Godzilla em 3D

5/17/2014 03:07:00 AM |

Existem alguns estilos de filmes que temos de ir para o cinema preparados para uma sessão pipoca, ou seja, ir sabendo que o que verá é nada mais do que muitos efeitos, onde podemos nos divertir com o que tentam nos mostrar ou ir com várias pedras para tacar, pois com certeza veremos inúmeros defeitos seja na história ou seja em qualquer coisa. Pois bem, o novo filme do "Godzilla" é um exemplo claro de que quem for disposto a curtir a tonelada de efeitos gráficos incrustrados numa tentativa de construir uma história familiar por trás de uma cidade sendo destruída por uma briga de monstrões estranhos, irá sair da sessão bem feliz com o que viu, enquanto quem for pra tacar pedra vai sair com muita dor no braço porque dá para reclamar de tudo. Como não sou adepto de filmes apenas de efeitos, e esses prefiro nem me ater a muitos detalhes senão irei reclamar de tudo, fui preparado para me divertir com o que fosse apresentado, e olha que acabei bem mais feliz do que imaginaria com um filme recheado de efeitos bem colocados e uma história até interessante quanto à natureza dos bichões que não lembro de ter sido colocada nos filmes anteriores do grande bichão

O filme nos mostra que Joe Brody nunca aceitou o fato de ter perdido sua esposa em um acidente na usina nuclear em que ambos trabalham no Japão. Quinze anos depois do ocorrido, ele continua remoendo a história, tentando encontrar alguma explicação. Ford Brody, seu filho, agora adulto, é soldado do exército americano e precisa lutar para salvar a população mundial e, principalmente sua família, do assustador Godzilla.

A história em si pode nem ser algo muito agradável e a execução dela pode parecer extremamente estranha ao tentar compreender os motivos não tão bem explicados de onde vem os bichões, ou como algo pode ser daquela forma, e principalmente a explicação meio inexplicável para o porquê de o rei dos monstros resolver fazer o que faz ao final do filme. Pois bem, sem dar spoilers, por esses motivos que citei acima que estamos vendo espalhadas na internet diversas críticas falando mal do filme, mas como disse no início, se você for ao cinema preparado para ver algo totalmente absurdo vai rir de algumas cenas, vai torcer pros bichões destruírem mais e mais prédios, e como disse um amigo crítico, mesmo não sendo tão favorável por um filme com muitos efeitos, vai acabar torcendo para ter mais cenas até com os bichões. Mas infelizmente não temos diretores tão corajosos hoje em Hollywood, então caímos numa história onde tentam colocar um pano familiar lotado de problemas no passado e que agora por honra a família, que não é japonesa mas tem que manter um legado de honras no melhor estilo samurai, e claro, como os americanos são os lixeiros do planeta Terra por guardarem todo tipo de quinquilharia que acham, guardaram também um bichão e por esse motivo bichões precisam também ter encontros românticos (uma das cenas mais românticas que já vi no cinema nos últimos tempos #momentoironia), assim sendo pra onde vai rolar todo o quebra-quebra do filme, São Francisco, aí então é fazer a festa com prédios caindo, pessoas em prédios de vidro vendo tudo quebrar, e os vidros que são de aço temperado inoxidável ficam perfeitinhos. Melhor eu parar de falar de tudo de errado que já estou jogando pedras demais, então vamos pra parte divertida que devido o diretor Gareth Edwards ter em mãos um orçamento bem gordo, ele não economizou uma moedinha sequer em efeitos visuais, então faça a festa mesmo, com toda a destruição proporcionada e assim sendo esqueça qualquer outra coisa que tentaram empurrar.

Para tentar não atirar mais algumas pedras poderia falar apenas das atuações dos bichões, mas aí cairia em questões computacionais, para falar de seus movimentos desengonçados para tudo, então vamos falar um pouquinho de cada "protagonista" do filme. Aaron Taylor-Johnson, nosso tradicional Kick-Ass, vem provar que não é apenas no Brasil que fazem bebês com pouca idade, pois de garotinho no início do filme, passados 15 anos, já possui um filho de 5 anos, e por seu papel teoricamente ser bem limitado, afinal como propriamente diz em um diálogo com seu pai, desarmador de bombas tem pouco serviço, seus trejeitos ficam resumidos a algumas dores corporais por encontrões e claro a brilhante ideia de acabar com os filhinhos dos bichões de um modo que com toda certeza clichê-master haveria de ter no mesmo lugar algo para fazer o que fez. Ken Watanabe com seu semblante sempre preocupado com o bem do ecossistema de bichões já até vejo em uma continuação estudando a genética dos bichos que morreram e tentando recriar a vida alienígena se é que aquilo vem de algum outro lugar, poderia ter feito expressões mais diferenciadas. Esperava bem mais de Bryan Cranston já que todo mundo fala tão bem de suas séries, mas aqui ficou oscilando entre o louco desesperado traumatizado que precisa resolver algo, e o empregado que acha que pode salvar uma usina com as próprias mãos, não trabalhando o rosto nem para seu momento mais sentimental logo no início do filme. Juliette Binoche, nossa querida atriz francesa morre tão rápido que não deram nem tempo de mostrar o tanto que é boa atriz pra Hollywood, isso me cheira a complô entre EUA vs França. Elizabeth Olsen embora apareça pouco é a que mais conseguiu transmitir seus sentimentos reais dentro do filme, fazendo caras de espanto, dor, tristeza, alegria, safadeza e até mesmo desespero quando vê que o bichão vai cair em cima de todos, o que apenas não me convenceu foi que como toneladas caem em cima de uma estação de metrô e todos sobrevivem, mas aí já é um problema técnico do roteiro. Dos demais todos possuem participações bem rápidas que praticamente nem chegam a marcar seus rostos na tela.

Visualmente o filme ficou até interessante, mesmo sendo praticamente todo feito em computação gráfica, e como já repeti diversas vezes, a destruição ficou bem legal, e já podem guardar os modelos para os próximos "Transformers", "Power Rangers" e tudo mais que envolvam coisas grandiosas destruindo uma cidade, e além disso os diversos elementos cênicos foram encaixados na trama para ao menos tentarem lembrar de algo, por exemplo disquetes, bonequinho de brinquedo, fotos e relatórios, que até poderiam ter uma importância maior na trama, mas o que importava mesmo era a destruição, então foco nisso que foi o que funcionou no longa. A fotografia usou muito de tons escuros puxados sempre pro vermelho e ficou até bem interessante o visual que acabou sendo reforçado dentro da questão gráfica, mas poderiam ter colocado algumas cenas mais tom abaixo para não precisar trabalhar tanto numa única cor. Quanto do 3D, que foi convertido apenas e não filmado como deveria para agradar mais, é usado em pouquíssimas cenas e se não fosse pelas cenas finais que envolvem com as brigas dos bichões, poderíamos dizer que daria até para ficar sem óculos, pois a profundidade é quase nula, chegando até embaçar alguns momentos mesmo com o óculos na cara.

Enfim, é um filme agradável para assistir sem esperar nada muito além de explosões e efeitos computacionais, portanto quem estiver afim de ver isso, pode ir para o cinema sem pensar em nada, agora se estiver querendo ver algo bem interpretado, com uma história envolvente, fique em casa ou escolha outro filme, pois a decepção vai ser do tamanho do monstro. Me diverti bastante com o que vi, e por ser um filme bem produzido, agradou muito esse Coelho. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda nessa semana temos várias outras estreias para conferir, então abraços e até breve.


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