sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Juiz

Filmes que envolvam julgamento sempre são interessantes, pois podemos analisar as provas, nos colocar como júri e dar o nosso próprio veredito, afinal já fazemos isso naturalmente com todos os filmes, então em um que estamos diante de um tribunal a coisa fica mais envolvente não é mesmo? E se junto disto colocarmos uma boa dose de um dos filmes que fez grande sucesso ano passado "Álbum de Família"? Ficaria melhor ainda não é! Pois bem, com essa ideologia familiar, de família lotada de problemas tanto no passado quanto no presente, atuações perfeitas de dois atores de grande renome e um caso no mínimo estranho para analisarmos, não tem como reclamar de "O Juiz", mesmo com grandes furos de maquiagem (me senti vendo "Crepúsculo" em algumas cenas) continuará sendo um filme gostoso de acompanhar e até mesmo torcer para indicações à prêmios para os atores no mínimo, mesmo que a crítica americana não tenha curtido tanto assim.

O filme nos apresenta o advogado de sucesso Hank Palmer, que após se distanciar de sua família retorna para a casa na qual nasceu para o velório da mãe e reencontra seu pai, o juiz da cidade e também suspeito de um assassinato. Palmer decide descobrir a verdade e no processo reconecta-se com a família que havia deixado para trás há anos.

Com um roteiro bem trabalhado, onde as situações sempre nos levam a pensar antes mesmo da cena acontecer, a grande sacada da trama é deixar que isso acabe fluindo e em diversos momentos até ir contra o que imaginamos acontecer, e isso é bom, pois se fosse tudo como pensamos a história seria nossa e não estaria nas telonas como uma grande produção. O diretor David Dobkin, que sempre fez comédias, foi bem hábil nas nuances que puderam ser trabalhadas tanto na ideologia dramática quanto dando certo ao colocar pequenas pitadas cômicas para que o filme não saísse do contexto, e isso mostra que sua versatilidade e inteligência são capazes de outros estilos, pois acertar a mão dessa forma é para poucos. Claro que teve ajuda monstruosa do elenco, já que todos ali estavam bem dispostos para os seus personagens, então mesmo não sendo um típico filme de atores, já e a trama pediria algo mais colocado dentro de um roteiro, o resultado final acaba sendo bem eloquente pelo que cada um faz, e ao invés da história pesar, temos personagens pesados.

Já que falei que o grande mérito do filme ficou nas mãos dos protagonistas, vamos falar das qualidades deles. Robert Downey Jr. conseguiu felizmente se libertar do seu Homem de Ferro, pois ultimamente só conseguíamos ver seu estilo de interpretação mesmo em outros filmes sendo o playboy da Marvel, e aqui trabalhou bem a personalidade de uma forma interessante que em algumas cenas até faz parecer que é um novo ator, na cena da bicicleta até lembrou um pouco sua vitalidade de ser, e com expressões fortes corre ainda o risco de ser lembrado em alguma premiação do ano. Só tenho uma coisa a falar de Robert Duvall: deu show, não dá para falar outra palavra senão isso, em todos os momentos é incrível ver sua interpretação, mas na cena da banheira só quem sabe como é na vida real vai emocionar. Vera Farmiga apareceu tão diferente que realmente não reconheci e sua atuação embora simples, já que seu papel não é algo tão significativo na trama, mostrou carisma e fez bem suas cenas, colocando em cheque alguns pontos do protagonista. O problema do personagem de Jeremy Strong não é tão colocado em pauta, mas sua atuação foi ímpar tanto como um cinegrafista-amador quanto com seu singelo modo de mostrar um personagem problemático, foi muito contundente o que fez. Dax Shepard como um advogado que não atua ficou muito cômico e suas cenas são exageradas, mas divertidas ao menos, poderia não repetir tanto sua cena de vômito, mas tudo bem. A garotinha Emma Trembley trabalhou bem, mostrando uma postura de grande atriz, e se derem um papel mais trabalhado é capaz que chame atenção.

A equipe de arte escolheu a dedo uma cidade mais que interiorana e conseguiu representar isso claramente já logo nas cenas iniciais, mostrando o povo caipira, depois as pessoas do júri e por aí vai, mas ao trabalhar nas cenas fechadas abusou de elementos demais, que acabaram perdidos não tendo o significado que mereciam. A cena do vendaval ao menos foi diferente do tradicional e chuvoso clichê de ponto de virada, e ao mesmo tempo que foi bem trabalhado, serviu de realce visual até no tom da trama. Tivemos cenas muito bem fotografadas que o diretor de fotografia fez questão de grudar na edição e não deixar ser eliminada de forma alguma do produto final, e essas nuances de tons serviram bem para mostrar ao espectador que agora é momento cômico, aqui é tensão e aqui é drama, e alguns filmes não costumam deixar isso claro para deixar que o público escolha suas reações, mas de certa forma agradou bastante a forma usada. Não costumo muito prestar atenção em maquiagem e figurino em filmes que não são de época, mas dessa vez o close foi tão exagerado que ficou notável a quantidade de cremes e até lápis para maquiar as olheiras no Downey Jr. e isso é uma falha grotesca em filmes dramáticos que prezam por uma coisa mais suavizada, não sei a que ponto de exaustão foram as filmagens, mas a equipe pecou e muito nisso aqui de forma até amadora.

Enfim, é um filme com formato claro que a Academia gosta, com ritmo bem pontuado e com atores dando o seu máximo, temos alguns defeitos fortes no roteiro que precisaram ficar repetindo a todo momento as cenas para que o público ficasse mudando a opinião quanto ao julgamento do protagonista, mas como sabemos que julgamentos são enrolados dessa forma também e que advogados fazem isso para mexer com nossa opinião até que o efeito soou bem válido. Particularmente, eu terminaria o filme na cena do barco, seria perfeita, mas a continuação e a colocação de algumas lições aprendidas após serviram bem também. Bem é isso pessoal, claro que recomendo o filme, principalmente para os amigos advogados que gostam de fazer seus clientes serem sempre inocentes, e também para quem gosta de filmes de tribunais, claro que já deixo o aviso que não nenhum filme que vai fazer você sair vibrando do cinema, mas é uma boa opção para conferir numa sala de cinema. Fico por aqui agora, mas ainda tenho mais duas estreias para conferir, então abraços e até breve pessoal.

PS: Caberia aqui uma nota 7,5 devido aos pontos que pesei no texto, mas como as cenas contundentes do filme valem a pena, dessa vez optei por arredondar para cima.


2 comentários:

  1. É uma história engraçada e comovente. ”O Juiz”: Robert Downey Jr. no papel pequeno ou mau roteiro porque com a sua esmagadora carisma aumenta tudo, quando ele foi escolhido para interpretar o Iron Man, além de relançar a sua carreira e emergir como o Phoenix o público mostrou o quão bom um jogador que ele é. Juiz em sua presença deve pagar a entrada, mas também os desempenhos de outros atores como Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton não ficam muito atrás. O filme é um drama familiar acima de tudo, torna-se um pouco lento e há uma cena que poderia ter salvo, como chuveiro, mas como é pontilhada com alguns toques de humor quase sempre manipulados por Robert Downey Jr. e Jeremy Strong faz o seu irmão está se tornando divertido.

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  2. Olá Sofia!! Com certeza o elenco está formidável, mas não achei tão cômico assim não, pra falar a verdade esperava até mais comicidade da parte de Downey! A única coisa que falta pro Downey, é ele parar de ganhar dinheiro com o Iron, e investir em algo mais pesado, pra aí sim ganhar peso, mas quem quer parar de ganhar dinheiro né? Abraços!

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