Planeta dos Macacos - O Confronto em 3D

7/20/2014 03:44:00 PM |

Em 2011 o grande público cinéfilo teve uma das maiores tremedeiras ao aguardar a estreia do reboot de um dos maiores clássicos que tivemos que foi "Planeta dos Macacos", mas o que ninguém imaginava era que ficaria tão bom, afinal agora com toda tecnologia possível, ficou até mais fácil fazer a interação macacos com humanos. E com o final do filme, todos já ficaram malucos por aguardar a continuação, imaginando se já iriam dar um jeito de ligar com os anteriores ou se teríamos mais alguns filmes até o ponto culminante que tanto marcou uma época nos anos 70 e depois com o filme separado em 2001. Pois bem, aí é que entra o grande problema que até tentei me controlar, mas acabou acontecendo, de criar uma expectativa enorme para "Planeta dos Macacos - O Confronto\" e ao ver o filme conseguir observar sim um grande trabalho, mas que acabou sendo até mais fraco que o primeiro e deixou coisas demais para um, dois, ou até três outros filmes que devem aparecer em breve, e dessa forma ir ganhando mais e mais bilheteria, até que o público fique cansado de enrolações, o que é uma pena, já que muita coisa poderia ter rolado já nesse filme.

O filme nos mostra que dez anos depois da batalha na Golden Gate Bridge, em São Francisco, o futuro da raça humana está ameaçado. Uma doença, chamada gripe símia (que, no entanto, foi desenvolvida por humanos em laboratório) dizimou grande parte da população mundial. Sem energia elétrica, um grupo de sobreviventes liderados por Malcolm precisará entrar na floresta dos chimpanzés para negociar com César e sua trupe para tentar reativar uma usina localizada no território dos primatas.

Se a mudança de diretor não deu rumos tão interessantes para a história, afinal praticamente temos uma nova forma de apresentação, agora de como as comunidades acabaram se desenvolvendo, e não o que deveria ser mesmo que é o nome do filme, o confronto, em compensação a evolução gráfica foi algo que nem em sonho imaginaria um dia ser possível de ver num cinema, pois as texturas empregadas nos animais que possuem seus movimentos e expressões todos captados por motion-capture, ou seja, uma pessoa com muitos pontos e câmeras junto do corpo captam cada detalhe do ator para dentro de um computador depois virar os macacos, e aqui o trabalho foi muito além pois ao invés de filmarem tudo em estúdio, foram feitas a maioria das cenas tudo isso dentro das florestas, tendo um trabalho de produção muito forte e trabalhoso, mas que acabou recompensando muito o público pelo visual apresentado. Então por que o desânimo vocês devem estar querendo me perguntar? Pelo filme enroscar demais e não evoluir tanto como o primeiro filme acabou nos preparando, deixando no ar a guerra em si, não que o nome não tenha ocorrido, afinal confronto existiu de uma certa forma, mas a batalha ou guerra como deve chamar o próximo filme que vai ser algo grandioso que poderá mostrar como o planeta passou a ser integralmente dos macacos não veio, e o que me dá mais medo por questão de produtores querer tanto dinheiro é que o próximo ainda seja bem enrolado. Além do visual que vou falar mais daqui a pouco, um ponto que vale a pena parar e compreender certa beleza dentro do roteiro e da direção de atores, foi a linguagem de sinais que os macacos desenvolveram, que mesmo Cesar já tendo falado no último filme, ficaria algo estranho que ele tivesse ensinado todos os macacos a falar, sendo mais fácil todos compreenderem a linguagem dos sinais, e isso ficou muito bacana e bonito de ver, mesmo que sendo estanho alguns momentos iniciais do filme com um silêncio monstruoso e apenas algumas legendas aparecendo. Agora fica a questão pros amigos que tanto amam filmes dublados, irão ler na hora que os macacos estiverem conversando, ou a dublagem irá fazer todos os macacos falarem?

