Fazia tempo que Hollywood não investia pesado em épicos, mas esse ano já está parecendo que resolveram abrir os cofres para grandes gastos. E com "Noé", o diretor Darren Aronofsky sai de um longa que quase não usou efeitos especiais para algo onde fica praticamente difícil enxergar algo que não seja digital, mas longe de ser algo ruim, ele soube trabalhar muito bem a história que mesmo que não tenha muito a ver com a história realmente contada na Bíblia, não serei a pessoa mais apta para falar o que está escrito ou não, o longa como ficção funciona perfeitamente e agrada demais como uma produção grandiosa para uma história grandiosa.
O filme nos mostra que Noé vive com a esposa Naameh e os filhos Sem, Cam e Jafé em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém. Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila, que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.
O interessante do filme é que mesmo ele sendo grandioso em todos os sentidos, não deixaram que ele ficasse sem uma boa história pra contar, e praticamente mostra tudo que gostaríamos de saber, principalmente quem não leu a história na Bíblia, colocando alguns elementos malucos no meio, mas dando consistência e explicação para todos os fatos que foram incluídos. Além disso, Aronofsky trabalhou as passagens mais densas e profundas de uma maneira que em um outro filme eu arrumei confusão com diversos críticos por odiar, mas aqui funcionou tão bem com a câmera acelerada mostrando paisagens que tudo toma um sentido mais interessante ainda de ver. Agora se tem uma coisa que o diretor trabalhou muito bem também foi a parte interpretativa dos atores, colocando todos para dar seu máximo em todas as cenas e o melhor de tudo, não deixando de lado nem os coadjuvantes menores, fazendo com que todos sofressem duramente em cada ato para que o longa eximisse expressão em cada detalhe.
Falar de Russell Crowe é moleza, pois o ator trabalha sempre seus personagens na velocidade máxima e coloca emoção em tudo que faz, e aqui não foi diferente com cada ato envelhecendo com a maquiagem e trabalhando mais ainda na expressividade dos seus textos, até culminar nas 3 últimas cenas que foram uma melhor que a outra. Jennifer Connelly faz um papel sofrido, mas que poderia ter sido extremamente melhor se tivessem envelhecido ela também, pois ficou parecendo que naquela época já existia produtos rejuvenescedores, já que o homem ficou super velhão com o passar dos anos e ela inteirona, porém tirando isso suas cenas fortes estão na medida correta da emoção para nem ficarem exageradas demais nem falsas demais. Logan Lerman vem se consolidando como um ótimo ator e seus trejeitos começam a dar resultado, claro que aqui só quem leu muito sobre o filme irá reconhecer o jovem, pois fisicamente está muito diferente dos demais filmes que já vimos e com uma interpretação mais consistente ficou outro ator. Douglas Booth poderia ter sido mais efetivo em alguns momentos, ficando mais evidente sua participação interpretativa mais para o final do longa, e no momento que resolve demonstrar tudo o que poderia fazer, o jovem é barrado pelo vilão. Anthony Hopkins é sempre aquele ator que mesmo que tiver apenas 3 diálogos vai fazer eles de forma tão consistente que quase chama o longa de seu, e aqui ele está perfeito com os diálogos pausados e agradavelmente colocados com a expressividade necessária para o momento. Vou arranjar confusão com alguns fãs, mas Emma Watson será talvez uma excelente atriz futuramente, mas ainda precisa de muitas aulas pra chegar em um nível aceitável de expressão facial, tanto que há várias cenas no filme que ela dá umas entortadas na boca que ficamos pensando porque raios ela está fazendo aquilo, mas também conseguiu algumas cenas mais dialogadas encaixar o tempo correto para agradar. Outro que vale a pena destacar é Ray Winstone que faz um vilão na medida para ser odiado pelo público e que puxou a interpretação para si de forma a não lembrar nenhum outro personagem que já tenha feito.
Como sempre repito, filme épico o que manda é uma direção de arte bem produzida, e aqui não faltou nada que pudéssemos pontuar, desde o cenário gigantesco para ser construída uma réplica em tamanho bem grande da arca para as cenas envolvendo pessoas junto do elemento cênico até os demais itens computadorizados, tudo recai com uma fidelidade impressionante, e até mesmo os diversos animais que sabemos que não foram todos pra dentro da arca conseguem chamar atenção. Os figurinos todos bem simples e sujos agradam muito visualmente dentro da temática proposta e chama bastante atenção mesmo sendo em cores não chamativas. A fotografia fez cenas em contraluz que ficaram maravilhosas e chamam muita atenção, além claro de todos os demais momentos sob muita chuva que sempre o contraste marcava a profundidade para funcionar o 3D. E claro falando da tecnologia 3D, o longa que foi convertido para a tecnologia funcionou apenas em pouquíssimas cenas de profundidade e nas cenas com os animais, pois nas demais é algo que poderia ter ficado sem ser feito, mas como sempre falo, quem quiser economizar esse é mais um que dá para fugir das salas mais caras, tanto que em alguns países nem sairá em 3D.
As trilhas escolhidas foram muito bem utilizadas, mas sempre marcando momentos chaves, então quase como em filmes de suspense, somos preparados para algo que vai acontecer apenas seguindo o ritmo imposto pela trilha, mas isso não impede de gostarmos da forma interessante que ficaram todas as canções tornando o longa grandioso até nesse estilo.
Enfim, um filmaço que vale a pena conferir, e apenas marca o início do ano para as grandiosas produções que teremos nos próximos meses. Gostei muito do que vi e até poderia dar nota máxima pra ele, mas pelo fraco 3D e pela falta de maquiagem de envelhecimento na Jennifer vou dar uma reduzida. Recomendo o longa com certeza, frisando muito como ficção, afinal pelo que andei lendo aí muitos disseram que o diretor fugiu de vários fatos que ocorreram na Bíblia. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda temos mais alguns longas que apareceram por aqui para conferir, então abraços e até bem breve.
PS: Também não se assuste se minha nota for bem maior que de outros sites, pois como já falei outras vezes, sou produtor e com isso se o filme for muito bem produzido irá me cativar muito mais do que uma história elaboradíssima.
3 comentários:
Concordo com vc apenas na maquiagem da Jennifer, aliás, deveriam ter escalado uma atriz mais velha, obviamente. Ela parece irmã da Emma (que está ótima, inclusive). O roteiro do filme é sofrível, eu tive vontade de rir em algumas cenas, principalmente quando o Noé descobre que o inimigo está na arca (???) e começa a lutar com ele, o filho querendo matar ele tb, chega o outro filho e vendo o inimigo ataca o pai kkkkk. Só pela misericórdia! O cara poderia ter feito um excelente filme, e acabou fazendo uma porcaria mega descartável. Prefiro mil vezes ver A Lagoa Azul na Sessão da Tarde do que ver esse filme de novo.
Também achei muito fraco... pra mim foi dinheiro perdido.
Olá Julio e Tato, eu gostei bastante pelo lado ficcional, claro que tem muitos defeitos, mas em níveis de produção o longa me agradou demais, então acabei gostando até mais que muitos amigos. Abraços!
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