Depois de dois Festivais Varilux mais diversos filmes franceses sendo exibidos no Brasil, já começo a nem mais me assustar com finais diferentes que o cinema francês me proporciona, pois a filosofia deles é se o filme não é uma comédia dramática, e sim somente drama, é se preparar para algo trágico em alguma das fases do filme e apenas aguardar a forma que irão fazer. E com o filme "De Coração Aberto" já estava até pensando que poderiam fazer algo diferente do modelo tradicional, mas bingo, alguns espectadores da sala estranharam, mas foi até mais comum do que esperava. O longa em si é trabalhado mais pelo drama que algo inesperado pode causar e claro que o fator álcool influenciava e muito na profissão do jovem, mas na vida pessoal acabou um pouco forçada a inclusão da bebida como vilã de um relacionamento.
O filme nos mostra que Mila e Javier estão casados há 10 anos e se amam loucamente. Mas Mila fica grávida contra todas as probabilidades e a ideia de uma criança perturba o equilíbrio do relacionamento e faz o casal ver sua relação de perspectivas diferentes.
A história demora um pouco para entrar nos eixos, pois tentam nos apresentar que ambos são cirurgiões renomados dentro do hospital, em seguida mostrar o problema alcoólico de Javier, até que adentra o problema, que já poderia ser considerado um absurdo monstruoso, já que ambos são médicos e falar em aborto nessa situação, é algo que não convence ninguém. Mas até aí tudo bem, já que por ser um filme baseado em um livro, a diretora nem poderia mexer tanto na história e aí é que entra o ponto crucial, que por ser uma mulheracabaria jogando na protagonista feminina a maior carga dramática e mesmo com uma atriz do nível de Binoche, sua Mila é simplória demais, e tirando uma ou duas cenas que mostra a que fez valer toda interpretação que sabe mostrar, a diretora tentou aproveitar mais o fator bebedeira do protagonista e com ângulos mais frouxos não fez do filme francês nem 1/10 de sua capacidade de impressionar o público, mesmo numa cena final bem bonita.
Falando da atuação, nem vou focar tanto nos coadjuvantes que aparecem em momentos espalhados pela trama e alguns até forçam para não mostrar qualquer interpretação boa que seja. Como falei um pouco de Juliette Binoche, qualquer um que já tenha visto o pior de seus filmes sabe que a atriz consegue chamar a atenção pra si com a mais singela das interpretações, e com isso seu potencial é enorme, mas aqui parece estar sempre em segundo plano mesmo sendo a protagonista da trama, não coloca em pauta nenhum momento assim que falamos nossa que show, tendo como disse alguns momentos bacanas, mas ainda assim longe da grande atriz do cinema francês que conhecemos. Édgar Ramirez até agrada nos seus momentos desesperadores quando está embriagado e parte para cima da protagonista com diálogos verborrágicos e bem trabalhados, mas sem procurar solução para o problema, a trama acaba arrastada nos momentos que faz cara de piedade e logo em seguida já está novamente aprontando, além disso, por ser um médico conceituado, suas atitudes frente ao diretor do hospital parecem mais infantis que qualquer um faria diferente, então faltou pra ambos os protagonistas uma centralidade mais interessante nos papéis para que agradassem de forma mais convincente.
Posso estar enganado, principalmente pela França nos passar como um país desenvolvidíssimo a impressão de que tudo é muito bem feito, e em diversos diálogos quando falam que vão para a América do Sul, mais uma vez pejorativamente colocando como tudo aqui sendo selva, e dizendo que a medicina lá está evoluída e tudo mais, que o hospital da trama mesmo sendo público ficou um pouco a desejar, parecendo que nas cenas de cirurgia estão fazendo tudo num quartinho escuro com um único equipamento, e se na casa do casal já não havia quase nada para aparecer com uma mudança de 2 minutos fica mais vazio ainda de elementos cênicos, importando apenas as garrafas de bebida que isso sim a geladeira está repleta. Então cenograficamente valem as cenas no bosque e a cena final que foi mais bem trabalhada artisticamente, pois tirando elas temos algo mais simples ainda que o roteiro. A fotografia também foi simplista em não exagerar na iluminação de quase nenhuma cena, deixando até certos momentos escuros demais, porém como falei antes por ter uma cenografia simplória, é possível que tenha sido usado dessa forma para não revelar muitos defeitos cênicos.
Enfim, um filme que segue uma linha bacana e interessante, mas que foi aproveitado bem pouco para o potencial dos atores e de tudo que poderia ser construído. Não posso dizer que recomendo fielmente o longa, mas também não é nada que seja de jogar fora, valendo conferir em momentos que não tiver tantas outras opções. E pra quem quiser ver ele em Ribeirão Preto, está em cartaz no Cine Belas Artes, então fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho 3 estreias dessa semana para conferir, então abraços e até breve.
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