Existem alguns filmes clássicos que quando surge a palavra remake já começam um tiroteio tão grande que se você não utilizar colete a prova de balas e cuspes é capaz de sair morto ou de bala ou afogado com o tanto que falam do filme, e quando colocaram "Robocop" na pauta dos que seriam refeitos, pudemos ouvir de tudo que se possa imaginar. Mas a preocupação só tinha início e piorou mais ainda quando colocaram o nome de um brasileiro no meio, ai tiveram críticos americanos que se prepararam o suicídio como alternativa para não assistirem a isso, e os críticos brasileiros já não sabiam mais o que falar, se reclamavam ou preparavam o terreno para elogiar o filme mesmo que fosse uma droga. Pois bem, como Coelho é imparcial nessas brigas de críticos com nome, vou preferir manter minha opinião que já havia dito para alguns amigos que consideraria o novo filme mais como uma homenagem que foi feita baseada na história original, mas que se utilizasse outro nome aí atacariam como uma cópia barata do filme, e utilizando o mesmo nome ainda ganhou um merchandising gratuito por todo o alvoroço que causou, assim como aconteceu com "Karate Kid". Claro que após assistir esse é inúmeras vezes melhor que esse outro "remake" que citei, mas não seria necessário colocar um diretor brasileiro para fazer um filme de ação básico que qualquer outro faria igual, nos resta saber agora qual história do Capitão Nascimento o diretor doou para eles para ser colocado na direção do longa, afinal em breve teremos outro diretor nacional que também caiu no conto do vigário.
O filme nos situa no ano 2028 e o conglomerado multinacional OmniCorp está no centro da tecnologia robótica. No exterior, seus drones têm sido usados para fins militares há anos, mas na América, seu uso foi proibido para a aplicação da lei. Agora a OmniCorp quer trazer sua controversa tecnologia para casa, e buscam uma oportunidade de ouro para fazer isso. Quando Alex Murphy, um marido e pai amoroso, e um bom policial que faz seu melhor para conter a onda de crime e corrupção em Detroit, é gravemente ferido no cumprimento do dever, a OmniCorp vê sua chance para criar um oficial de polícia parte homem, parte robô. A OmniCorp prevê a implantação de um Robocop em cada cidade para assim gerar ainda mais bilhões para seus acionistas, mas eles não contavam com um fator: ainda há um homem dentro da máquina.
O problema do longa já se encontra na própria sinopse: um marido e pai amoroso, pois podemos até dizer que os grandões resolveram tirar a parte sentimentalista da história com os cortes que fizeram, afinal uma cena de no máximo 5 minutos não daria pra representar isso nem em um curta-metragem, quanto mais num longa, mas a verdade está que José Padilha não tem esse dom de fazer ligações amorosas familiares com seus protagonistas, basta tentar encontrar qualquer sentimentalismo nas cenas forçadas de Wagner Moura com seu filho em "Tropa de Elite 2". Daí que ou eliminassem qualquer característica de tentativa influenciável da família no filme, colocando o robô com outros ares ou pegassem algum diretor mais trabalhado nesse quesito, no caso Aronofsky que chegou a ser cotado inicialmente, que conseguiria enxertar as ideias de forma mais concisas e assim sendo não teria tantas cenas iniciais removidas do filme. Porém se esquecermos desse detalhe e entrarmos em outro vértice, Padilha colocou o seu lado melhor para a trama ao desenvolver o personagem de Samuel L. Jackson da mesma maneira televisiva politizada que fez com André Mattos em Tropa, de forma que as cenas do programa de Novak é quase o melhor do filme se tirarmos algumas boas cenas de ação. Também não podemos crucificar o diretor, afinal como ele mesmo disse fazer filme lá fora tem gente demais opinando em cima do diretor, então vamos considerar como uma homenagem bem feita pelo nível técnico de ação colocado, já que na época do original só tivemos o básico de efeitos, com cenas bem trabalhadas e agradáveis de ver, mas que está bem longe de ser um filmaço.
