Se tem um gênero no qual gosto muito de assistir no cinema com a sala lotada é o de suspense policial, pois as reações do público são as melhores. E como no filme "Garota Exemplar" com seus 145 minutos temos todos os tipos de sentimentos possíveis na exibição, a sessão de um filme excelente, acaba ficando ainda melhor com pessoas bravas com os protagonistas, revoltadas com tudo que está acontecendo e a cada plano que David Fincher nos entrega não temos mais certeza de nada, afinal quem apostou todas as fichas pelo que viu no trailer, foi pra casa dormir bem cedo sem nada nas mãos.
O filme nos mostra que Nick Dunne é um jornalista de Nova York que busca por Amy, sua esposa, que desapareceu no dia do seu quinto aniversário de casamento. O marido procura a polícia, mas logo torna-se o principal suspeito. À medida que as revelações sobre o caso se desenrolam, fica claro que a verdade não é o forte do casal.
O interessante do roteiro, que graças ao bom Deus foi escrito pela autora do livro Gillian Flynn, assim os fãs do livro não vão querer matar ninguém além da própria pessoa que escreveu, é que ele não tenta nos enganar, entregando tudo perfeitamente como ocorre, e embora não seja um filme fácil demais, está longe de ser algo complexo, apenas bem trabalhado nas mentiras dos protagonistas. E quem está acostumado com o cinema de David Fincher que adora trabalhar com situações, aqui vai sair bem satisfeito, afinal conseguimos ao menos umas três reviravoltas bem interessantes que com uma montagem cheia de pausas para explicar as situações, e que felizmente no miolo são totalmente úteis. Não é um filme para falarmos muito, afinal suspense bom é aquele que não sabemos de nada e achamos que sabemos tudo, mas aqui a tensão é completa já que mesmo sabendo muita coisa no terceiro ato, ainda somos surpreendidos com muita coisa "nova". A única coisa que posso dizer com certeza é que a mão de Fincher está cada dia mais no ponto e mesmo gostando de muitos dos seus filmes anteriores, esse foi um dos que mais achei interessante sua pegada.
No quesito atuação, ainda prefiro Ben Affleck como diretor, afinal seu ego fora do comum combina mais pra trás das câmeras que na frente delas, mas aqui ele até que sai bem, afinal o papel pede um pouco disso, fazendo tantos trejeitos que como diz na sinopse não dá para acreditar em uma palavra que fale, e isso mostra que ainda é um ator que pode surpreender quando quer. Agora o nome do filme é Rosamund Pike, que só fazia papéis pequenos, e com o show que dá aqui suas chances de ao menos uma indicação nas premiações está altíssima, a garota faz de tudo no filme, tudo mesmo, e de maneira totalmente contundente para chocar e falar que merece muitos outros filmes como protagonista. Neil Patrick Harris passa a ser importante nas últimas cenas, e faz bem seu papel de ex-namorado, mas suas expressões forçadas chegam a incomodar demais, e por sorte o diretor percebeu isso e na montagem final o que vemos com certeza é um terço do que foi gravado com ele com toda certeza. Carrie Coon mostra que a conexão de gêmeos nem sempre funciona tanto, e aqui seu irmão na trama mente até pra ela, o que no mundo real é meio difícil pelo que a galera costuma falar, mas sua interpretação foi bem trabalhada e convence de ser uma boa pessoa. Uma onda de delegadas tem tomado conta da ficção seja em novelas, seriados, filmes e o interessante de ver é que cada uma mais durona que a outra, e o que Kim Dickens nos apresenta aqui intimida com toda certeza já que sua atuação foi totalmente incisiva no papel que foi proposto. A parte mais cômica da trama fica a cargo do advogado interpretado por Tyler Perry, pois aqui ele ironizou bonito os advogados que "compram" causas que ninguém defenderia, e também o policial feito por Patrick Fugit que ao ser irônico acaba divertindo com muitas verdades.
Uma trama de suspense que se preze necessita ter diversos elementos cênicos para que o espectador vá junto com a polícia juntando pistas para solucionar o caso, e aqui a cada momento somos apresentados a novos e mais novos elementos, que a cada virada de ângulo de personagem o mesmo elemento passa a servir para outro propósito e funciona muito bem essas inversões. Com locações bem interessantes, a trama poderia conversar conosco sozinha, mas como temos os protagonistas servindo até como elementos em alguns momentos, o suspense ficou muito bem trabalhado. A fotografia foi tradicionalista, afinal Fincher não gosta de muitos enfeites em filmes que não são de época, e com iluminações precisas nas cenas noturnas principalmente, o ar do filme acaba bem próximo de uma série, ao invés de um clima noir que muitos outros diretores optariam.
Enfim, até falei demais para um filme que deve ser visto e não comentado, afinal em qualquer suspense se falarmos demais acabamos entregando pontos que podem ser mais surpreendentes se vistos sem saber de nada. A mídia falou demais do filme, e com isso acabei criando uma expectativa um pouco alta sobre ele, e ainda acho ele bom, mas nada de fenomenal como estão dizendo por aí. Vale com toda certeza conferir nos cinemas, afinal deve aparecer algumas indicações à prêmios para ele, e mesmo sendo algo longuíssimo, ele não cansa nos prendendo do início ao fim, o que é um ponto bem positivo e por esse motivo e tudo mais que disse acima, acabo recomendando ele. Bem é isso pessoal, paro por aqui agora, mas logo mais estou de volta com muitos novos posts, afinal essa semana está bem recheada, então abraços e até breve.
PS: Esperava bem mais dele pelo tanto que falaram, e com isso não tive como dar uma nota maior, mas quem for sem expectativa nenhuma é capaz de gostar bastante e talvez até ser mais surpreendido pelo que ocorre. Fiquei entre 8 e 9, mas optei de ir para baixo.
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