Demorou 65 dias, mas diferente do seu anterior, ao menos apareceu o novo longa de Wes Anderson nos cinemas interioranos. E o mais bacana de "O Grande Hotel Budapeste" é que mesmo com uma história completamente maluca, afinal todos os filmes do diretor são desse nível, ele consegue amarrar os espectadores com um esplendor visual incrível colocando cada detalhe como único numa mistura imensa de bons atores em sintonia com a trama, e fazendo deles até peças vivas da cenografia que amarra todos os eixos da loucura.
O filme nos mostra que no período entre as duas guerras mundiais, o famoso concierge de um famoso hotel europeu conhece um jovem empregado e os dois se tornam melhores amigos. Entre as histórias vividas pelos dois, estão o roubo de um famoso quadro renascentista, a batalha por uma fortuna de uma família e mudanças que atingiram a Europa durante a primeira metade do século XX.
A coisa mais divertida do roteiro e por sinal do filme está nos diversos personagens irreverentes que o diretor nos apresenta a cada momento, fazendo uma verdadeira caricatura de situações que resultam numa história bem montada, mas ainda assim maluca demais para quem não estiver apto com o estilo que o diretor nos apresentar. Porém quem não gostar de coisas tão fora do comum pode achar abusivo o estilo e se perder na ideologia de uma quantidade imensa de personagens que se tentar então querer saber algo de cada um é capaz até de enlouquecer e sair da sala perdidinho com o que viu. Então se posso dar uma recomendação válida para quem for arriscar assistir é, fique de olho apenas nos dois protagonistas e esqueça tudo ao redor, pois a chance de entender a história toda é melhor. Outro fator que incomoda demais no filme é o excesso de idas e vindas no tempo para tentar explicar algo que ocorreu, então só vemos embaixo uma semana antes, ano tal, mês tal, algum tanto antes, e isso atrapalha completamente a narrativa, que poderia ter sido muito bem feito sem tantas reviravoltas na montagem, seria entendível e ainda manteria um teor mais clássico. E a escolha de janelas diferenciadas de exibição para os momentos foi uma escolha, pelo menos para quem for ver numa sala pequena como foi o meu caso, horrível, pois ao ficar o recorte quase 3x4 temos um ângulo de visão pior ainda do que poderia ser, ou seja, o filme é bom, mas daria para ser inúmeras vezes melhorado.
Uma grande sacada que o diretor teve foi escolher um elenco de peso para que seu filme tivesse uma aceitação melhor do que o costume, como se precisasse disso já com o renome que tem, e com isso o filme acaba tendo uma proporção diferenciada já que todos envolvidos são bons atores e conseguem chamar a atenção pra si quando aparecem na tela. Falar de todos aqui seria algo muito presunçoso e demoraria demais, é algo mais para um bate papo de bar, mas vale a pena frisar a boa química entre os protagonistas Ralph Fiennes e o jovem Tony Revolori que demonstraram tanto carisma como perspicácia entre os dois para cativar e chamar a responsabilidade pela maior parte dos diálogos, e mesmo sendo o primeiro longa do jovem garoto, demonstrou não tremer na base com as estrelas que teve ao menos um pequeno momento junto, e quanto a Ralph soube dominar o longa com irreverência máxima mostrando algumas facetas que não imaginava ver vindo dele, por exemplo o tino cômico. Como os demais possuem bons momentos rápidos vale também falar do que mais teve participação no filme além dos protagonistas que foi Willem Dafoe fazendo um matador que faz as maiores crueldades possíveis para buscar o protagonista e com isso mesmo sem dizer muitas palavras agradou com seu jeito rude de ser.
Agora o grandioso feito do filme claro que é no sentido visual total que Wes sempre premia quem vai assistir seus longas, o hotel é bárbaro tanto por fora quanto por dentro, a estrutura da fuga da prisão impecável e divertida, as cenas na neve totalmente perfeitas, a mansão da morta totalmente bem caracterizada e cheia de elementos cênicos, e até as cenas no trem, mesmo se passando num ambiente minúsculo foram bem elaboradas, ou seja, um deslumbre visual incrível que pode até fazer com que o espectador se perca da história e fique somente viajando no cenário, mas isso é algo totalmente comum dos filmes do diretor. Da fotografia posso dizer que foram usados tantos filtros de luz quanto o diretor quisesse, e sempre puxando para a tonalidade rosa/vermelho/roxo, que deu um tom estranho para a trama que é cômica e não seria de forma alguma apropriado esse estilo, mas como disse ele não é um diretor comum, então faz tudo diferente mesmo. O único problema da fotografia aqui nem foi do filme, mas sim da cópia que por ser em 35mm e já ter rodado meio país nesses dois meses, estava bem desgastada e algumas cenas ficaram evidentes que o excesso de ruído na gramatura não fazia parte da trama, então nem vou levar isso em consideração como sendo um filme que tivesse optado por um ar mais sujo.
Enfim, é um filme interessante de ver para quem gosta de coisas diferenciadas, mas que se não tivesse abusado de tantos recursos fora de um padrão tradicional, como citei mais pra cima, seria excelente e todos vibrariam na sessão, que por sinal estava lotada, mas que todos não expressaram nenhum sinal de felicidade, risada ou qualquer coisa do tipo para aparentar ter gostado do que viram. Recomendo ele somente para fãs do diretor saciarem sua vontade de ver um filme dele na telona do interior, já que isso é um caso raríssimo, e quem gostar de coisas bem diferentes, claro que dentro de uma narrativa comum, não passa nem perto de algo experimental, apenas não é tradicional, pois os demais vão assistir algo sem entender nada. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana cinematográfica, acredito que a próxima virá mais recheada, então abraços e até breve.
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