Se Eu Ficar

9/05/2014 01:33:00 AM |

O ano de 2014 acho que irei batizar nos meus textos de final de ano como Ano da Choradeira nas salas de cinema, pois já tivemos vários meses com um filme onde o pessoal da limpeza ao invés de vassouras estava usando rodo para enxugar o mar que os jovens, e também muitos marmanjos, faziam nas salas, e agora me estreia vem o longa "Se Eu Ficar" que por muito pouco não faz o mesmo de lavar, claro que irá escorrer alguma lagriminha se você não for feito de pedra, mas que por uma montagem mais dinâmica e menos dramática conseguiu envolver mais o espectador do que criar a comoção master como tivemos há alguns meses atrás.

O filme nos mostra que Mia Hall é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam. Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.

Um fator interessantíssimo do filme está em sua edição quebrada que ao mixar momentos emotivos com cenas mais alegres, ele acaba abafando um pouco o fator emoção fora de limites, e com isso agrada mais do que se fosse algo totalmente melodramático. O roteiro que foi baseado no livro homônimo de Gayle Forman caiu nas mãos de um diretor estreante em ficção, mas que já produziu e dirigiu muito na TV, e dessa forma R.J. Cutler conseguiu trabalhar da forma mais televisiva possível no filme, com nuances mais rápidas de cada trecho para não cansar demais e também não emocionar de menos, e essa fórmula funcionou bem para criar as situações que acabaram envolvendo os espectadores a curtir o filme, vivenciando ao mesmo tempo um drama adolescente, mas que não apela para nada fantasioso demais, claro que ao envolver questões espíritas o filme tem um viés não tão comum, mas não chega a ser incômodo a ideia que quiseram passar, mas sim algo interessante de se pensar. Ouvi muitos críticos reclamarem do excesso de clichês, mas a originalidade com o tanto que andam fazendo de filmes do mesmo estilo é algo duro de conseguir fazer na totalidade de um filme, aqui salvo alguns momentos que são forçados, o filme consegue convencer de uma forma bem bonita e não tão enfurnada nos clichês.

No quesito atuação sou suspeito para falar de Cloë Grace Moretz, pois adoro essa garota, e a cada filme que faz, consegue ficar ainda melhor e com apenas 17 anos já posso afirmar sem dúvida alguma que deve decolar muito fácil pela expressividade que passa nos filmes que atua, aqui além de conseguir nos convencer como violoncelista clama em diversos momentos para frisarmos nosso olhar em suas interações fortes frente à câmera da forma mais perfeita possível, ou seja, que venham muitos outros longas como protagonista para logo vir todo o reconhecimento que merece com muitos prêmios. Jamie Blackley convence bem como um jovem cantor em ascensão e consegue ter uma química até que interessante com a protagonista, transformando a relação deles em algo bonitinho e ao mesmo tempo com pitadas duras, mostrando em cena coisas que todos gostam de ver na TV. Liana Liberato é aquela amiga de toda hora que serve tanto para nos apoiar nos momentos mais duros, quanto socar nossa cara quando estamos fazendo besteira, e a atriz caiu como uma luva no personagem, pois seu carisma junto de Cloë fez parecer que eram realmente amigas de infância atuando e com semblantes bem colocados, a jovem conseguiu passar uma bela emoção na sua cena principal. Os pais da protagonista Mireille Enos e Joshua Leonard formam um casal meio fora da realidade, mas é divertido de ver as situações que acabam se envolvendo, e além de bom Rock'n Roll que conseguem transmitir também servem para nos mostrar o quão velhos estamos, já que o primeiro filme de Joshua foi "A Bruxa de Blair" todo jovenzinho agora já está até com papel de pai. Aisha Hinds merecia mais cenas além de ser uma enfermeira bem básica no filme, pois ela tem um dom muito bem postado em suas atuações e mesmo com pequenas cenas aqui nos convence ser muito mais do que é preciso na trama. Agora se tem um ator que vale a pena destacar e se pararmos pra pensar seria quase que alguém nulo numa trama comum é Stacy Keach que mesmo quem não tiver muita afinidade com seus avôs irá chorar não uma vez, mas nas duas cenas que desata a falar, pois diz tudo que qualquer pessoa deseja ouvir de uma forma doce e bela.

Um grande acerto no longa foi trabalhar os elementos cênicos bem claros e não usar de artifícios "fantasmagóricos" tradicionais para mostrar que a menina morta voava ou passava por paredes como muitos certamente colocariam, e com isso apenas deram uma roupa de tom diferenciado para que tudo fosse envolvido com certas mobilidades. Nas lembranças tudo é validado para dar o tom musical que vive a família e aonde os jovens estão inseridos, sem errar e muito menos abusar da inteligência do espectador com relação à todas as situações vividas musicalmente, claro que algumas são facilmente apostadas por qualquer um que conheça o estilo do filme, mas não chega a ser exagerado. A fotografia trabalhou com o branco estourado até em excesso, mas é um recurso tradicional dentro da ideologia de filmes que trabalham com mortes/espíritos então até que o encaixe foi bem usado, mas poderiam ter inovado que quem sabe alguns até se apaixonariam mais pela trama, e no início tentaram usar um efeito de granulação estranho que faz com que ficássemos perdidos se já está nas memórias da garota ou ainda não, poderiam ter usado ele mais pra frente, mas depois tudo fica normal, então acredito que seja mais um defeito do que algo usado como alguma linguagem.

Estamos falando de um longa que a música faz parte dele, então errar nas escolhas nesse quesito seria quase que um crime hediondo, mas felizmente por trás da trilha sonora estava o competente brasileiro Heitor Pereira que deu uma sonoridade orquestral muito bem feita para nos envolver. E a equipe musical também se esforçou para colocar canções que não fossem jogadas ao vento, mas trouxessem alguma mensagem intimista para a trama, seja pela letra ou apenas pela versão escolhida para tocar, valendo destacar o encaixe perfeito de Halo da Beyoncé numa versão completamente deliciosa de ouvir e a canção final que diz tudo da relação dos dois protagonistas no filme.

Enfim, é um filme adocicado claro, mas com pontadas bem fortes para emocionar o espectador que estiver num momento mais abalado. Como disse no começo souberam intercalar cenas mais duras e emotivas com momentos mais envolventes e alegres de se vivenciar, então não será algo que vai fazer chorar aos prantos, mas garanto que ao menos algumas engasgadas com as boas atuações e principalmente com os textos, todos sentirão. Recomendo com certeza o filme para todos que gostam de dramas romantizados, pois é onde consigo encaixar ele e só não darei uma nota maior para o filme por pequenas falhas que deixariam o filme mais interessante ainda do que já foi. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas essa semana veio bem recheada, então volto logo com mais posts por aqui, então abraços e até breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...