Deve ser um serviço divertido rebatizar filmes para serem lançados no Brasil, pois basta assistir o longa, ver no que se encaixa a trama de forma a contar a história quase toda no título, escolher algumas palavras marcantes e pronto, temos um título autoexplicativo que chamará o público para as sessões. Com "Refém da Paixão", batizado originalmente como "Labor Day", o diretor Jason Reitman tenta novamente marcar forte um romance intrigante como fez em "Juno", mas utiliza de tantos artifícios para tentar nos convencer das possibilidades de dar certo, que cria um drama instigante para prender nossa atenção durante toda a duração do filme. Além disso, temos os problemas do jovem garoto que embora seja o protagonista da história, acabamos ficando com tanta raiva de alguns de seus atos que se existisse a possibilidade de mortes no longa ele seria um que torceríamos pra isso. No geral, o resultado conseguido agradou por conseguir nos manter atentos na trama, mas poderia ter diversos finais alternativos melhores e mais consistentes.
O longa nos mostra que é o final do verão, às vésperas do Dia do Trabalho na cidade de Holton Mills, New Hampshire. Henry, um garoto de 13 anos, tem poucos amigos, e passa o dia lendo, vendo televisão ou sonhando acordado com os belos corpos de suas colegas de escola. A única companhia de Henry é sua mãe, Adele, uma ex-dançarina divorciada há muito tempo. O garoto tenta integrar a nova família de sua mãe e agradar o padrasto, mas Adele tem um grave segredo que não lhe permite ser feliz.
Mas tudo muda no Dia do Trabalho, quando Frank, um homem misterioso e ferido, aproxima-se de Henry e pede sua ajuda. Nos próximos cinco dias, Henry aprende algumas das lições mais importantes da sua vida: como lançar uma bola de baseball, como fazer uma torta, como não sofrer com a inveja, o poder da traição e a importância de pensar nos outros antes de si mesmo.
Filmes que correm paralelamente diversas histórias que se intercalam podem ser bem interessantes de acordo com a proposta adotada, mas é necessário tomar um grandioso cuidado caso não queira deixar o público extremamente confuso, por exemplo aqui o diretor abusou de atrizes loiras bem parecidas em diferentes idades, o que claro ajudou a intrigar mais ainda sobre a história de um criminoso que aborda os protagonistas do nada e passa a viver com eles, um garoto em pleno momento marcante de desejos na adolescência que tem diversas confusões na mente, e uma mulher atordoada com uma separação por motivos difíceis. A forma que foi desenvolvida a montagem do filme é interessante por amarrar tudo de forma bem explicativa, mas praticamente sem mostrar nenhuma fala nas cenas que saem do ambiente que tudo ocorre e com isso o diretor trabalha nosso imaginário, o que pode até fazer alguns perderem o fio da meada e acabarem nem gostando muito do que verão mais pra frente. Porém o longa trabalha sempre com coisas duras, e tentar amenizar mais para o final infelizmente foi uma tacada que destoou de tudo que poderíamos esperar do diretor, o que é uma pena, pois se acaba onde deveria, talvez o longa acabasse sendo considerado por muitos como algo genial, e não apenas um bom filme.
As atuações todas estão bem trabalhadas nas expressões faciais, já que alguns momentos são ditos apenas o necessário para entendermos o que ocorre ali, e esse fator sensorial é interessante para que a história se desenvolva bem, com isso os parabéns ficam mais nas mãos dos atores que do diretor propriamente dito. Josh Brolin tem o perfil exato de criminoso com sua barba e quando retira ela fica tão diferente que podemos considerar ele com uns 20 anos a menos, e além disso trabalhou para que a sua história dissipasse entre os demais protagonistas, deixando que sua atuação fosse boa mas não sobrepusesse a do jovem nem a da mãe. Kate Winslet parece não envelhecer nunca e mesmo na cena que foi maquiada para mostrar a passagem de anos, continua com um semblante doce e jovial, porém conseguiu demonstrar um desespero interessantíssimo dentro do seu problema para que até nos angustiasse com a interpretação dada à sua personagem, agradando na medida com o que ocorre com ela. Gattlin Griffith poderia facilmente entrar para o elenco de "As Vantagens de Ser Invisível" com sua forma de atuar e os momentos que vive de tensão da adolescência juntamente com o que está ocorrendo em sua casa, e faz tão bem seu roteiro de forma a nos deixar nervosos com seus atos, pois nenhuma pessoa em sã consciência faria metade dos atos do jovem, claro que isso está no texto, mas o jovem incorporou a alma do personagem e nos convenceu totalmente de que seria possível alguém fazer tudo. Dos demais personagens vale o destaque para os poucos momentos de Micah Fowler que emocionam pelas atitudes e como destaque negativo a propaganda de usar o nome de Tobey Maguire para meia cena que nem podemos dizer que atuou.
O visual da cidadezinha é bem bacana, chamando atenção para a cena do garoto na ponte, e além disso a quantidade enorme de elementos cênicos usados dentro da casa mostra que a equipe de arte foi usada completamente dentro da história, pois tudo faz parte de cada momento chave, nos levando até o final onde alguns atos que julgamos inúteis no início serão explicados. A fotografia usou bastante do artifício de raios solares aparentes para dar contraste nas cenas internas, além de usar cores quentes para retratar que a cidade é um forno total, o que agradou bastante visualmente sem precisar ficar mostrando temperatura em nenhum momento.
Enfim, é um filme bacana que poderia ser genial se não tivesse um final tradicional. Quem for assistir esperando um romancinho açucarado durante toda a exibição vai cair do cavalo e sair reclamando que odiou o filme, presenciei vários, mas que gostar de um drama trabalhado no romance que poderia ser até mais impactante, a chance de gostar é maior e recomendo o filme somente para esses, inclusive colocando como aviso irem preparados para não serem surpreendidos, pois tudo gira e não choca. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda temos mais alguns para conferir nessa semana, então abraços e até breve.
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