Quando falamos em animações, a maioria já se coloca a frente como sendo filmes para crianças, mas alguns estúdios mesmo sabendo que o público que mais vai desejar, e porque não falar gastar em produtos deles depois, é o infantil, optam por fazer seus filmes de um estilo mais sombrio, e um desses estúdios é a Laika, que faz animações em stop-motion, mais conhecido como massinha por aqui, belíssimas e acaba sempre nos envolvendo com seus longas. Aqui com "Os Boxtrolls", novamente usam o recurso de uma maneira mais que brilhante, mas largaram os pequeninos de lado ao fazer os bonecos com texturas mais assustadoras que bonitinhas, e mesmo eles falando de um modo engraçado assim como já tivemos os mais conhecidos bichinhos amarelos do cinema, não conseguiram divertir da mesma forma. Não estou falando que é um filme ruim, muito pelo contrário, pois ao introduzir as nuances de ensinamentos sobre pais que optam por outras coisas aos filhos e toda a ideologia dos engenheiros, o filme tem toda uma simbologia bela de acompanhar, mas os pais que forem levar os filhos ao cinema é capaz de saírem mais felizes que as crianças propriamente.
O filme nos mostra que Ovo é um garoto órfão, que desde bebê foi criado nos esgotos da cidade de Ponte Queijo pelos boxtrolls, amáveis criaturas que vivem do lixo deixado por humanos. Como os boxtrolls são caçados impiedosamente por Archibald Snatcher e sua gangue, eles apenas deixam o subterrâneo à noite e, ainda assim, de vez em quando um deles é capturado. Quando Peixe, o boxtrolls que criou Ovo, é pego, o garoto decide se aventurar pela cidade para resgatá-lo. É quando conhece Winnie, uma garota mimada que faz com que perceba que ele é, na verdade, um humano.
A história que nos é apresentada foi bem desenvolvida, e consegue ser redondinha sem apresentar praticamente nenhum furo, o que agrada bastante, já que algumas animações apelam para algumas coisas meio fora de rumo, claro que tudo aqui foi montado para criar seu próprio mundinho, e isso agrada muito, principalmente por ver um trabalho totalmente manual bem empregado. Já deixo avisado para quem gosta de esperar um pouco os créditos para ver logo depois dos créditos iniciais uma reflexão sobre o feitio de bonecos em massinha. Voltando a falar sobre a história, o envolvimento dos personagens foi dirigido de forma a termos boas perspectivas com os monstrinhos e ficar oscilando junto com os parceiros do vilão na eterna dúvida de que lado estamos, do bem ou do mal, já que o que pode ser bom para uma pessoa, pode não ser para outra. E com essa e outras filosofias que o filme apresenta, o estúdio que vem optando há bastante tempo, desde "A Noiva Cadáver" histórias com teor mais sombrio voltadas para adultos, faz com que a criançada durma na sala VIP ou peça para ir embora nas demais salas, e assim o filme mesmo estreando na época mais lotada de coisas infantis, é capaz que não emplaque.
Os personagens foram modelados de uma maneira tão interessante, que não temos praticamente nada muito arredondado, procurando sempre ficar o mais quadrado possível, e isso é muito bacana dos animadores em seguir um formato específico. E além disso, procuraram dar o máximo de carisma para cada um dos bonecos, que mesmo tendo caras fechadas de monstros, desde o mais rabugento tivesse um ar alegre por trás dele em algum momento, e com isso temos quase uma festa de Halloween com os bichos procurando peças na cidade e depois montando coisas no subsolo. Claro que vamos nos afeiçoar muito a Peixe e Ovo, afinal são os protagonistas, mas Peixe tem uma sensibilidade tão bacana de acompanhar que chama a atenção pra si, sempre. No quesito vilania, o personagem Archibald faz trejeitos bem engraçados, mas na hora do vamos ver, sai pegando e amassando as caixinhas sem dó, chegando a dar uma ponta de raiva nos espectadores, mesmo ficando engraçado com sua doença. A garotinha Winnie foi um misto de arrogância e graciosidade, que oscilou bastante a personalidade dela, mas agrada. E dos demais vale a pena observar os outros elementos da gangue de exterminadores pelos momentos de dúvida que eles tem. Quanto da dublagem, tivemos boas vozes, nenhuma muito conhecida felizmente já que ultimamente só andam colocando atores famosos nacionais que não sabem dublar nada para vender ingressos, e também não apelaram para gírias nacionais que estragassem o conteúdo do filme.
O conceito visual foi bem empregado e desenhado na medida para manter o estilo proposto pelo filme. E com a ideologia de reciclagem que os monstros também tentam passar, o filme ganhou um estilo interessante de se observar. Com nuances totalmente puxadas para o tom escuro, o filme adoto um ar sombrio, mas sempre que lhe é permitido, são colocados elementos coloridos para dar um charme diferente e tentar dar um pouco de graça para que trama não fique tão pesada. Quanto do 3D, serviu apenas para deixar os bonecos mais vivos e com movimentos mais humanizados, e parecesse mais com um filme mesmo do que com um desenho, mas no conceito de profundidade ou elementos saltantes é quase tão nulo que boa parte dá para assistir totalmente sem óculos, já que as cores melhoram sem ele, então quem quiser pode ir ver sem a tecnologia tranquilamente.
Enfim, é um bom filme mas que faltou um pouco mais de músicas para dar ritmo ou que os personagens nos cativasse mais a entrar no mundo deles. De todos os filmes que o estúdio já fez, esse sendo o quarto, acredito que foi o que mais fez propaganda atiçando o público e menos entregou. Além de que não possui nenhum elemento que fizesse chamar nosso lado infantil, trabalhando coisas mais duras e pontuais. Recomendo ele mais para quem gosta de animação stop-motion afinal é um estilo único e que agrada muito visualmente, mas faltou empolgar mais o público. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas logo mais estou de volta com mais posts, então abraços e até breve.
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