Educação Sentimental

5/04/2014 01:21:00 AM |

Olha, sou um defensor nato da produção nacional vingar e serem lançados muitas centenas de filmes em cadeia nacional, e claro que o governo sempre fomente devolvendo nossos impostos para a cultura, mas se for para diretores malucos ficarem fazendo filmes experimentais ridículos, pode ficar tendo apenas 1 ou 2 artístico e o restante as comédias novelescas bobas mesmo, pois é lastimável ver um filme que tenta passar a ideia das diversas artes expurgando seus demônios em algo mal feito de 65 minutos apenas de filme e mais 15 minutos de cenas por trás das câmeras para ser considerado um longa, que gastou sabe lá quanto do dinheiro do governo para nada. Pois bem, disse praticamente tudo de "Educação Sentimental", um longa que começou a sessão do Festival com umas 60 pessoas e terminou com bem menos de 40, e que não tem praticamente nada do que ser dito, pois é uma confluência de textos recitados pela protagonista com um olhar perdido, onde a relação entre os protagonistas é uma incógnita desajeitada da mesma forma que as danças feitas para nada.

O filme narra a relação singular entre Áurea, uma professora solitária de 40 anos, e um jovem que ela acaba de conhecer por acaso – um desses encontros que a mitologia e a literatura estão fartos, uma alma sensível que se vê atraída por uma beleza que a solicita, a perturba, a move. Que a abala toda. Nos dias que se seguem ao primeiro diálogo entre os dois, ela irá mostrar todo o seu sentimento através de aulas em que ele se deixará levar até que uma história inusitada do passado se revela e transforma tudo dali por diante.

O longa poderia ser agradável se não caísse para o lado experimental, se o diretor tivesse poupado loucuras e feito um drama comum com a mesma história teríamos algo estranho ainda, mas ao menos convincente que agradaria a todos que estivessem na sessão, e não criaria uma debandada em massa que fez até um funcionário do cinema entrar na sala para ver o que estava ocorrendo. Bom, só por falar em modo experimental, nem preciso dizer de planos desfocados, com cartolinas fazendo formas geométricas, entre outros tipos de bizarrices que é melhor nem ficar citando, pois a cada 5 minutos eu só me via chacoalhando a cabeça inconformado de estar vendo o que via na tela.

Quanto da atuação, fica a dúvida de o que o diretor quis passar ao pedir para Josi Antello olhar para o nada em diversas cenas e ficar ditando, no melhor estilo da sua profissão de professora, textos e poesias a esmo, e mais para o final ficar dançando no estilo de incorporação de uma pomba-gira, ou seja, se recebeu um cachê pequeno se queimou a toa. Bernardo Marinho é quase um objeto de cena em diversos momentos, e se duvidar uma folha de papel foi mais usada que ele no filme, pois está sempre parado e quando abre a boca para falar algo é quase uma repetição do que a protagonista disse, ou seja, inútil também. Agora as cenas mais absurdas ficaram a cargo de Débora Olivieri, que entra no final para o diálogo mais non-sense do planeta, que talvez explicaria muita coisa se o filme tivesse algum sentido.

Embora o filme seja todo fora da realidade, a cenografia ao menos foi bem trabalhada, e mesmo com uma casa completamente esquisita da protagonista, que aliás inicialmente morava num apartamento que tinha vista da piscina do prédio e depois está numa casa, ????, temos diversos objetos que são usados como referência para tudo que está sendo dito e com isso, muito da cenografia tem até mais sentido que os atos dos protagonistas. A fotografia exagerou em foco/desfoque, principalmente com cenas escuras demais, ficando um pouco estranho a gramatura da imagem.

Enfim, taí mais um filme que não recomendo nem para o meu pior inimigo, de forma que o "Festival SESC Melhores Filmes - Circuito 2014" começou perfeito e logo na sequência já veio com uma bomba, vamos ver se os demais serão melhores filmes mesmo ou se vamos recair a tudo nesse nível. Fico por aqui agora, mas hoje à noite tem mais filmes do Festival por aqui, então abraços e até breve.


4 comentários:

RoXStrondA disse...

Coelho, este é daqueles filmes que você assiste num domingo a tarde chuvoso com a namorada, ou é mais daqueles que você compra 3 Kg de pipoca, junta a galera no sofá pra uma bela sessão? O que indica?

Fernando Coelho disse...

Olhaaaa RoxStrondA, esse recomendaria que você nem visse... mas se for ver não junte a galera não, que corre risco de você ser linchada... rsss Abraços!

RoXStrondA disse...

Sushaushuahsuahshua
Vlw pela dica, acho que vou de Pelé O Filme Versão Estendida mesmo!

Tirando a zoação, as vezes eu não sei da onde os "diretores" tiram tantas ideias ruins pra um filme de 60 min (que é o básico) sendo que um curta de 15 min já seria tempo suficiente pra expressar a ideia e não ser tão massante.

Fernando Coelho disse...

Disse a mais pura verdade RoxStrondA, façam mais curtas, criem uma compilação de curtas e venda o produto assim, será mais produtivo e menos cansativo!! Abraços!

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