São Silvestre

5/06/2014 09:25:00 PM |

Já vi muita coisa ser chamada de filme e passar nos cinemas, mas com o "documentário" "São Silvestre" foi abusar demais da ideologia de documentar um fato ao pé da letra, acompanhando mais de 20 minutos de caminhada, passeio por São Paulo para chegar ao local de largada da prova, mais cerca de 60 minutos de prova num dos anos mais chuvosos da competição. Tudo isso sem dizer ao menos 15 palavras, quanto menos uma frase entendível que seja. Ou seja, por muito pouco minha paciência de cinéfilo viciado não desligou meus olhos frente a somente música clássica tocada acompanhando a corrida por diversos ângulos, sempre em primeira pessoa, o que faz parecer que estamos correndo a prova, porém com um diferencial: não cansamos o corpo por ter corrido os 15km, mas sim a mente por aguentar mais de 80 minutos vendo somente pessoas por todos os seus lados sem acontecer absolutamente nada.

O documentário pretende reproduzir a sensação de participar da maratona de São Silvestre, a maior corrida a céu aberto da América Latina, realizada anualmente em São Paulo, dia 31 de dezembro. Com uma câmera acoplada ao corpo do ator Fernando Alves Pinto, o filme busca captar o cansaço, a velocidade, o suor, a respiração e o movimento dos atletas.

Com essa sinopse, não posso considerar o que vi como um filme, pois seria desonrar com tudo que estudei e sei de todo o trabalho que dá fazer a menor produção que seja, por isso que a ideia de Glauber Rocha de que com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça se faz um filme, que alguns malucos resolvem adotar fielmente, é algo que não dá para aceitar. A ideia da diretora Lina Chamie aqui se era mostrar a competição pelos olhos de um competidos até é válida, mas colocar o longa como algo importante na filmografia nacional, e mais ainda, dentro de um Festival denominado Melhores Filmes, é pretensão e divulgação demais para algo que não compensa ser visto nem na TV aberta quanto mais que alguém pague para ver ele.

Mas se pudermos avaliar ao menos um ponto bom, está no esforço do ator que fica em foco por diversos momentos por estar com a câmera principal presa ao seu corpo, que por sinal é algo de uma excelente qualidade pelas imagens bem detalhadas que conseguiu captar e mais nada, pois como disse não temos algo forte para representar aqui, pois se quisessem poderiam trabalhar depoimentos, mais imagens de arquivos, entre outras coisas, que constituiria algo mais interessante, mas infelizmente a proposta foi outra e não agradou de forma alguma, mesmo contando com trilhas bem escolhidas, que inicialmente se encaixam com os lugares por onde a câmera está passando, mas depois apenas vira, desculpem o palavreado, um barulhão desnecessário para acompanhar as imagens, e somente devido a ele acredito que acabei não dormindo na sessão.

Bem pessoal, como já falei algumas outras vezes, não gosto de falar mal de filmes nacionais, pois nunca se sabe o dia de amanhã e posso até trabalhar com diretores, mas repito que como não irei considerar esse como um filme em si, não recomendo ele de forma alguma, a não ser que esteja precisando de um sonífero composto de obras primas musicais somada a imagens da selva de pedra chamada São Paulo invadida por um formigueiro humano. Fico por aqui agora, mas vamos lá para a sala acompanhar agora um longa japonês. Então abraços e até daqui a pouco.


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