domingo, 2 de novembro de 2014

Alexandre e o Dia Horrível, Terrível, Espantoso e Horroroso

Se existe uma empresa que gosta de séries e filmes voltados para a família é a Disney, e sempre procurando mixar bem a leveza cômica com situações cotidianas, o resultado de cada apresentação nem sempre vai agradar a todos. No caso do filme de título longuíssimo "Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso", quem for esperando rir muito com as situações mostradas pode sair bem frustrado, mas se temos uma coisa que não podemos negar é que funciona bem para mostrar que ao fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o resultado não costuma dar muito certo, e aqui o resultado do filme também acabou um pouco bagunçado já que a definição de cenas engraçadas acabaram perdidas no meio do conceito familiar grandioso.

O filme nos mostra que Alexandre é um garoto de onze anos que enfrenta o pior dia de sua vida. Tudo começa com um chiclete grudado no cabelo e com o passar das horas tudo vai piorando gradativamente. Quando ele decide contar as desventuras do seu dia desastroso para sua família otimista, ninguém parece compreendê-lo, até que ela enfrenta um dia de cão.

Como o roteiro é a adaptação do livro de Judith Viorst, o que podemos falar é da criatividade da escritora em pensar no estilo tudo indo piorando na melhor forma "Se Beber, Não Case" de ser, mas tudo rolando com a família sempre presente, e essa sinestesia que o diretor Miguel Arteta conseguiu transparecer fica agradável para colocar toda a família na sala e acompanhar a história, mas poderia ter trabalhado a situação de maneira mais cômica apelando um pouco menos para as situações bobinhas, e criando casos mais complexos, já que tudo é possível dentro de gags cômicas. Outro problema foi a falta de um ritmo mais envolvente já que na metade do longa tudo parece virar uma enorme bagunça, mas ainda tudo anda lentamente, e isso se visto num sofá de casa, a chance de dormir é altíssima fazendo com que o longa deixe de ser uma comédia e vire um sonífero.

No quesito atuações não vou poder falar muito das interpretações, já que como costuma acontecer com todo filme familiar, as distribuidoras acreditam que ninguém sabe ler por aqui, e só mandam cópias dubladas para o interior, então vou analisar apenas os personagens de cada ator. Um detalhe interessante na trama é que se a Disney quiser, ela aproveita facilmente todos do filme transformando o longa numa série muito interessante, pois Steve Carell como um pai desempregado em busca de entrevistas cairia muito bem para seu estilo e todos torceriam por ele, aqui foi algo rápido demais, mas convenceu bem no seu estilo de ser. Jennifer Garner como a mãe super-trabalhadora é uma loucura de trapalhadas e isso é o inverso do tradicional e ao mesmo tempo que choca, afinal é uma versão totalmente anti-machista, também acaba divertindo bastante com a personalidade da atriz. Ed Oxenbould é o garotinho incompreendido onde o azar parece morar com a nuvenzinha negra flutuando ao seu redor, e suas tentativas de mudar isso soa de forma gostosa de ver e isso é legal, pois acabamos torcendo para ele se dar bem. Dylan Minnette é o ponto final da adolescência, aonde o jovem já se formando quer se dar bem no baile, pegar sua habilitação de motorista e muitas mulheres, e isso acaba deixando ele atribulado demais em conseguir tudo, o que acaba pesando um pouco sobre seus ombros num filme de 81 minutos, mas numa série mais alongada agradaria bastante e chamaria um público específico para o seu personagem. Kerris Dorsey é a atriz da família, ou não, afinal remédio pode deixar ela muito loucona, e isso infelizmente não saiu tão divertido como poderia ficar em algo mais alongado, claro que ela tentou dar seu melhor, mas ficou tão estranho sua performance no palco que tudo que faz antes diverte mais. E claro, os irmãos gêmeos Elise e Zoey Vargas dão um show de caras e bocas e agradam demais colocando fofura num único bebê. O mais engraçado é que lendo tudo aqui chego a conclusão de que o filme é quase uma versão mista de "Os Simpsons" com "Uma Família da Pesada" em live action.

O visual escolhido para a trama também remete bem ao estilo de série que falei nas atuações, e passando por diversos locais ao mesmo tempo, com toda certeza a equipe de arte teve de se desdobrar de uma forma completamente maluca, pois tiveram de colocar uma escola convincente que é mostrada mais do que uma vez, um local descolado para uma entrevista, afinal é uma empresa de games com jovens no comando, um local para uma leitura infantil por um grande nome, uma auto-escola, um palco para apresentação de um clássico e ainda uma casa que ocorrerá uma festa completamente diferente. Ufa, tantos locais num filme com menos de 90 minutos, isso se chama jogar dinheiro fora e ao mesmo tempo que temos tantas opções, nada acaba chamando a atenção, pois o que notamos mesmo são as cenas que já vimos no trailer apenas mais alongadas um pouco, e isso não cabe visualmente na tela do cinema. A fotografia foi correta, e sem enfeitar nada, colocando praticamente a câmera num tripé e esquecendo de por qualquer tipo de lente, e isso é bacana, mas não é um cinema que envolva as crianças presentes na sessão.

Enfim, é um filme com potencial para ser desenvolvido, mas que com a edição curtíssima acabou um pouco fora do tom que necessitaria para empolgar. Recomendo mais vê-lo em casa numa sessão da tarde, ou quem sabe a ideia aflore num produtor da Disney e logo vire uma boa série. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui, com as estreias tradicionais, mas na terça inicia a Itinerância da 38° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no SESC, e claro que não vamos perder de forma alguma todos os filmes falando aqui na sequência o que achei de cada um, então abraços e até terça.


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