles arriscarão suas vidas para proteger e defender as maiores conquistas da humanidade.
A História dependeu muito do processo que ocorreu dentro do que foi essa caça na época da Segunda Guerra, e só de imaginar tudo que a produção necessitou fazer para que a história saísse do papel já é algo aterrorizador, pois existem milhares de elementos para se pensar e manter a diretriz artística dentro dos padrões aceitáveis pelo público. Com isso em mente, George Clooney já sabia da árdua tarefa que encontraria para recriar a história de forma condizente e que agradasse à todos, mas optou por algo mais tranquilo e cômico ao invés de trabalhar toda a dramaticidade que o tema pediria. Além disso, o diretor conduziu um excesso de protagonistas que acabaram por não se desenvolver como deveriam e apenas entraram em cena para participar.
Falando do quesito atuação, George Clooney como ator está cada vez mais coadjuvante demais e se sua ideia de virar um Woody Allen ou Clint Eastwood ainda estiver de pé, logo mais irá começar com produções menores para aparecer sempre e trabalhar pouco na expressividade que conhecíamos tão bem em sua face. Matt Damon ao mesmo tempo que aparenta ser um dos personagens mais marcantes, com sua ida para fora do front numa história mais paralela acabou ficando um pouco estranho para o que poderia fazer, mas ainda assim trabalhou bem nas expressões que faz e agrada em sua relação com Cate. Cate Blanchett muitos irão dizer que estou louco, mas prefiro sua atuação aqui do que no filme que no que está ganhando tudo, pois pareceu muito mais verossímil como uma curadora de arte para Hitler sendo humana aqui, botando trejeitos humanos reais do que como uma maluca que qualquer uma faria, então gostei muito do que fez aqui. Bob Balaban é destaque cômico por tudo que consegue fazer, nos divertindo ora seja com seu humor peculiar incorporado nas falas, ora com seus trejeitos, então é um personagem que se tivesse sido mais trabalhado até seria melhor para o filme. Hugh Bonneville faz um dos textos mais comoventes para o estilo e agrada por esse detalhe, talvez poderia ter sido mais trabalhado alguns dos seus momentos, mas soube compensar pelo que mostrou. Dos demais, todos fazem alguma coisa interessante para a trama, mas raramente se destacam por algo, tendo apenas que observar alguns momentos que Jean Dujardin finalmente tenta aparecer para as telas, mas não é tão feliz no que faz.
O ponto forte da trama está na equipe de arte que foi minuciosa em detalhes bem ricos, afinal estamos falando de muitas obras de arte para aparecer num único filme e claro que não poderiam esquecer de retratar tudo muito bem, afinal pode ser que algum crítico de arte assista o longa. Mas valeu a pena cada elemento colocado para dar um charme a mais, tendo em cada momento um detalhe para ser valorizado e olhado com bons olhos, mas também acabaram surgindo em tela apenas para ser caçado, pois tirando a Madona que tanto almejam encontrar, mais nenhum acaba sendo usado afinco pela equipe. A fotografia trabalhou com um tom mais escuro para tentar colocar o filme como épico e devido aos lugares que foram para buscar as obras, mas poderiam ter usado algo mais puxado para o marrom e não tanto para o preto que ficaria mais clássico.
Enfim, não é um filme genial que deveria ser e poderia deixar todos extremamente felizes, mas diverte e entretêm quem quiser ir ao cinema conferir uma história interessante ao menos. Vale como uma comédia mais inteligente diferente das românticas que ultimamente andam aparecendo. Talvez se tirassem todo o ar cômico da trama o filme ficasse mais interessante pela história, mas acho que ficaria bobo demais com os protagonistas sendo sérios. Bem é isso, fico por aqui nessa semana que infelizmente mais uma vez fomos boicotados pelas distribuidoras no interior, e torcendo para que terça receba uma programação mais recheada para a próxima semana. Então abraços e até breve pessoal.
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