Mesmo Se Nada Der Certo

9/18/2014 02:11:00 AM |

É complicado quando nos afeiçoamos a algo, e desde que vi o pôster apenas de "Mesmo Se Nada Der Certo" em Julho quando discutia com minha amiga sobre possíveis pré-estreias de Setembro, fiquei encucado com esse filme. Como de praxe não costumo ver trailers sem ser antes das sessões que vou conferir, e incrivelmente nesses quase dois meses não passou um trailer sequer do filme. E a curiosidade e expectativa de ver ele só crescia, tanto dele não vir para a cidade por ter um quê artístico bem forte, como de por estar com uma expectativa alta por ouvir e ler bons comentários sobre ele poderia acabar não gostando do que veria. E hoje, felizmente veio na pré-estreia da rádio Difusora FM e não tenho quase palavras para expressar o quão bom foi o filme, pois temos ao mesmo tempo quase que um cinema autoral falando de boa música, de produção artística, e tudo mais que faz esse Coelho aqui ser um apaixonado por filmes e por consequência canções de filmes, ou seja, é mais do que um longa comum, é uma experiência sonora gostosa de acompanhar, onde em momento algum caímos para a comédia romântica boba, não ficamos com um drama pesado, e muito menos ficamos com um musical alongado e cansativo, temos portanto a soma perfeita da porcentagem necessária de cada um dos gêneros que o longa acabou classificado Drama/Romance/Musical. E isso meus amigos que leem meus textos, é algo que raramente se vê num filme, então não perca tempo, e vá conferir o longa, depois escute as canções e tenha uma semana mais produtiva depois de relaxar com esse excelente exemplar do cinema.

O filme nos mostra que Gretta e Dave namoram há muito tempo e são parceiros na composição de músicas. Mas, um dia, Dave deixa tudo para trás, inclusive Gretta, quando recebe uma proposta para trabalhar em uma grande gravadora em Nova York. Entretanto, a vida da jovem tem uma nova virada quando ela conhece Dan, um produtor musical falido que a vê cantando em um bar e fica encantado com sua desenvoltura.

Embora tenha feito uma história bem simples, o diretor e roteirista irlandês John Carney, que não é tão conhecido por aqui, mas que já teve outro enorme sucesso musicalizado com o seu filme "Apenas uma Vez", aqui acabou nos presenteando com um filme tão bem trabalhado que tudo acaba tendo conteúdo na trama, e isso é perfeito, pois a cidade passa a ter uma importância, a vida das pessoas envolvidas também acaba tendo significado, a música em si vira objeto de tudo na trama, e ao mesmo tempo, nada necessita se cruzar, fechar o círculo ou mesmo como diz o título do filme dar certo, e essa mágica acontece durante a exibição do longa, não é necessário que ficássemos depois analisando cada trecho para perceber o que aconteceu, está tudo impregnado na tela e em nossos ouvidos que vai ficar ouvindo o Adam cantando Lost Stars durante um bom tempo com sua voz que estamos acostumados a ouvir. Outro feito da trama é o de não ser uma equipe gigantesca, tanto que os créditos sobem tão rápido quanto o trecho exibido durante sua passagem, e isso mostra raça no processo autoral que tanto é frisado na construção musical apresentada no filme que serve também para o mundo do cinema, claro que indo numa vertente totalmente contrária ao que Hollywood tanto preza de milhões de pessoas para fazer uma trama simples.

