Aquele selo em cima do pôster já diz muita coisa pra quem, como eu, não procura ver trailer nem ler nada antes de assistir uma produção, ou o filme será excelente ou será algo que você sairá da sala sem entender nada pensando porque gastou 2 horas da sua vida assistindo a isso. Com isso em mente, o longa "The Rover - A Caçada" consegue provocar algumas curiosidades com o andamento da trama, mas é de um ritmo extremamente lento, que quase acabamos não reparando nas grandes expressões e sentimentalismos que os protagonistas nos proporcionam, ou seja, é um bom filme, mas quem não curtir algo completamente fora do tradicional fuja rápido do guichê do cinema, senão a chance de reclamar como 90% da sala fez é altíssima, ainda mais com o final proposto, que com certeza gostaria de que me deixassem sem saber mais do que com o que foi mostrado.
Ambientado num futuro próximo, o faroeste se passa dez anos depois que o sistema econômico do mundo ocidental entrou em colapso, e os recursos minerais da Austrália passaram a ser dominados por forasteiros desesperados. Eric viaja sozinho pelas estradas e já perdeu quase tudo o que tem, e torna-se um homem duro e impiedoso. Quando uma gangue de ladrões rouba seu carro, ele vai atrás destes homens. No caminho, ele é obrigado e levar consigo Reynolds, o ingênuo membro da gangue, abandonado por seus comparsas.
A síntese do roteiro é bem interessante e dá base para a trama, mas matamos tão rápido a charada de que o protagonista deseja mais o carro por algo que tem dentro dele, do que a raiva de apenas terem pego algo seu, porém como já perdeu tudo que tinha na vida, o que nos agracia mais na trama é ver a forma que a frase dita no pôster: "Tenha medo do homem que não tem nada a perder" toma uma proporção monstruosíssima e só vai nos intrigando mais ainda com a direção minuciosa de David Michôd que soube transformar Guy Pearce em algo melhor do que já é naturalmente, e Robert Pattinson em algo mais próximo de ser um bom ator. O que faltou no filme foi trabalhar com mais dinâmica, pois não perderia a essência das atuações e quem sabe conquistaria mais o público, já que em momento algum nos vemos envolvidos com o que está acontecendo na tela, e filmes que nos fazem pensar sem que nos seja dado ferramentas, acabam dando mais sono do que servindo para algo.
Ver um ator talentoso mostrando que domina bem suas expressões é algo que sempre aumenta a qualidade de um filme, e Guy Pearce entra com tudo na trama e sem dizer muitas palavras ao longo de toda duração consegue ser didático e pontual para qualificar seus atos, claro que como disse gostaria de ter saído da sessão sem saber o que tinha no carro, mas em momento algum podemos negar que vale ver o filme pelo que faz nas cenas em que dá ordens fortes para o personagem de Pattinson. E falando no ex-vampirinho é possível começar a ver uma evolução nos seus trabalhos, de forma que o que fez em "Cosmópolis" só vem sendo consolidado e aqui nas suas cenas finais chega até parecer que é um grande ator pelo desespero envolvente que consegue criar, merecendo quase que a câmera ficasse somente nele ao invés de mostrar os outros atores, realmente perfeita a atuação em diversas cenas. Dos demais atores infelizmente aparecem muito pouco e nos envolvem menos ainda, valendo destacar apenas a cena mais forte de Scoot McNairy com Pattinson por forçar o jovem ator, e nas suas cenas dentro do carro no início.
A cenografia desértica é assustadoramente linda de ver e acaba nos dando uma profundidade que acaba dizendo até mais do que deve sobre a ideia do longa. A equipe de arte soube trabalhar bem para demonstrar o caos que se tornou o lugar sem recursos para nada e com isso quanto menos aparecer melhor, e dessa forma a escolha das locações foram de suma importância para que o filme tivesse o mesmo realismo. Claro que com muita paisagem seca e sem uma trilha mais forte, como disse acaba cansando, mas ao menos a ideia da trama foi bem passada. A fotografia granulou a imagem num tom amarelado puxado para o laranja bem forte de forma a parecer que o filme estava sendo rodado à uma temperatura de uns 50°C no mínimo e em alguns momentos dá até um certo sufoco para procurar uma sombra onde não existe, ou seja, também um trabalho bem interessante de ser visto.
O quesito sonoro infelizmente foi o que mais pecou na trama, pois além de não dar ritmo, as batidas atrapalharam o andamento do filme, cansando demais o espectador sempre com a mesma toada, e por mais incrível que possa parecer, ao aguardar os créditos é possível ver que são diversas faixas diferentes, mas não é notável quase diferença alguma de uma cena pra outra, tirando as cenas que músicas cantadas passam a fazer parte da trama, e é nesses momentos que acabamos nos envolvendo mais com o teor da trama e quem sabe se tudo seguisse dessa forma teríamos um longa bem diferente.
Enfim, é um filme com um mote bem interessante e atuações precisas que foram muito bem dirigidas, mas que vai agradar uma gama bem pequena dos espectadores que forem aos cinemas conferir, principalmente pelo ritmo fraco e a falta de envolvimento que como disse logo nos primeiros minutos já dá para sentir o que vem pela frente. Recomendo ele somente para quem gosta mais de longas artísticos por já estarem acostumados com o estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana de poucas estreias, mas volto na quinta-feira com o que está parecendo ser o retorno das semanas quentes de estreias, aguardaremos para acabar com essa sina de apenas 1 ou 2 filmes, então abraços e até mais pessoal.
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