Antes de mais nada, o que vou expressar aqui no texto é apenas uma parte da minha opinião, já discuti com alguns amigos sobre o assunto, e não sou, nem nunca serei um idealizador político de nada. Mas como confiro todos os filmes que lançam no interior, cá fui eu para uma sessão comentada com o diretor de "Junho - O Mês Que Abalou o Brasil". Gosto muito quando existe essa possibilidade de discussão após o filme, para ver se o que pensei inicialmente e durante a sessão bate com os demais espectadores, e principalmente com a ideologia do diretor ao fazer o filme, mas como no interior são raras as vezes que podemos ter essa oportunidade, então de forma alguma iria perder o filme, mesmo que tivesse o maior conteúdo politizado que fosse possível. Mas felizmente, a ideia do diretor, por ser um jornalista de um meio midiático importante, e principalmente por não querer criar algo além do que aconteceu, foi de criar um documento histórico, ou seja, documentar em um único material tudo que ocorreu naquele mês que marcou um país. Então, até tínhamos na sessão algumas pessoas de MST e outras causas sociais, que até saíram talvez um pouco frustrados com o que viram, diferente do que eu particularmente senti pelo filme gostando muito, pois o longa não tem a intensão de ser usado para criar uma revolta, fazer com que todos saiam quebrando tudo numa nova manifestação e tudo mais, mas sim mostrar que o que ocorreu em 2013 serviu sim para as pessoas passarem a discutir mais política e pensar melhor ao votar, ao exigir algo, à tudo e junto de um material riquíssimo que a TV Folha, a qual o diretor comanda, conseguiu captar, daqui a 10-20 anos quando as crianças estiverem estudando, num pensamento positivista e otimista, política ou então História nas escolas, possam saber como foi a mudança de um país através duma manifestação de muitos que estavam envolvidos inicialmente em uma causa, mas através de diversos fatores, que são precisamente bem mostrados no documentário, acabaram mobilizando uma população praticamente inteira para discutir o que achavam estar errado no modo que viam tudo ali.
O documentário mostra as manifestações que tomaram conta das ruas em diversas cidades do Brasil em junho de 2013. Tudo começou em São Paulo, quando a população organizou uma passeata contra o aumento das tarifas do transporte público. As reivindicações aumentaram, havendo protestos contra a corrupção, falta de serviços públicos e gastos excessivos com a Copa do Mundo. O movimento evoluiu e ganhou dimensão nacional, a ponto de levar mais de um milhão de pessoas às ruas.
Um dos gêneros que muitos acham não dar trabalho algum é o documentário, ledo engano, pois com o tanto de material que uma equipe inteira recolhe, cabe a um bom diretor e seu montador de confiança ou algumas vezes até ele mesmo, saber que boas partes escolher para tornar seu filme agradável para que todos assistam e reflitam no que ele quis passar e principalmente, quando o conteúdo é algo jornalístico, como é o caso aqui, tenha várias vertentes tanto de um lado quanto do outro, para que seu material tenha um valor maior e sua opinião seja ressaltada. E no longa em questão, o diretor João Wainer foi sábio em trabalhar toda a situação de uma forma bem imparcial, colocando todos os fatores com pontuações intrigantes, mostrando cenas cômicas, violentas, emocionantes e até chocantes que ocorreram pelo Brasil afora, e com isso o longa acaba tendo um valor bem sistemático e pautado no que podemos esperar do filme, claro quem for ver ele como um registro histórico, já que quem for preparado para assistir e sair gritando da sala por novas reivindicações, não saia tão feliz da sessão.
Todos entrevistados foram bem eloquentes em seus pontos opinativos, usando sempre de boas referências e usando de um discurso sincero sobre os fatos, nem sendo exagerados em palavras de difícil entendimento, mas também não deixando de lado o conteúdo em que se embasaram para falar, não usando apenas os protestos que ao fundo estão ocorrendo para firmar nos discursos, mas trabalhando todo um contexto histórico, social, político e até mesmo filosófico para suas entrevistas, e essa escolha bem ampla dos entrevistados deu uma vertente mais sábia para que o filme não ficasse somente nos que sofreram agressão, os que foram às ruas, ou pessoas do outro lado como políticos e policiais. E assim a trama desenrola não alongando em nenhum momento, nem ficando trabalhado demais na capitulação dos dias de manifestações, que acabam apenas sendo uma referência para o material, não sendo um peso de cada ato.
Bem, como disse no início, não me aprofundei tanto na discussão politizado principalmente por não ser o motivo do site, preferindo falar mais do conteúdo dele como algo cinematográfico, e dessa forma posso dizer que mesmo não sendo de minha predileção documentários jornalísticos sobre determinado fato, gostei bastante do que vi e recomendo não tanto para ser visto agora, já que tudo que aconteceu ainda está bem fresco na memória da maioria dos brasileiros, ou melhor, para quem estiver esquecendo pense em dar uma assistida lá pro comecinho de Outubro que quem sabe vale a pena, e daqui alguns anos procure mostrar para as crianças mais novas que com certeza ou não viram ou não estavam ainda presentes nesse momento do nosso Brasil. Fico por aqui agora, mas essa semana será mais uma das bem corridas, já que os horários das estreias estão péssimos, mas com certeza esse Coelho aqui irá ver tudo que apareceu, então abraços e até breve com mais posts.
PS: Embora o diretor tenha demonstrado sua opinião pessoal no debate após a sessão, gostaria de ter visto um fechamento mais pontuado disso no filme, o que não ocorre, então apenas essa ressalva para a nota, mas tirando isso, é um excelente documentário.
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