Uma Longa Queda

5/28/2014 12:47:00 AM |

Antes que receba uma tonelada de pedradas, sei que o filme é baseado em um livro, mas não li e nem falarei dele, principalmente porque não conheço ninguém que tenha lido para falar se foi bem adaptado ou não, deixo os comentários abertos para quem quiser falar algo, de preferência sem spoilers. Agora falando sobre o filme "Uma Longa Queda", o que posso dizer é que basicamente o filme nos mostra que todos temos diversos problemas e motivos para querer nos matar, isso é um fato inquestionável que até as pessoas mais felizes do mundo, se quiserem arrumam um bom motivo para isso, mas isso pode ser mudado se pararmos para olhar o problema de uma outra pessoa que pode ser bem pior que o seu, e se tentar ajudando ela pode ser até que o seu problema seja resolvido de alguma forma.

O filme gira em torno do desespero de quatro pessoas que pensam em se matar: um entregador de pizza; um apresentador de programa de auditório; uma adolescente; e a mãe de uma criança com deficiência. Todos pretendem pular do mesmo prédio na virada do Ano Novo, mas juntos acabam encontrando forças uns nos outros para superar seus problemas.

Com esse mote em mente, o diretor trabalhou de uma forma interessante por separar cada ato, mesmo envolvendo todos os protagonistas, mas colocando como cada pedaço sendo a história de cada um, e isso ficou bem bacana de ver, pois na tentativa de descobrirmos o real motivo de cada um para ir se matar, conseguimos trabalhar a ideia da ajuda comunitária de forma segura da maneira exata que o diretor tentou traduzir o roteiro. A história em si do livro, pode ser que tenha até mais conteúdo de autoajuda e desenvolva mais cada personagem ou momento, mas como obra visual, o filme agrada quem estiver disposto a embarcar com cada um dos personagens e procurar até respostas para os seus próprios problemas de uma forma divertida e até conseguindo emocionar em alguns momentos. Os ângulos escolhidos também foram bem intrigantes, dando destaque para os momentos de vertigem.

No quesito atuação, temos os atores fazendo papéis bem interessantes para se mostrar frente às câmeras, e com isso acabamos vendo todos fazendo algo agradável e bacana. Pierce Brosnan não possui o mesmo gás de antigamente, mas consegue passar todo o sentimento de perseguição que está sofrendo devido à tudo que fez, e seus momentos com a bebida na cabeça são bem engraçados de ver, colocando seus diálogos sempre pontuando bem com cada ato. Imogen Poots venho elogiando muito nesse ano pela coerência que tem mantido em cada personagem que pega para fazer e aqui não foi diferente, pois mesmo usando de um humor mais negro, seus momentos são bem colocados na trama e acabam nos envolvendo mesmo tendo momentos absurdos em suas cenas. Aaron Paul consegue ser a incógnita total dentre os personagens, pois segura até o último minuto sua história e isso é um feito interessante que mostra que o ator conseguiu trabalhar bem para deixar tanto os outros personagens presos na seu problema sem colocar em cheque seu verdadeiro eu. Toni Collette é daquelas atrizes que quando quer nos fazer rir faz e quando vem para colocar emoção em um personagem coloca num nível acima de tudo, e colocou uma face tão triste para todos os seus momentos que impressiona e agrada demais. As demais atrizes femininas que aparecem na trama como coadjuvantes Tuppence Middleton e Rosamund Pike aparecem para tentar desestabilizar o grupo e servem bem para a narrativa com o que fazem, mas seus momentos são tão pequenos que nem dá para destacar algum. Em contraponto o jovem Josef Altin faz um deficiente tão impactante que quase achamos que ele possui realmente a doença do personagem, se o filme ficasse focado nele era capaz de ter muita gente lavando o cinema. E os demais coadjuvantes masculinos Sam Neil e Joe Cole podemos dizer que apenas participaram do filme, tendo o primeiro apenas uma cena mais forte que acabou não sendo muito desenvolvida na trama.

Por se passar em diversas locações, a equipe de arte trabalhou bem para desenvolver cada momento, criando os espaços com elementos que o representem visualmente apenas, já que somente a carta que escrevem o pacto que é algo que vá servir exatamente como um objeto cênico dentro da história, mas não é apenas por não ser detalhado cada elemento que o filme ficou menos bonito de se ver e com isso tivemos um filme bem agradável visualmente. Dentro da fotografia por se passar num período mais frio, as cenas puxaram bem para o lado tradicional do inverno com paisagens esbranquiçadas e colocando muito contraluz nas cenas onde o sol se destaca para valorizar a paisagem e o momento que cada personagem está passando, dando um resultado bem bonito no geral.

Enfim, é um filme gostoso de assistir, que nos faz refletir nas situações, e mesmo trabalhando alguns momentos com um humor mais pesado, se manteve botando emoção em alguns momentos sem precisar fazer ninguém chorar com o que foi mostrado. Não é um filme perfeito, mas vale a pena conferir por toda a simbologia que pode ser assimilada. Como vi agora em alguns sites, muitos leitores reclamaram de quase tudo, então fica a dica para quem gostar de leitura, ver o filme e ler para poder comparar, mas como já falei diversas vezes, prefiro o método mais fácil, mesmo que não seja o melhor que é curtir um bom filme, e isso independente de qualquer coisa, o longa cumpriu com seu objetivo. Bem é isso pessoal, encerro essa semana com esse filme, que é uma pena não continuar em cartaz na cidade na próxima semana cinematográfica, então vai acabar sendo uma recomendação para ver em casa assim que sair em DVD, claro que digo isso para quem é de Ribeirão Preto, mas o longa deve continuar em outras cidades. Já coloquei no Facebook do site a programação da próxima semana, então quem quiser conferir o que irá aparecer por aqui, então fica a dica para ver e curtir lá quem não curte ainda. Bom, abraços e até quinta com mais estreias por aqui.


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