Será Que?

9/26/2014 01:13:00 AM |

O título da comédia romântica "Será Que?" nos dá inúmeras possibilidades de brincadeiras, pois é tudo tão comum na trama, até mesmo o trovejar na cena de virada é colocado pontualmente no local correto, que fica a pergunta no ar, será que dá para tentar ironizar o amor numa comédia romântica? A resposta é tão simples que o fechamento do filme nos mostra que a tentativa foi boa, mas não conseguiram sair da linhagem tradicional bobinha e que sem envolver o espectador, a trama acaba até tendo uma levada interessante, mas não empolga.

O filme nos mostra que a vida de Wallace tem sido repetidamente perturbada por relacionamentos ruins, até que um dia ele conhece Chantry, que vive com seu namorado de longa data Ben, e eles formam uma conexão imediata, que logo se transforma em uma intensa amizade. Mas não há como negar a química existente entre eles, fazendo com que eles se perguntem se o amor da sua vida é na verdade seu melhor amigo.

O roteiro que é baseado numa peça teatral traz consigo uma forma bem verdadeira, mas que com a condução escolhida pelo diretor, acaba indo numa vertente sem rumo logo que inicia o segundo ato, transformando um filme que poderia ser um tremendo diferencial numa comédia bem simples com todos os trejeitos, clichês e afins que estamos acostumados. O mais engraçado é que a levada do primeiro ato nos deixa bem curiosos quanto a que rumos podemos esperar, mas Michael Dowse incrivelmente vira tudo para algo tão comum que como disse, ao dar o trovão em Dublin podemos falar, bem agora vai tudo por água abaixo, e nem uma pseudo-virada na cena seguinte nos engana do final que estava previsto.

No quesito atuação, Daniel Radcliffe conseguiu facilmente abandonar o seu Harry Potter, mas é engraçado que o roteiro, nem sua atuação, consegue nos demonstrar sua idade na trama, e isso em alguns momentos fica fora do eixo, pois ao mesmo tempo que parece ser um jovem universitário, também parece já estar beirando os 30, então essa incógnita intriga e deixa falhas na sua interpretação. Em compensação Zoe Kazan fez tão bem seu papel em "Ruby Sparks" que enquanto tentar fazer tramas joviais vai ser difícil nos convencer tanto quanto lá, e aqui as dúvidas da personagem não foram suficientes para que a atriz fizesse uma interpretação convincente de amar ou não o protagonista, ficando a química de amigos muito mais alta que o romance que acabaram empurrando. Já vi muitos atores non-sense em comédias românticas, mas o que Adan Driver faz aqui como companheiro de casa do protagonista, é totalmente fora do comum, seus diálogos até que divertem, mas ao mesmo tempo que parece um bobão na trama, seus conselhos são os mais verossímeis de assimilação. Mesmo tendo uma participação pequena, Mackenzie Davis faz de sua Nicolle uma personagem importante para os dois pontos chaves do relacionamento dos protagonistas, e esse encaixe mostrou tanto os bons diálogos colocados para ela, quanto a perspicácia da garota, claro que suas besteiras, assim como a de seu par na trama são absurdas demais, mas ela soube compensar. Rafe Spall faz o corno tradicional e seus exageros para puxar comicidade não convencem nem um bebê quanto mais o público alvo da trama.

O conteúdo visual do filme é bem cheio de elementos interessantes para observar, e desde as simples palavras para montar frases na geladeira, até o telhado onde o protagonista passa as melhores cenas, as locações escolhidas sempre estão recheadas de sinais que tentam envolver os espectadores, pontuando o romance de uma maneira bacana, ambientando tudo. A fotografia foi esperta em segurar um tom abaixo do que caracterizaria o romance logo de cara, e com isso ganhou um tempo até o ponto de virada, mas se esquentasse as cores talvez o clima de paixão ficasse mais aceso e o resultado seria melhor.

Enfim, é um filme que nem dá para falar muito, pois qualquer coisa que se diga já entrega algum spoiler, afinal é uma trama totalmente comum, onde poucas coisas saem da tradicional vertente de romancinhos bobos que têm o mesmo começo, meio e fim, então nada irá surpreender o espectador e muito menos acabar envolvendo ele com o que é apresentado. Recomendo mais ver ele numa sessão da tarde chuvosa na TV do que gastar ingresso de cinema com algo que dá para imaginar facilmente pelo trailer, sinopse, cartaz e tudo mais. Bem é isso pessoal, comecei a semana cinematográfica com o pé esquerdo, mas aparentemente ainda terei alguns bons para incrementar o site nesse fim de semana, então abraços e até breve.


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