São raras as comédias americanas que trabalham tanto o lado cômico quanto o lado mais dialogado de um filme, e quando aparecem em cartaz, com toda certeza acaba sendo uma atividade prazerosa conferir elas. Com "Amante a Domicilio", temos um filme inteligente, com boas sacadas e totalmente interessante de acompanhar, mesmo que a história não seja nenhuma novidade genial, mas que nos faz rir mais das situações em que se envolve o coadjuvante do que as do protagonista e diretor John Turturro.
O filme nos mostra que Murray é um senhor de idade que, durante uma conversa sobre sexo, diz que conhece um gigolô. Ao saber o quanto poderia ganhar como cafetão, ele tenta convencer seu amigo, Fioravante, a entrar para o ramo. Só que ele é um pacato jardineiro e não quer se envolver em algo do tipo. Após muita insistência de Murray, Fioravanti topa fazer um programa com a doutora Parker, que está bastante insegura por ser a primeira vez que trai o marido. O sucesso do encontro faz com que a fama de Fioravanti corra entre as amigas da doutora, assim como ele mesmo passa a notar melhor as qualidades da nova profissão.
Já falei isso aqui algumas vezes, mas vale sempre ressaltar que sou contra diretores malucos que resolvem fazer todas as funções, desde escrever, dirigir e até atuar, pois alguma delas ou até várias vão sair falhas, e aqui não é diferente, pois o diretor mesmo escrevendo uma história bacana acabou fazendo uma interpretação bem fraca para o filme e se não fosse por Woody ser excelente, a trama além de simples acabaria boba demais por nem ter uma linguagem que chamasse a atenção e muito menos um bom ator fazendo o papel principal. Alguns momentos da trama ficamos pensando de que forma ele poderia fechar a trama, e assim como uma boa comédia francesa, o diretor ao menos fez o que deveria não sendo nem óbvio nem jogando algo que não convencesse os espectadores, e com isso acabou agradando bastante.
Woody Allen que não atuava fora de um filme seu desde 2000, voltou encaixado num papel que sinceramente não conseguimos ver outro ator fazendo, parecendo que a história do personagem foi feita para ele, e isso acaba tornando a experiência de ver o filme maior ainda, pois todas as cenas que entra na tela é motivo para muita diversão, sendo perfeito. O diretor John Turturro não foi tão bem no papel, pois não conseguiu nos convencer nem de ser um florista que virou gigolô, muito menos um gigolô florista, e isso acabou atrapalhando um pouco alguns momentos, mas acredito que ao saber que poderia fazer algumas cenas quentes junto das atrizes, o anseio foi maior e o resultado foi simples demais. Sharon Stone está cada dia mais bela e seu personagem caiu bem por trabalhar tanto sua sensualidade quanto alguns trejeitos interessantes como a primeira traição, e momentos mais calmos também no filme. Já Sofia Vergara foi a provocação em forma de personagem, partindo pra guerra logo que entra na tela, colocando o clima lá em cima na sua interpretação, também agradou bastante nos poucos momentos que esteve em cena. Vanessa Paradis é aquela atriz que diferentemente do marido Johnny Depp, escolhe bem os seus papéis e quando faz um personagem, mesmo que seja bem calminho, consegue colocar uma interpretação interessante e agradável para chamar a atenção para si, poderiam ter dado mais algumas cenas para ela, mas seu fechamento foi o melhor que poderia acontecer para o filme. E para fechar Liev Schreiber até tentou fazer uma atuação convincente de um policial de bairro judeu, mas acabou soando tão falsos seus momentos que não conseguimos incorporar seu personagem direito na trama.
Assim como os filmes feitos pelo Woody, Turturro optou por colocar o trabalho da direção de arte em ambientes mais simples, mas sempre recheados de elementos cênicos interessantes para revelar os poucos, mas importantes objetos que complementam as personalidades de cada personagem e isso ficou até bem bacana de ver na tela. A fotografia foi a tradicional de comédias, mas com toda a suavidade de cores claras contrastando com o figurino acabou dando um tom bem bonito no resultado final.
Enfim, é um filme gostoso demais de assistir, diverte na medida com piadas inteligentes, mas poderia ser sensacional se tivessem colocado um protagonista mais interessante e trabalhasse um pouco mais no roteiro para inovar algumas situações, não que o resultado não tenha sido bacana, mas acabaria saindo vibrando da sala. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda temos mais uma estreia para conferir e um atrasado que vem junto com a reabertura do Belas Artes após a Feira do Livro, então abraços e até mais pessoal.
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