Se existe um padrão já moldado de filmes no Brasil é o de comédia semi-novelesca, pois é o que sabemos que dá público independente de ser boa ou não, geralmente contém os mesmos atores, e em sua maioria apelam para forçar o riso do espectador. Usando bem desses moldes "O Candidato Honesto" estreia na semana eleitoral com Hassum sendo o Maluf dos cinemas, já que o político usa da frase "Rouba mas faz", aqui podemos aprimorar para "É ruim, mas faz rir". Digo que é ruim pela seguinte forma exatamente igual, com trejeitos novelescos e tudo mais que já conhecemos, mas ao mesmo tempo, o filme faz com que o público dê muitas risadas e com isso cumpra com o dever que uma comédia tem com os espectadores que pagaram para rir.
O filme nos mostra que João Ernesto Praxedes é um deputado muito popular, mas muito desonesto também. Ele é candidato à Presidência e está à frente nas pesquisas no segundo turno. Poucos dias antes das eleições, Praxedes recebe uma mandinga da avó e não consegue mais mentir. Será que o candidato vencerá apenas dizendo a verdade?
Basicamente o roteiro nos remete ao filme "O Mentiroso" com Jim Carrey, e como Leandro Hassum é o nosso Jim por suas caretas exageradas, suas piadas ao vento e tudo mais, aqui o diretor Roberto Santucci que já trabalhou com Hassum outras duas vezes não teve dúvidas de quem seria o papel principal. Com uma dose de humor politicamente correta, o filme nos diverte bem, mas poderia ser mais trabalhado dentro do quesito humorístico e menos novelesco, que daí a certeza de agradar mais seria compensada por não precisar de gags cômicas, mas sim um filme inteiramente que fizesse rir. Com tomadas tradicionais, não temos quase que nenhuma inovação no sentido de direção, mas ao menos o diretor foi esperto em não ter escatologias demais, e com isso o resultado já ficou um pouco menos apelativo do que seus outros filmes.
No quesito atuação, Leandro Hassum sempre fará os mesmos papéis, e o dia que conseguir fazer algo diferenciado com toda certeza irá assustar tanto quem estiver vendo que acabará ganhando prêmios e mais prêmios, mas enquanto faz sempre o gordinho engraçado que se redime no fim dos seus filmes, vai continuar sendo fraco, mas divertido. Luiza Valdetaro foi uma grande surpresa no filme, pois fazendo uma jornalista com senso real do que deve explorar, mostrou para o pessoal da categoria que pode ser uma arma ruim se usada de forma errada, e com bons trejeitos e com uma fala bem pausada agradou até mesmo nas cenas mais bobas junto do protagonista. Claudio Cinti começou bem o filme, mas foi caindo para o lado piegas de generalização de clichês gays e se perdeu totalmente não fazendo muito mais em nada. Dos demais atores quase nenhum chama a atenção para si, e isso pesa no filme, pois a responsabilidade de dar certo fica apenas nas mãos de Hassum, mas vale destacar as piadas iniciais em cima de Flávia Garrafa como esposa do protagonista e Julia Rabello fazendo uma Ana Maria Braga com um galo ao invés de papagaio. Além claro do pai de santo Jovane Nunes que deu um show de imitações.
Visualmente o longa teve boas locações para remeter aos lugares que conhecemos tanto dentro da política e mesmo sem abusar de elementos cênicos para servir alguma base, o longa apenas montou a cenografia e deixou para que os atores resolvessem com interpretação todo o restante. Poderia ser mais envolvente cenograficamente, mas optaram por algo mais simples. A fotografia não usou um filtro sequer para destacar nada, e isso pesou muito, pois todas as cenas foram iguais tirando claro o ponto de virada mais clichê de todos que é começar uma chuva, e ai todos já sabemos pra que rumo vai o filme.
Enfim, o longa cumpre o que promete, que é fazer o público rir, e sem apelar muito acaba agradando nesse sentido, mas faltou ser mais filme e menos um seriado aumentado para fazer sucesso na época eleitoral. O bom do roteiro é que colocaram alguns diálogos que muitos necessitariam ouvir sobre o que deveríamos buscar em um candidato, mas como as eleições já deram os resultados e continuamos na mesma, o filme foi apenas uma propaganda colocada. Recomendo mais para quem quiser dar umas risadas num filme que a história não é o que vai importar muito, do contrário se você exige uma história, fuja do filme. Bem é isso pessoal fico por aqui hoje, mas amanhã volto com filmes do Festival que está rolando por aqui, então abraços e até amanhã.
Plágio.
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