domingo, 22 de junho de 2014

13° Distrito

Existem certas coisas no mundo cinematográfico que vamos viver intrigados e quando achamos ter uma resposta, vemos novamente que ainda não chegamos nem na metade do assunto. Um desses paradigmas é o dos EUA terem a mania de assim como muitos brasileiros não gostar de legendas, só que diferentemente do que acontece aqui que tudo é dublado, algumas vezes pessimamente, lá eles optam por refilmar algum filme que tenham gostado e é em outra língua. E uma das soluções interessantes que ao menos tem dado certo é colocar pessoas da mesma equipe para fazer a refilmagem, e em "13° Distrito" funcionou razoavelmente ao usar o mesmo roteirista, produtor e até mesmo um dos atores principais. Outro fator que vai ficar sendo sempre outra incógnita é como em filmes policiais, os bandidos dão mil tiros e nenhum acerta o protagonista, e o protagonista dá 1 soco e o bandido vai pro chão.

O filme nos mostra que Brick Mansions é uma área da cidade de Detroit onde a violência tem índices altíssimos, o que fez com que a prefeitura local praticamente abandonasse o local à própria sorte. Com isso, traficantes como Tremaine Alexander ganharam status e poder, por mais que sejam combatidos por Lino, um especialista em le parkour que tenta erradicar as drogas do local. Entretanto, Lino tem problemas com a polícia, corrompida pelo crime organizado, o que faz com que seja preso. Um dos poucos que tentam realmente seguir as leis é Damien Collier, um detetive que recebe como missão entrar em Brick Mansions para resgatar uma bomba que pode matar milhões. Para tanto, ele precisa contar com a ajuda de Lino, que deseja retornar ao local para resgatar Lola, sua namorada, que foi raptada pelos capangas de Tremaine.

Não assisti ao filme francês "B13", mas confesso que fiquei bem curioso após ver esse que é um filme tradicional onde um policial acaba infiltrado em uma gangue para tentar resolver um problema pessoal, mas a mando de um político e a partir daí toda história se desenrola. Já vimos vários filmes desse estilo, e a parte da crítica social é bem interessante para o que andamos vivendo no Brasil. Claro que o fator morte de Paul Walker fez com que o filme fosse lançado nos cinemas e não apenas nas locadoras, mas esse cunho político também vale a pena ser um motivo a mais para ver o filme. Claro que se formos ao cinema preparados para reclamar, filmes desse gênero é chegar com a piada pronta, afinal são muitos tiros errados para socos certeiros, saltos que julgamos ser falsos, mas se pesquisarmos um pouquinho vamos levar uma cacetada imensa que explicarei melhor nos atores, além claro da velha façanha de nomes abrasileirados erroneamente, afinal a expressão 13° Distrito não é dita nenhuma vez no filme, apenas sendo usado para referenciar ao filme original. Ou seja, teria tudo para reclamar aos montes, mas não, vamos analisar como o primeiro trabalho na direção de um editor pode mostrar uma façanha interessante para quem quer algum dia dirigir um filme, que é olhar ele como deseja ser finalizado, e isso Camille Delamarre sabe de cor, pois já editou filmes de ação que erram justamente em passar toda essa falsidade da gravação, o que aqui embora podemos dizer que é falso a todo momento, foi feito de modo a não dar erro, então os efeitos de movimento funcionam e divertem bastante por sinal, entretendo o público e tornando a história mais interessante até do que é realmente.

Quando disse que os saltos pareciam ser falsos, mas não são, o motivo é que o ator tanto do filme francês, quanto da refilmagem David Belle é o criador do Le Parkour e treinador de dublês, então o ator que pulou como uma rã em diversas cenas do filme fez tudo dentro da realidade e mandou bem demais nos trejeitos interpretativos de modo a convencer bem do que está fazendo. Se muitos já estavam saudosos por ser o último filme que Paul Walker atuou inteiramente antes de seu falecimento em novembro/2013, vão ficar mais tristes ainda ao ver que o cara mandou muito bem tanto na composição do personagem quanto nas cenas de ação, dando uma característica interessantíssima para a trama que com certeza iria pedir uma continuação. RZA fez um papel calmo demais para um traficante, mas como organizador do tráfico até que soou legal tudo que faz. As mulheres da trama Catalina Denis e Aysha Issa ficaram forçadas demais e só salvam seus momentos de luta que são interessantes de ver. Os políticos apenas servem para aparecer e falar muito pouco então nem dá para dar relevância para o que fazem, e ainda assim fazem mal. E os demais são apenas personagens para as cenas de luta, tendo destaque Robert Mailet como Yeti, numa singular referência ao abominável homem das neves pelo seu tamanho.

Um fator muito bem feito foi a escolha das locações de filmagens, que acabou mostrando bem o estado deplorável de abandono de uma comunidade, falo isso pelo visual, mas faltou um detalhe crucial, mostrar mais pessoas nas ruas, abandono, e tudo mais para referenciar tudo que pedem no filme, mas como não estamos falando de um longa politizado, o que valeu e muito são os prédios bem no estilo que o filme pedia, com elementos internos condizentes com o tráfico e militantes armados até os dentes prontos pra agredir. Os carros nos remetiam a todo momento aos filmes que marcaram a carreira de Walker, com corridas malucas sem pensar em nada e embora tenha até sido bem encaixado na trama, ficaram exageradas demais. A fotografia abusou bem dos tons marrons e em alguns momentos puxou para o vermelho principalmente nas cenas onde envolvia o chefe do tráfico, inclusive com uma sala bem estranha toda iluminada em vermelho.

Enfim, é um filme bacana, mas ao mesmo tempo vemos exageros demais nas cenas, poderiam ser um pouco mais realistas que a ficção acabaria mais interessante de ver nas telas, ao exemplo do que insisto em frisar, a quantidade de tiros dados que não acertam nem de raspão, tirando um para não ficar tão falso, nos protagonistas, e assim sendo somente recomendo para quem gosta mesmo do estilo do filme. E recomendo também para quem já estiver com saudade dos trabalhos de Paul Walker, mas já deixo um sobreaviso que no início dos créditos ao aparecer in memorian com a foto do artista bate uma tristeza imensa pelo bom trabalho que fez e que faria mais ainda. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, ainda hoje fecho a semana com a última estreia do interior, então abraços e até breve.


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