sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Drácula - A História Nunca Contada

Certos personagens acabam gerando diversas versões de filmes, séries, livros e tudo mais que a mente humana possa imaginar. Em alguns casos, essas repetições ou refilmagens acabam ficando chatos já que na maioria das vezes a história nem mereceria ser contada novamente, e vampiros embora nunca saiam de moda já deram tudo o que podiam nos cinemas, será? Os produtores de "Drácula - A História Nunca Contada" ao menos colocaram no nome que essa sua versão nunca foi mostrada, e felizmente é notável o frescor na história, dando uma repaginada na história conhecida e criando motivos para sua sede de sangue e de vingança. Aliado à isso, souberam colocar batalhas razoavelmente interessantes a ponto de fazer o espectador ficar atento à todos os detalhes para curtir bastante o que está sendo passado, ou seja, uma trama envolvente e bem satisfatória para quem gosta de ação no limiar para não virar um terror, e também não ser um romance.

O filme nos mostra que os habitantes da Transilvânia sempre foram inimigos dos turcos, com quem tiveram batalhas épicas. Para evitar que sua população fosse massacrada, o rei local aceitou entregar aos turcos centenas de crianças. Entre elas estava seu próprio filho, Vlad Tepes, que aprendeu com os turcos a arte de guerrear. Logo Vlad ganhou fama pela ferocidade nas batalhas e também por empalar os derrotados. De volta à Transilvânia, onde é nomeado príncipe, ele governa em paz por 10 anos. Só que o rei Mehmed mais uma vez exige que 1000 crianças sejam entregues aos turcos. Vlad se recusa e, com isso, inicia uma nova guerra. Para vencê-la, ele recorre a um ser das trevas que vive pela região. Após beber o sangue dele, Vlad se torna um vampiro e ganha poderes sobre-humanos.

A base da história é interessante pelo fato de não querer que você domine nem a história das batalhas otomanas muito menos virar um conhecedor nato de vampiros, ou seja, lhe é apresentado o básico do contexto e bora guerrear. Aí é que o diretor estreante em longas, Gary Shore entrou com tudo possível, transformando o simples em algo bem elaborado, que acompanhado de efeitos muito bem feitos e interessantes pela visceralidade, acaba dando um teor gostoso para se divertir com o que é passado. O diretor foi esperto em não ficar enrolando na história, visto que muitos acabariam enfatizando cada ponto para dar uma valorizada no roteiro, que até caberia ser mais bem explorado, mas o público-chave da trama são os adolescentes e com isso nada melhor do que muita briga, e claro pouco sangue, senão a classificação indicativa subiria muito, e esse é um dos fatores que mais decepciona no longa, já que um bom filme de terror, envolvendo vampiros e turcos empaladores, necessita ser praticamente uma carnificina no mínimo. E sendo assim temos algo bem light que quem tem nojo de cenas mais fortes pode assistir tranquilamente que o resultado vai agradar sem embrulhar o estômago.

Quanto das atuações, ironicamente temos um novo vampiro no papel do vampiro principal, outro ex-vampiro que agora vira apenas vilão, e outro ex-vampiro que continuou sendo vampiro, ou seja, a experiência nessa função conta para outros filmes. Luke Evans se sai bem natural ao misturar trejeitos canastrões com rispidez nas ações para que seu vampiro não fique nem cruel demais, mesmo com sua história dura, e também não seja bobinho demais para que a violência seja convincente, e dessa forma seu acerto é bem grande, claro que poderia nas cenas que não está na pancadaria ou nos diálogos mais fortes, trabalhar a expressão mais serena, e não ficar carrancudo o tempo inteiro, mas acabou sendo uma boa escolha para o papel, não decepcionando quando mais precisou. Dominic Cooper tem um texto de vilania monstruoso que se quisesse conseguiria arrebatar até alguns prêmios se tivesse feito uma atuação violenta como pediria, mas ficou tão em segundo plano na trama que somente sua cena de luta com o protagonista acabou valendo alguma atenção para si, e olha que teve mais chances de se mostrar, porém sempre fazendo os mesmos trejeitos acabou cansando. Charles Dance faz um vampiro tenebroso visualmente, que com auxílio de muita maquiagem acabou ficando até estranho, mas sua atuação e pontuação nos diálogos ficaram bem colocados e acabam agradando bastante, também poderiam ter dado mais chance ao personagem, o que acredito que possa vir caso queiram continuar a trama. Sarah Gadon teve boas cenas, mas fazendo sempre um ar triste nem aparentou ser uma rainha, teve alguns momentos intrigantes, mas nada que pudesse ser lembrado daqui há alguns dias. Dos demais quase nenhum chega a chamar atenção também, só o jovem Art Parkinson que como sempre saiu-se bem e conseguiu dar boas nuances de desespero nas cenas em que aparece.

Visualmente o longa conseguiu trabalhar bem o lado sombrio para termos as nuances que conhecemos da Transilvânia de outros filmes e aliado a Era em que se passa a trama, tivemos um contexto gráfico bem bonito de se ver, claro que tudo poderia ser mais explorado historicamente, mas aí teríamos um filme completamente diferente. A cada cena temos um objeto cênico marcante e isso chama bem a atenção para que pudéssemos colocar detalhe em cada época do filme, pois mesmo não trabalhando várias fases, dá para conectar as três de forma bem separadamente. A fotografia utilizou o preto como cor base e oscilou bem pouco nas demais cenas, dando algumas pitadas de vermelho e colocando em segunda mão o prata, o que deu um tom bem clássico para o filme. Os efeitos como disse mais acima ficaram muito bem trabalhados e o "desintegrar" dos vampiros ficou muito legal, juntamente com as cenas dos morcegos.

Com uma trilha sonora envolvente bem puxada para o rock com alguns toques de guitarra, a trama se desenvolve bem rapidamente e isso é bom para não perder o ritmo que o diretor quis passar e isso agrada bastante, já que tendo um contexto um pouco histórico acabaríamos tendo um filme chato se enrolasse muito.

Enfim, é um filme que vale a pena ser conferido e agrada tanto quem gosta de uma ação envolvente quanto quem quiser ver algo que dê para desenvolver um contexto mais histórico para a origem do personagem tão famoso que é o Drácula. Recomendo que vejam nas telas maiores pelas batalhas, mas nada que vá mudar muita coisa no filme. Claro que se os atores tivessem engajado um pouco mais e, quem sabe com uma direção mais experiente, o longa seria até melhor, mas não deixou a desejar em nada, agradando bastante com o que foi apresentado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam algumas estreias para conferir, mas como tenho alguns compromissos nesse final de semana, volto mais no meio da semana com o restante dos filmes. Então abraços e até breve!


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