Não tenho nada contra filmes com a temática homossexual, porém é preciso saber dosar o que é artístico dentro de um contexto cinematográfico e até onde não vira um pornô explícito gay. Com "Um Estranho no Lago" que devido aos prêmios em Cannes 2013 acabou vindo junto do Festival SESC Melhores Filmes para Ribeirão, a sorte é que uma mãe mais ligada percebeu logo pelas primeiras cenas de nudez que deveria remover seu filho o quão rápido da sala, pois em questão de alguns minutos seguintes o que é mostrado vai muito além da nudez mostrando explicitamente tudo que você possa pensar em um único filme, cujo se tivesse mantido a proposta original de ser um longa sobre um crime ocorrido dentro do meio homossexual, com muita certeza continuaria com a mesma intensidade, e não acabaria virando motivo de risadas dentro da sala de cinema, pois muitos já estavam achando que o que estavam vendo era um filme de assassinato dentro de um filme pornô ao invés do que deveria ser o contrário.
O filme nos mostra que em pleno verão, um lago é usado como praia nudista por vários homens homossexuais. Eles sentem-se à vontade no local e usam o bosque ao lado do lago para ter relações sexuais. Um dos frequentadores mais assíduos é Franck, que um dia faz amizade com Henri, um homem solitário que vai ao lago em busca de paz, sem ter qualquer interesse em outros homens. Com o desenrolar dos dias e as conversas constantes, eles se tornam amigos. Só que Franck se apaixona por Michel, um novato no lago, sem saber que ele é uma pessoa perigosa.
O roteiro em si pode ser resumido totalmente dentro da sinopse sem por nem tirar uma agulha, colocando apenas os exagerados planos explícitos que o diretor optou em filmar. Não sei se estaria falando bem de um longa do mesmo estilo porém heterossexual, mas com certeza ainda reclamaria da falta de determinação do diretor em manter a história dentro de um drama policial, seja ele de qualquer temática, pois parece que o filme até vai seguir um mote, mas ele acaba sendo deixado de lado para mostrar que o lago é apenas um lugar de pegação, onde alguém pode se apaixonar por outro alguém, mesmo que essa pessoa seja um ser completamente com políticas erradas, independente das escolhas sexuais dela. E com isso em mente, quem quiser ver um pornô gay explícito com nuances policial em segundo plano, saiba que existe um filme assim, só recomendo que vá sabendo o que vai ver.
Os protagonistas até possuem alguns bons diálogos incisivos e se dão ao máximo trabalho de protagonizar todas as cenas com a maior verossimilhança possível, claro que não vamos entrar em detalhes sobre cada ato específico, mas analisando o modo interpretativo das cenas mais voltadas para o modo policial da trama, Pierre Deladonchamps consegue manter um olhar de suspense em todas as cenas de interrogatório e se controlar bem frente aos momentos mais tensos da trama, o que faz dele um ator interessante no quesito interpretativo. Patrick d'Assumção faz um personagem estranho frente ao filme e acredito até que o nome do filme recaia mais sobre o seu personagem que do assassino em si, como o estranho, pois num lugar onde acontece certas coisas, a pessoa ir apenas observar um lago não é algo normal, e com diálogos bem pautados com o protagonista, seu final era praticamente certo e convence bem. Agora Christophe Paou é o típico ator que poderia fazer algo completamente diferente que seria culpado de tudo, sua cara não nega ser o vilão de uma trama, e para ajudar ainda é a pessoa com diálogos mais frouxos da história, cabendo ser apenas o que é no filme. Jérôme Chappatte é o policial mais fraco também de qualquer filme que já tenha visto, o que deixa a entender que o diretor não queria mesmo que seu filme fosse um policial, mas sim algo além disso.
Visualmente a locação foi muito bem escolhida, com um lago magnífico em meio a montanhas e um bosque, mas as cenas são tão repetitivas, que já começamos a ficar cheios de ver o estacionamento na terceira vez igual que o carro do protagonista chega, e acho que depois disso ainda aparece a mesma cena mudando apenas a roupa e a quantidade de carros estacionados, umas 10 vezes no mínimo. Além disso, como é um filme naturista onde as pessoas só importam estando nuas ou seminuas, não existe praticamente nenhum objeto que importe para a trama, a não ser uma faca nas cenas finais, ou seja, equipe de arte teve apenas que escolher um local e deixar que o diretor fizesse sua loucura lá. A fotografia trabalhou bastante, que por ser um lugar ermo, com certeza iluminação foi algo difícil de fazer, principalmente nas cenas mais escuras, e acertadamente, os momentos mais tensos são bem feitos com pouca iluminação, mas cabendo o que precisa ser mostrado.
Enfim, esse ano Cannes resolveu ser uma premiação totalmente GLS e não sei até que ponto as escolhas foram as mais acertadas, como disse, a história não vale como filme policial em si, mas a tentativa até que poderia ter sido melhor aproveitada. Quem quiser, assista sabendo o que verá, e talvez procure entender melhor a trama que é bem curta e simples de captar, mas ainda assim não recomendo o filme. Fico por aqui agora, mas nesta terça a noite teremos mais filmes do Festival SESC Melhores Filmes para acompanhar. Abraços e até breve pessoal.
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