É interessante que quando vemos no pôster ou no trailer o escrito "baseado em fatos reais", o filme pode até ter cara de bobo, mas nos incentiva a ver, afinal quem não gosta de ver alguma bizarrice que algum maluco fez não é mesmo? Porém com o filme "A Marca do Medo", que é embasado na Experiência Phillip realizada em Toronto em 1972, o filme ficou na dúvida de qual estilo de linguagem de terror iria seguir, colocando um pouco de tudo e não agradando de nenhuma forma. O propósito de alguns filmes de terror é assustar, mas quando o susto vem trabalhado é uma coisa, agora quando é apenas jogado em nossas caras, acaba não agradando muito e é bem isso o que acaba sendo feito nesse filme.
O longa nos mostra que durante uma aula na universidade, um professor pergunta a seus alunos o que são fenômenos sobrenaturais e se é possível provar que eles existem. Como ninguém consegue responder, ele decide formar uma equipe com três alunos para investigar o estranho caso de Jane Harper, garota aparentemente possuída por demônios. O experimento consiste em isolar Jane dentro de um casarão e fazer uma série de testes, na esperança que os poderes paranormais na garota se manifestem diante das câmeras.
O roteiro em si é até simpático, e se tivessem trabalhado ele um pouco mais ao invés de colocar apenas sustos na tela, por exemplo trabalhando mais a ideologia que o jovem cinegrafista resolveu pesquisar, com toda certeza teríamos outro estilo de filme que agradaria bem mais. Outro problema da direção foi a falta de escolher o estilo de filme que iria seguir, pois temos todos sem exceção modelos que apareceram nos últimos anos, e isso acaba bagunçando a cabeça dos espectadores, que em alguns momentos ficam esperando acontecer alguma coisa sobrenatural em algum canto, outras vezes esperamos a menina sair gritando feito um ser demoníaco, em outras com cenas onde tudo é escuro e não enxergamos um palmo, ou seja, o diretor John Pogue que fez um bom primeiro filme em 2011 acabou se perdendo ao misturar elementos que desconhecia que acabaram não servindo para muita coisa. Além de pegar a história e acabar deixando ela mais confusa do que já era inicialmente.
As atuações estão interessantes de observar, principalmente da jovem possuída feita por Olivia Cooke que conseguiu ser uma incógnita durante todo o filme e isso é bacana de ver quando uma artista segura a tensão e não revela facilmente a resolução de um terror. Sam Claflin abusou do lado romantizado que está acostumado a fazer, e poderia ter sido menos cético no personagem, de forma que alguns momentos seus até soam bobos demais. Jared Harris está bem colocado na trama e agrada seus trejeitos e a forma sombria que mantém até o fim, claro que seu modo de professor desaparece rapidamente demais, mas isso é um problema de roteiro e não de atuação. Erin Richards por muito pouco não virou a garota gostosa que vira picadinho em 30 segundos de filme, o que é um clichê super tradicional dos filmes de terror, mas não convenceu ser a psicóloga experiente para manter a personagem. Rory Fleck-Byrne é o enfeite da vez, sendo sua atuação de técnico dos aparelhos tão útil quanto as cenas mais escatológicas de vômito que sempre colocam nesse estilo.
O conteúdo visual do filme é muito bem feito, com a casa mal assombrada escolhida na medida, com portas pintadas grosseiramente, ambientes sujos, equipamentos antiquados e tudo mais para dar um ar tanto da época quanto assustar mais ainda. A câmera usada pelo rapaz para filmar tudo é uma relíquia total e usá-la para retratar esses episódios é quase uma loucura gigante. Ou seja, ao menos nesse quesito a produção compensa bem dando uma cara própria para o filme que já continha coisas clichês demais no roteiro e ao menos em algo precisariam caprichar. A fotografia padrão total de cenas extremamente escuras que pegam o público desprevenido e quando não usando uma gramatura mais suja e cheia de ranhuras como filtro para aparentar um filme mais de época, além claro das imagens feitas pela "pequena" câmera de mão que dão uma qualidade mais estranha e interessante de ver na trama.
Enfim, é um filme que tinha até potencial para ser um terror excelente, mas foi meio mal planejado e estruturado, de forma que até assustamos com diversas coisas, mas a sensação é de que vimos algo que se duvidar amanhã mesmo já nem lembraremos de ter assistido de tão fraco que acabou ficando o conteúdo. Não posso dizer que foi o pior filme que já vi, mas esperava ao menos algo que ficasse com mais medo do que assustado em alguns momentos, como foi o caso do outro filme dessa semana "O Espelho", portanto só vá assistir se realmente não tiver mais nenhum outro para conferir, e de preferência escolha horários mais vazios, pois ninguém merece uma sala cheia de jovens crianças crescidas que ficam fazendo graça a cada cena mais envolvente. Bem é isso, ainda tenho mais um apenas para conferir nessa semana, mas provavelmente confiro ele hoje a noite, então abraços e até breve pessoal.
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