O gênero documentário é um dos estilos que mais sofrem boicotes nos cinemas comerciais, afinal não é algo que muitos gostem de ver numa telona, optando muitas vezes por assistir apenas em casa, isso quando passa na TV, pois alugar também é algo que o pessoal foge. Mas os que acabam caindo nas telonas geralmente têm agradado bastante pelo conteúdo ser bacana e principalmente pelos diretores terem conseguido sair do tradicional modo jornalístico, e por que não dizer chato, de fazer esse gênero num molde que todos possam gostar. Mas e quando o mote do documentário é um jornalista famoso pelas suas reportagens polêmicas? Como conseguir fazer algo interessante jornalisticamente e dentro de um contexto cinematográfico? A pergunta é bem respondida colocando Bruno Quintella em uma busca de conhecimento por tudo que o pai fez em "Histórias de Arcanjo - Um Documentário Sobre Tim Lopes", e com isso o diretor conseguiu mesmo que usando de muito material jornalístico, trabalhar um vértice diferenciado e interessante de ser assistido por todos e obrigatório para jornalistas.
O filme conta a trajetória e vida do jornalista Tim Lopes a partir do ponto de vista de seu filho. Dez anos após a morte de Tim, evento que chocou os cidadãos brasileiros, o longa procura contar outras histórias além das de quando ele era jornalista. Contém imagens de arquivos, feitos por Tim Lopes e por outros, e depoimentos de amigos, família e admiradores.
Se existe uma palavra para definir a direção de Guilherme Azevedo é inteligência, pois pegando o roteiro do próprio filho de Tim Lopes ou Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento como fora batizado em 1950, Bruno Quintella, ele conseguiu somar à uma vasta pesquisa e a imagens tocantes dos depoimentos de diversas pessoas, o material de reportagens e textos de Tim, transformando o filme em algo que muitos podem até já ter visto em algum telejornal, mas compilado de uma forma única acabou tendo um resultado bem impressionante e gostoso de assistir, passando os quase 90 minutos de duração do filme tão rapidamente que pode até parecer que não mostraram todas as polêmicas que ele se envolveu, mas é garantido que as mais envolventes estão ali e bem expostas.
Bruno também entrando a frente das câmeras em diversos momentos, consegue ser comovente e envolvente, pois tem um carisma jornalístico que encaixou perfeitamente com a ideia do longa, e com isso as entrevistas acabam ganhando um certo nível de emoção maior, pois as pessoas se abrem para ele como se tivessem algum pesar emotivo que ficaram devendo para seu pai, e assim sendo o longa toma um rumo meio de homenagem, o que pode ser ruim, pois todos possuem algum momento negro/obscuro em sua vida, e até mesmo o investigador que falou mal de Tim na época da sua morte, agora 10 anos depois fala completamente diferente do que disse na época. Ou seja, preferiram fazer um longa mais positivo e não se adentraram tanto às coisas ruins que podiam queimar patrocinadores, por exemplo as brigas nos últimos dias com a própria Rede Globo, por estar sofrendo ameaças, utilizando a própria Globo como patrocinadora do filme.
Enfim, o longa é bem interessante de assistir, e recomendo bastante principalmente para amigos que cursam jornalismo ou aqueles que gostem de um documentário não tão maçante como estamos acostumados a ver, claro que valendo a ressalva de não ir esperando ver nenhuma polêmica mais forte, já que a abrangência ficou mais voltada para as coisas malucas, mas boas que o homenageado fez. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana teremos um filme fora de circuito comercial para conferir no SESC, então pra quem achava que fecharia a semana hoje, irei ver ainda mais um filme para deixar a minha opinião aqui, então abraços e até breve pessoal.
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