Sempre enalteci o trabalho de Andy Serkis, e a cada novo trabalho seu, ele demonstra mais ainda que merece grandes prêmios pelas performances que coloca em seus personagens, e a cada dia como as câmeras pegam mais elementos de interpretação dos atores que estão por trás de "fantasias" digitais, é questão de tempo até que seja mais reconhecido ainda, pois o que faz aqui é algo brilhante novamente, colocando expressão tanto nos trejeitos do macaco Cesar quanto na entonação da voz a cada ato ficando mais impressionante, além dos movimentos precisos e de difícil execução que ficaram perfeitos. Outro destaque vai para Toby Kebbel que já fez muitos papéis sendo personagem humano, mas o que fez como Koba aqui é de arrepiar, misturando um design totalmente feio e desconcertante em algo pior ainda com o que consegue fazer, seus trejeitos e entonações vão num nível se duvidar até acima de Serkis e conseguiu chamar toda a atenção pra si durante quase o filme todo. Dos personagens humanos, Jason Clarke com seu Malcolm foi de uma precisão também que agradou bastante, mas não sei se o diretor lhe pediu ou acabou saindo exagerado mesmo, sua expressão de sempre em pânico ficou forte demais, claro que vendo o que os macacos faziam é de se assustar, mas chega a dar mais pena do que ele vai fazer do que torcer para que consiga algo. Gary Oldman temos de considerar que foi quase uma participação especial que fez, já que é praticamente o líder dos humanos ali reclusos e não tem mais do que 4 cenas expressivas, de forma que poderia ter sido melhor explorado suas cenas, nem mesmo quando volta a energia e ele vê as fotos acaba nos comovendo, tendo seu grande momento apenas no momento do discurso e nada mais, quanto a sua atuação é convincente apenas, já que não fez mais do que está acostumado a fazer, continuando a ser um grande ator, que acabou sendo poupado. Kodi Smith-McPhee é um ator que até agora estou me perguntando qual sua importância na trama, pois em certos momentos até parece que vai engrenar uma boa amizade com o macacão Maurice, mas seu expressionismo é tão fraco que não desenvolve nada, não sei se terá uma participação maior num próximo filme, mas se for precisará trabalhar bem mais do que ter apenas um bom agente para lhe colocar numa produção. Keri Russel também faz algumas caras e bocas de espanto, mas serviu apenas como médica nas cenas mais necessárias e ainda assim acabaram cortando seus momentos de ação, então o que vemos é a mulher do protagonista que está ali como companheira e mais nada. As participações dos demais humanos só serviram mesmo como figuração, ou em certos momentos para gritar ou levar tiros, fazendo algumas besteiras cênicas e servindo pra encher o cenário, então nem vale a pena ficar falando sobre eles. Quanto aos demais atores que incorporaram os macacos, valeu muito cada um que tem seu momento de tela, destacando além dos dois que falei, Karin Konoval repetindo seu papel de Maurice, e Nick Thurston que deve ter uma grande participação no próximo filme já que Olhos Azuis é filho do dono da festa então vai ser o macaquinho rei em breve.

Bom, o que podemos falar do filme no conceito visual é que com certeza nenhum dos grandes mestres do cinema imaginou que um dia os atores não dependeriam mais de suas questões estéticas e físicas para representar perfeitamente qualquer outra coisa de forma bem feita, pois é impressionante o que a computação gráfica foi capaz de fazer com os atores aqui, e o melhor, sem perder as expressões deles, ou seja, tiveram de atuar também, sendo cobertos digitalmente apenas por uma pelagem de textura magnífica que combinada às locações escolhidas e muito bem trabalhadas com elementos cênicos, característicos de todos os problemas que houveram durante a passagem de um filme para o outro, acabou resultando em algo que impressiona demais dando um ar completamente interessante e diferenciado que poucas vezes vimos em um filme. Ou seja, um capricho da direção de arte que poucos teriam coragem de fazer, mas que acertaram a mão completamente. A direção de fotografia teve de optar por nuances mais escurecidas, tanto para mixar bem o digital com o real, como para dar a sensação mais forte mesmo do conflito, só que com isso tivemos um pequeno problema, todo o 3D que falaram tanto nos making of acabou na minha humilde opinião bem mais fraco do que qualquer um pudesse imaginar, de forma que filmando normalmente teríamos o mesmo filme sem mudar uma cena sequer. Claro que a tecnologia 3D nos dá uma profundidade mais chamativa, mas não é nada que vá diferenciar o filme de qualquer outra aventura, e com 1 ou 2 elementos saindo da tela, aqueles que não notam profundidade então com toda certeza sairão da sala falando que pagaram mais caro à toa, e sou obrigado a concordar com eles. O filme em si por toda a trama visual vale a pena ser conferido numa tela gigantesca, mas quanto a qualquer imersão ao lugar que os macacos vivem, ou estar junto deles no confronto pode esquecer e diminuir qualquer expectativa que tentaram lhe vender.

Outro ponto interessante do filme está na trilha sonora envolvente criada por Michael Giacchino que soube orquestrar as situações misturando tensão em um clima mais dentro da aventura que do suspense, e dessa forma acabamos situados dentro de uma correria ampla sem ficarmos presos à qualquer situação, claro que isso acabou deixando o filme mais leve do que talvez tivessem imaginado, mas a sonoridade colocada além da trilha, para compor os sons dos macacos, ou de barulhos na floresta acabaram fazendo esse trabalho mais tenso.

Enfim, é um grande filme, mas que acabou criando tanta expectativa na maioria das pessoas com o que foi deixado no filme anterior, com tudo que foi falado, com os trailers passando uma impressão imensa, com os making of que optaram por passar nos cinemas e tudo mais, que acabamos indo com muita sede ao pote e o resultado foi de achar apenas um filme normal demais que quiseram apresentar mais coisas para serem usadas em outras sequências. Quem gosta do estilo e for sem pretensão alguma assistir, com toda certeza sairá satisfeito com o que verá, mas se chegar com qualquer pontinha de esperança em ser surpreendido a chance de decepção é altíssima. Então recomendo que quem for aos cinemas nas prés que estão ocorrendo nessa semana, ou a partir da próxima quinta que o filme estreia oficialmente, vá pronto apenas para curtir o filme da forma que falei, como um grande projeto visual apresentando a formação que os macacos acabaram criando que aí a chance é maior de gostar do que verá. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui na expectativa de que para a próxima semana venham muitos filmes para o interior, então deixo meus abraços e até breve sempre dizendo para que comentem o que acharem dos filmes nos posts, para que nossa discussão e textos evoluam. Até quinta então!



 

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