No quesito de atuação o grande destaque mesmo nem é para o protagonista, mas sim para Samuel L. Jackson que faz um apresentador de TV muito bem encaixado que trabalha a política de forma coerente e com um cinismo monstruoso, se já tinha ficado fã com as cenas do início, no miolo apaixonei e no fim destruiu de tão bom que foi, um grande nome em um papel certo. Joel Kinnaman poderia ter trabalhado mais sua expressividade, pois mesmo sendo um robô, a única coisa que sobrou originalmente humana é sua face, e ela não necessitava ser robótica, então há certos momentos que parece que o ator não queria o papel. Michael Keaton agrada por parecer pensar sempre muito rápido dando uma característica interessante pro personagem, mas seu nível de vilania não chegou no máximo que poderia atingir para agradar mais. Jackie Earle Haley até agrada nos seus momentos, mas são tão poucos que nem dá pra vibrar muito com suas maldades. Gary Oldman é outro que tenta dar seu máximo para suas cenas, e até consegue nas suas últimas cenas mostrar porque é um ator expressivo, mas no miolo deixa um pouco a desejar. Agora as grandes decepções ficaram para o drama familiar com Abbie Cornish e John Paul Ruttan que pareceram dois enfeites.
O visual da trama está bem encaixada, colocando coisas futuristas, mas sem ser loucura igual costumam fazer com coisas absurdas demais, além de ter poucos elementos cênicos que chamem a atenção pra si. Porém como disse no quesito produtivo, o diretor teve em suas mãos uma boa quantidade de efeitos especiais que nem em sonho daria para fazer nos anos 80 e com isso agrada bem com o que propõe fazer. A fotografia trabalhou bem no escuro e as cores vermelhas acabaram bem destacadas na ação, mas já que temos um filme tecnicamente violento poderia ter abusado até mais de sangue nos tiroteios e não somente em algumas cenas.
Enfim, é um filme que se olhado apenas como uma diversão se assiste tranquilamente sem reclamar muito e aliado de bons elementos técnicos até agrada, mas está bem longe de ser algo que possamos guardar em nossas mentes como um filmaço. Poderia ter sido bem pior se tivessem tentado fazer o remake exatamente imitando tudo, mas felizmente souberam dosar bons momentos do antigo com muita coisa nova, praticamente sendo um novo filme. Então quem quiser ver ele por ser um brasileiro fazendo algo americanizado como apenas um filme interessante de caça à bandidos fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas como disse essa semana está bem cheia, então abraços e até breve com mais posts.
5 comentários:
Citou pouco o filme de 87... eu fiquei assustado quando falaram do Padilha, fiquei mais triste quando vi que o robocop iria ser pintado de preto, Fui descrente, quase matando o Padilha. MAS o filme agradou em outros aspectos, achei que a crítica ao modo de viver dos americanos não seria citada, aquelas cenas do ( eu paguei 1 dolar), faziam sátiras muito boas, ao modo de vida deles, achei que a crítica do robocop atual, não existiria, mas a crítica do falando jeito que a mídia usa, todas as brechas possiveis, pra manipulação, foi muito boa, se vc vê o que o Padilha fez, não foi apenas um remake bobo, e sem conteudo, ele estragou completamente o filme, nas ações, tinham falhas absurdas, como robos de 2028 não terem visão de calor no começo do filme e homens bombas, conseguirem causar tanto. Cenas de ação completamente sem sentido. porém o que eu achei que me desagradaria, era que ele faria um filme completamente sem conteudo, e nao foi, foi um filme muito bom. e ouvi críticas, falando do final do filme, que Padilha ficou em cima do muro, e não, se prestarem atenção, ele fechou tudo que teria pra fechar.
Vi esse filme no ultimo sabado no cinepolis iguatemi ribeirao aproveitei pra conhecer a sala macro do cinepolis, aprovei bom cinema apesar de ainda nao ter a melhor imagen do cinema de primeiro mundo mas ta de bom tamanho ao lado do uci ribeirao shopping sao os melhores de ribeirao ja que o cinemark nunca me agradou muito menos o cinepolis santa ursula, a respeito do filme achei fraco nada de empolgante prefiro a versao original do robocop,en fim é isso ai valeu.
" melhor imagen do cinema de primeiro mundo "????
Olá amigo, não acho necessário ficar citando o filme anterior, apenas colocar algo que já deixasse claro a existência já estaria valendo muito! Padilha dificilmente fica em cima do muro, mas que ele não estava acostumado com a influência dos produtores que mandam mais no filme lá que os diretores isso ele assustou um pouco sim! No geral o filme foi melhor do que esperava e não matou o nome que o original consolidou, então nesse quesito valeu a pena. Abraços.
Fernando, assim como o outro amigo anônimo também não entendi seu comentário de imagem de cinema de primeiro mundo, pois gosto muito da sala MacroXE e sinto que ela não deixa nada a desejar para a Imax de São Paulo. Claro que por Robocop ser em formato wide, a tela dá uma reduzida, mas não sei até que ponto você esperava mais. Abraços!
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