Se existe uma palavra que vai definir completamente o filme "A Recompensa" é irreverente. Não que quem já tenha assistido diversas comédias de absurdo francesas não esteja acostumado, mas ver um filme inglês com um dos atores mais certinhos que eles possuem, pontuando diálogos gigantes cheios de obscenidades é algo que quem não estiver bem preparado pode se chocar com o que é mostrado em cena, mas com todo o brilhantismo que o ator nos presenteia em suas grandiosas sacadas dialogais e visuais, não tem como não se divertir e torcer para que quem saiba até saia um "Dom Hermingway 2"
O filme nos mostra que após passar 12 anos preso, Dom sai com seu parceiro no crime Dickie para buscar sua recompensa por ter mantido silêncio para proteção do seu chefe, Sr. Fontaine. Depois de uma experiência de quase morte, ele tenta se reconectar com sua filha distante mas logo é atraído de volta para o único mundo que ele conhece: o do crime.
A história em si não é algo tão genial, mas por manter sempre um humor negro no limite do aceitável acaba nos levando a imaginar diversas situações, e são essas situações que acabam deslanchando e divertindo com todo o absurdo que o protagonista acaba fazendo para tentar se dar bem na sua vida após a prisão. As expressões dos espectadores com toda certeza variam do "O que ele tá aprontando?" até "Que loucura ele fez, meu Deus!!". E com isso em mente, o diretor Richard Shepard não se ateve a nada para fazer um filme utilizando de suas habilidades em séries, criando algo bem dinâmico e irreverente onde trabalhou com o ator no máximo do seu potencial para fincar o roteiro que criou em um único tom, o vermelho desesperador, ou seja, aquele que tudo precisa acontecer para mostrar mais e mais confiança no que está fazendo, e assim quem for assistir ao filme pode ir preparado para ver de tudo que se possa imaginar sem deixar de lado claro, o brilhantismo de um roteiro dialogado bem trabalhado.
Temos muitos atores bons no filme, mas Jude Law não deixou brecha para que nenhum outro falasse que o filme não é dele, o ator mudou seu visual certinho, bebeu horrores, botou palavras formais no bolso e cuspiu para fora todo o seu lado negro mais forte para abrilhantar o filme e mostrar que pode fazer qualquer tipo de personagem que lhe oferecerem, e se qualquer premiação olhasse com outros olhos para as comédias não dramáticas, com toda certeza para o próxima ano ele já teria uma vaguinha nos indicados pelo que fez aqui. Richard E. Grant embora esteja sempre ao lado do protagonista nas cenas mais malucas, acaba sendo a pessoa que tenta fazer a linha boa do personagem, mesmo ambos sendo criminosos, agrada bastante seu semblante sempre sério, mas poderiam ter dado um pouco mais de vida ao personagem não necessitando de uma "mãozinha" para chamar atenção pra ele. Demian Bichir segurou bem seu personagem de chefão do crime e com um ar sempre de superior, nas cenas que entra frente a frente com o protagonista não precisou de muito diálogo para mostrar o que a cena pedia, chamando tanto a atenção para si, quanto auxiliando o protagonista para se destacar mais ainda. Dos demais todos aparecem sempre em prol de clamar um texto mais forte do protagonista, de forma que acabam até ficando apagados frente ao público, Jumayn Hunter só sabe falar de um gato, mas acaba tendo cenas engraçadas ao menos. Das mulheres, apenas Emilia Clarke tenta nas poucas cenas chamar atenção por querer dar lição no pai de ter ficado fora de boa parte da sua vida, mas como isso já está tão clichê nos filmes, acabamos nem dando tanta bola pra ela, preferindo ver mais os diálogos bobos de Kerry Condon tentando profetizar sempre um momento salvador para o protagonista.
O visual do longa oscila entre bares e boates londrinas para representar o personagem sempre bêbado, utilizando os elementos típicos para representar, e coloca o maior momento na vila do sul da França onde acontece uma festança completamente insana, onde os elementos saem do controle para dar ligação à todo restante do filme, uma obra muito bem desenvolvida pela equipe de arte que abusou de cenografias bizarras sem ter medo de errar, já que o filme permitiu tudo. Outro detalhe da direção de arte juntamente da equipe de fotografia foi abusar de elementos vermelhos, que por onde quer que olhemos, há um objeto, um batom, uma parede ou no mínimo uma luz avermelhada para pesar no clima de loucura. Com isso em mente a fotografia até acerta em alguns momentos, mas em outros parece que não tinham outro filtro para usar, chegando até a cansar no exagero.
Enfim, um filme feito para mostrar potencialmente que um ator pode fazer o que quiser quando é instigado, e isso é visível que Jude fez muito mais do que imaginávamos que ele seria capaz. Recomendo o filme com certeza para todos que gostem de humor negro e sacadas geniais em diálogos, pois quem gostar de comédias mais bobinhas é capaz de sair não tão feliz com o que verá na tela. Bem é isso pessoal, encerro aqui a minha opinião desse filme, mas ainda faltam mais duas estreias para conferir nos cinemas do interior, então abraços e até mais tarde.
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