Falar da atuação aqui, vai mais do que dizer apenas das expressões de cada um, temos de nos atentar que não bastou a perfeição no sotaque gostoso de Keira Knightley, nem em seu teor dramático que conseguiu imputar para sua personagem, mas sim que ela cantou todas as canções que foram compostas para o filme, e muito pelo contrário o tom amador ficou delicioso de ouvir de maneira que muitos irão comprar a trilha sonora esperando que outra pessoa esteja cantando, mas a atriz que já cantou em "Amor Extremo" e é esposa de um músico não nos desaponta de forma alguma, soando mais do que perfeita em todos os quesitos. Mark Ruffalo é perfeito sempre e aqui foi tão dinâmico como um produtor musical que está com sua vida toda bagunçada que tudo que faz é extremamente crível e a cada ato seu acabamos mais envolvidos com seu personagem que tudo, ou seja, incorporou bem tanto suas expressões que nos convence estar vivenciando o momento e não apenas interpretando. Adam Levine começou bem no cinema, fazendo um misto de sua personalidade como músico com seu jeito de analisar interpretando tudo no "The Voice USA", e esse misto resultou num ator competente que agrada na medida, ainda não é algo que pudéssemos falar ser algo digno de premiações, mas como cantar bem ele sabe e muito, e aqui boa parte está fazendo isso, então já valeu bastante. Estou vendo Hailee Steinfeld demais numa semana, e ainda não senti firmeza na forma de interpretação da garota, por sorte do filme, ela aparece somente em momentos chaves para enaltecer o personagem de Ruffalo como seu pai, pois senão seu jeito durão que impregnou na personagem atrapalharia bastante. Dos demais personagens, a maioria aparece apenas como conexões para os protagonistas, inclusive James Corden como amigo gordinho que todo mundo tem para desabafar, mas ele foi tão pouco usado no longa que não vale enaltecer nada, em compensação os momentos de Ceelo Green são tão divertidos que embora apareça somente em três momentos já fez valer literalmente como uma participação de peso.

Diferente de outros filmes que enaltecem Nova York como uma cidade cheia de vida, aqui o lado solitário é mais desenvolvido e a equipe de arte trabalhou tão bem para escolher as locações que visualmente tudo tem o oposto que os protagonistas estão sofrendo interiormente, e isso vai cadenciando tão bem com os elementos alegóricos que não há um desequilíbrio visual, tendo os locais mais imprevisíveis como lugares para gravar as canções da trama, e isso agrada demais. A fotografia também utilizou pouquíssimos filtros para deixar o longa com um tom mais natural e vivo, sem precisar de efeitos que atrapalhassem nem incrementassem nada, facilitando tanto a vida da equipe de produção quanto do espectador para acompanhar o andamento do filme.

Bem, estamos falando de um filme com conteúdo musical, então se nesse quesito houvesse falhas poderiam pegar tudo que tinham gravado e jogar fora, mas claro que isso não ocorreu, pois a trama é impecável nesse sentido com excelentes canções compostas especialmente para o filme que deram uma riqueza de material para um CD bem bacana de ser escutado repetidamente depois. E além disso o filme logo nas primeiras cenas nos mostra um fator interessantíssimo que poucas pessoas botam reparo, que é como um bom acompanhamento pode mudar completamente uma música, pois inicialmente vemos a cantora mandando mal à beça com seu violão e sua música nem chega a agradar muito, na sequência usando de músicos em chroma-key entram os demais instrumentos na canção e magicamente passamos a adorar aquilo que era ruim, e essa visão de um produtor musical que nos mostraram ficou excelente. Como sou um Coelho muito bonzinho, vou facilitar a vida de todos colocando aqui o link da trilha sonora perfeita, que é uma pena não estar com o mesmo preço citado no filme, já que a promoção foi feita apenas no lançamento do longa nos EUA.

Enfim, falei até demais do filme, mas me apaixonei por ele, e assistiria novamente gostando da mesma forma. Recomendo ele para todos que gostem de boa música pop e principalmente que gostem de algo alternativo, pois o tino da trama não é o comercial tradicional que estamos acostumados a receber toda semana, então pode ser que alguns achem estranho demais, outros reclamem do final, mas a chance de quem apreciar algo bem feitinho sem exageros, essa é a pedida certa. Mais uma vez agradeço ao pessoal da Difusora FM 91,3 MHz por ter acreditado que essa era uma boa opção de filme e ter nos proporcionado essa ótima pré-estreia. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda terei muitos outros filmes para comentar aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...