É interessante ver como o público já acostumou com a palhaçada de filmes divididos em mais de uma parte que demora meses para ser lançado, sendo que foi tudo filmado junto. Quando falei na semana passada que "Ninfomaníaca - Volume 2" já estrearia, muitos assustaram falando: "Nossa nem vi o primeiro filme, já tem em DVD?", mas acho o correto, pois se já está gravado, editado e tudo mais, para que ficar esperando 1 ano para que o público até esqueça o que aconteceu anteriormente. E a grande sacada, ou não já que na ideologia do diretor o longa era um só, da distribuidora foi que o filme necessita ser visto como obra única, então quanto menos esperar tempo melhor, pois nenhuma parte sobrevive sozinha, sendo apresentado tudo no primeiro volume e fechado no segundo. Mas aí entra um grande problema, pois como obra toda, o filme acaba sendo interessante, digerível, enquanto que quem for novamente esperando algo mais forte pelo trailer que passa logo que acaba o primeiro filme, com certeza novamente sairá da sala bem decepcionado com o que verá nessa parte 2, já que as metáforas e associações que tanto foram interessantíssimas no primeiro filme, começam a cansar, já que os protagonistas estão cansados afinal contar uma vida inteira numa noite é bem cansativo.
É meio difícil colocar uma sinopse para o volume 2, já que é continuação direta do primeiro filme, que você pode ler o que escrevi aqui: http://www.coelhonocinema.com.br/2014/01/ninfomaniaca-volume-1.html então não irei repetir o texto apenas frisando que não é possível assistir esse sem ver o primeiro, mas diferente de vários colegas críticos, como foi dividido, irei analisar somente essa segunda parte sozinha.
Como disse no início do texto, a segunda parte caracteriza tão fortemente o cansaço dos protagonistas que já estão há horas conversando sobre as aventuras sexuais de Joe, e colocando conotações em tudo, aqui ainda continuamos da mesma forma, mas sem o mesmo brilhantismo inicial e com personagens menos contundentes para a trama. Claro que o que estamos assistindo é 80% somente do filme original, já que foi tesourado 1 hora do total real de 5 horas que o filme editado ficou, então os momentos que poderiam causar qualquer burburinho foram todos por água abaixo, não que não seja mostrado partes íntimas e sexo, mas se no primeiro já foi bem pouco, aqui quase evapora, tendo apenas como cenas mais fortes os momentos com K. Lars amarra bem sua história, e quem tiver a oportunidade de assistir o primeiro junto com o segundo em seguida, é capaz de gostar bem mais do que verá, mas se passar muito tempo, o risco é talvez da decepção tomar conta devido à expectativa que o trailer que passa ao final do primeiro causa.
Os personagens novos inseridos são bem interpretados e acabam sendo até mais interessante vê-los do que a protagonista que agora fica quase 100% em Charlotte Gainsbourg, pois ela como uma boa narradora de fatos é interessante, mas suas expressões sexuais soam tão falsas quanto as dublês de corpo foram pra ela no filme, acredito que seria mais fácil colocar a jovem Stacy Martin envelhecida fazendo as cenas que agradariam mais. Jamie Bell chega a ser até ríspido em sua postura, já deixando claro na fala inicial que não vai ter piedade e muito menos ficar nu em cena, e em momento algum vemos ele sair de seu personagem com uma atuação perfeita. Willem Dafoe também agrada nos seus poucos momentos cabendo a ele algo mais como uma participação especial, mas agrada sempre por fazer as mesmas expressões que sabemos o que quer, não cabendo nunca algum personagem boa pinta para o ator. Mia Goth consegue surpreender em seus momentos, e é notável a quantidade de cenas suas que foram cortadas, pois de repente ela tá de um jeito, logo em seguida está de outro, e se somente com isso conseguiu agradar, talvez com tudo deve ter mostrado algo do mesmo nível que Stacy. Stellan Skarsgård continua como um bom ouvinte colocando apenas algumas pitadas de leve na história, mas seu final vai completamente contrário com o que inicia dizendo logo no começo da segunda parte, então acaba sendo a falha mais grave do longa que faz parecer que ou o diretor quis brincar com o público ou esqueceu que tinha escrito tudo o que foi lançado.
O visual continua bem harmônico e condiz com o ambiente em que a personagem vive, então não espere ver mesmo nas cenas mais bonitinhas, como são as com o bebê, ver um lugar todo limpinho e encantador, afinal sua história não é encantadora. E a equipe de arte se envolveu com minúcias para detalhar cada elemento que passa a ser importante nesse segundo filme continuando da mesma linguagem que vimos no primeiro, afinal repito, o longa é um só, mas que foi dividido por razões comerciais. A fotografia trabalha nas novas cenas em ângulos mais tradicionais, fugindo um pouco do excesso de foco nas partes que o primeiro tentou colocar, mas nem por isso não temos alguns planos bem bonitos, como nas cenas da montanha.
Enfim, a segunda parte foi boa para dar um fechamento, descobrirmos como a protagonista foi parar inicialmente no beco, indo completamente contra tudo que muitos imaginaram, dá boas lições do mundo machista que vivemos, e faz uma finalização estranha, mas tradicional de Lars, que não faz nada comum, então continuou sendo ele mesmo. Repito, que o filme não pode ser visto separadamente, então quem não estiver com a lembrança boa do que viu em janeiro, reveja a primeira parte para a decepção do que verá nesse segundo não ser ainda maior e dormirem nas poltronas confortáveis dos cinemas. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda temos muitos filmes para conferir, então abraços e até breve pessoal.
PS: Para fechar a nota do primeiro foi 8, com 5 desse, analisando o filme no geral ficamos com 6,5 e arredondando no geral o longa completo vale um 7 já que prometeu demais e acabou passando nos cinemas de menos.
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