Se tem um estilo cinematográfico que gostam de experimentar tecnologias e formas é o de animação, afinal cada dia os computadores ficam mais potentes, então porque não tentar a sorte fazendo coisas diferenciadas. E se existe um diretor/produtor que não gosta de nenhuma forma certinha visualmente é Guillermo del Toro, então fazendo algo que gosta de fazer que é lançar novos diretores no mercado, pegou seu compatriota mexicano Jorge R. Gutierrez, que vinha fazendo um bom trabalho visual em curtas e séries animadas, e coloca aqui para lançar seu primeiro longa "Festa no Céu", que ao mesmo tempo que tem um visual maravilhoso e ótimas mensagens na história, não é tradicionalmente uma animação bonitinha, e assim da mesma forma que incomoda, agrada na mesma proporção.
O filme nos apresenta o jovem Manolo, que tem dúvidas entre cumprir as expectativas impostas por sua família de toureiros ou seguir a vontade de seu coração - que leva à música. Tentando se decidir, ele embarca em uma viagem por três diferentes mundos: o dos Vivos, o dos Esquecidos e o dos Lembrados. Ele encontra figuras marcantes e conta com o apoio do amigo Joaquin e da amada Maria.
O lema de vida de fazer sua própria história e engajar os pequenos a seguir bons caminhos, e que eles podem conquistar tudo sendo bons, é um dos arquétipos que mais gostam de inserir nas animações, afinal é uma boa maneira de ensinar as coisas para as crianças com animações, mas aqui o diretor e roteirista Jorge R. Gutierrez soube dominar mais do que isso, ao dar sua versão de "Romeu e Julieta" utilizando algo que é mais mexicano que tudo, que é o Dia dos Mortos, famoso 2 de novembro, e essa mistura ficou muito bacana, pois as lições fluem fácil, acabam animando e segurando bem as crianças nas poltronas, e funciona bem por não utilizar nenhuma das duas academias de animação: stop-motion ou computação perfeccionista, preferindo formas mais quadradas e disformes que acabam chamando bastante atenção. Outro fator bem sábio é o de não trabalhar de forma tão irônica, pois no miolo da história até vemos uma tentativa de escape para essa vertente, mas ao voltar para o lado da comédia romantizada ficou bem mais agradável e interessante, onde as piadas caíram bem e o teor romântico funciona bem em segundo plano.
Contando com personagens bem cativantes, a trama desenrola sozinha e nos faz rir em diversos momentos com os personagens secundários que são bem caricatos. Não é um filme que você irá se apaixonar ou torcer por algum personagem, pois cada um da sua maneira acaba envolvendo e chamando a responsabilidade nas suas cenas, mas que o Homem de Cera é o mais divertido não tenho dúvida. Catrina, a Morte é um personagem também que chama bastante atenção nos seus momentos e dublada na versão nacional por Marisa Orth acabou tendo uma voz interessante. O personagem Joaquin acaba sendo exibido demais e em alguns momentos passamos até a desgostar dele, mas por ser um personagem forte acabamos relevando alguns deslizes e ficando feliz com seu final, e Thiago Lacerda impostou bem sua voz, para dar um ar diferenciado do que conhecemos, ficando uma dublagem bem original. O protagonista Manolo tem carisma para nos conquistar e se segurou muito bem nos 3 mundos, dando nuances interessantes e chamando bem a responsabilidade do filme para si, e agradou com seu jeito romântico de ser. O personagem Xibalba não chega a ser um vilão que ficamos com medo ou raiva, mas consegue ter suas maldades bem colocadas dentro da trama. O vilão mesmo, o Chakal aparece somente para a última cena, e isso achei um pouco falho da produção, já que todo mundo temia tanto ele, deveriam ter explorado um pouco mais. Como os demais dubladores não são tão conhecidos não tivemos uma divulgação tão grande em cima da dublagem, mas o pessoal mandou bem com os trejeitos que criaram, agora ficarei na torcida de que na estreia venha 1 cópia legendada ao menos para ouvir as vozes de Zoe Saldana, Diego Luna, Channing Tatum, Danny Trejo, Ice Cube e Plácido Domingo, que devem ter dado um show musical com as canções originais.
Com uma modelagem estética única, o visual do filme ficou riquíssimo e agrada tanto que não sabemos para onde olhar de tantos elementos gráficos diferenciados que aparecem na tela, e isso é muito bacana de acompanhar, fazendo com que o filme agrade tanto os pequenos pela quantidade excessiva de cores, como os maiores que forem conferir e quiserem se atentar a detalhes cênicos incríveis que a equipe quis colocar para rechear o longa. No quesito 3D, o filme tem uma profundidade bem abrangente que quase nos imerge como parte da história, mas aqueles que esperam muitos elementos voando pra fora da tela talvez ficarão um pouco decepcionados, mas longe de ser ruim, a tecnologia favoreceu muito para que todo esse contexto gráfico ficasse com texturas ainda mais interessantes.
A trilha sonora que ficou a cargo de Gustavo Santaolalla e que nunca decepciona está incrível com muita sonoplastia gostosa de acompanhar e que dita um ritmo bem dinâmico para a trama. As canções dubladas não ficaram tão empolgantes, e quem conhece um pouco mais de inglês consegue sentir que a versão americana com certeza tem notas mais interessantes e por conter alguns cantores famosos deve ter ficado bem bacana de ouvir, mas não posso desprezar que ao menos o sentido das canções foram bem passados pelos dubladores nacionais.
Enfim, é uma ótima opção para levar as crianças nas sessões de pré-estreia paga que estão rolando de 11 a 15 de outubro, inclusive amanhã no Dia das Crianças não é mesmo, e na próxima semana vem com tudo a estreia, então quem gosta de uma boa animação diferente do comum, já pode colocar ela nos planos. Recomendo bastante pelo visual proposto e pelo envolvimento que as mensagens acabam deixando tanto na garotada quanto para nossa vida mesmo. Por ser algo tão diferenciado, o longa me remeteu à "Rango", que inovou e igualmente pôs muitas referências dentro da trama para criar algo maior. Fico por aqui hoje, mas amanhã confiro a última estreia da semana, então abraços e até amanhã.
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