O olhar documental de um diretor pode ser trabalhado sob vários aspectos, mas temos de ter a cautela em checar antes tanto o que observamos quanto aonde ele desejava chegar. Com "Mataram Meu Irmão", temos uma vertente ao mesmo tempo sensacionalista por apresentar lembranças de uma família de um ocorrido 11 anos atrás, mas também ligamos os fatos à forma de consolar e ao mesmo tempo unir os vértices perdidos pelo próprio diretor ao mexer na sua própria ferida. E com os depoimentos, emotivos claro, ele consegue relembrar de seu irmão cujo agora só tem a ossada ajuntada com diversos outros por um serviço ineficiente dos órgãos que cuidam dos cemitérios, e tenta explicações de o porquê ele ter morrido assim.
Reconstituindo os detalhes da morte de seu irmão, Rafael Burlan da Silva, ocorrida há 12 anos, o cineasta Cristiano Burlan lança-se em uma jornada pessoal que conduz ao coração de um círculo de violência em torno dos bairros da periferia paulistana, como o Capão Redondo. É lá que morava a família e onde o irmão, de 22 anos, foi morto com sete tiros em 2001. Explorando as razões do envolvimento do irmão com drogas e roubo de carros, o diretor expõe partes de sua própria história familiar.
O fato é, até que ponto o longa pode ser considerado como algo atrativo para o público, mas se olharmos dessa forma eliminaríamos diversos filmes, então colocando como pauta de ser um filme de Festival, que inclusive ganhou vários prêmios, a análise parte para outra vertente, a forma emocional que fez com que o longa arrebatasse os prêmios, pois o diretor mostrou ser bom em capturar os fatos e acredito que cumpriu bem o que queria, descobrir mais sobre o seu irmão, e a condução dos fatos ao mesmo tempo vão revelando como a periferia é violenta e um dos depoimentos, o mais centrado do documentário do rapaz na praia, afinal não são colocados nomes durante a exibição apenas um coletivo nos créditos, diz tudo sobre a família, como eram as coisas, e faz ele e o público que está assistindo enxergar um horizonte maior além do que somente o diretor queria encontrar, e ao botar os pingos nos is, o filme acaba tendo um cerne muito atrativo e envolvente que foi fechado da forma que deveria com o encontro final do diretor.
O longa agrada bastante com a história mostrada, cumpre com a missão de montar os fatos, faz o público de festivais feliz com o que está vendo, mas agora alguns momentos poderiam ter sido bem limpados que agradariam bem mais, por exemplo os com a câmera nas mãos da prima do diretor em Uberlândia que ficou parecendo aqueles abusos que jornalistas fazem de sair correndo com a câmera na mão para presenciar um fato, e quando o diretor a questiona perguntando se ela que irá dirigir o filme agora, a resposta dela sai como uma voadora em jornalistas que afirmam saber fazer filmes: "Se dirigir é assim fácil, então eu vou".
Enfim, é um recorte interessante da forma que alguns podem fazer filmes, buscando suas origens, retratando algum acontecimento e linkar com fatores da sociedade. Com essa ideia, o longa até é bacana, mas está bem longe de ser o melhor em algum quesito. Não vi os demais candidatos do Festival É Tudo Verdade, cujo o filme sagrou-se ganhador, mas depois de ver ele agora, nem fiquei mais com vontade de saber o que mais foi apresentado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã teremos mais filmes do "Festival SESC Melhores Filmes - Circuito 2014", então abraços e até mais.
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