A escola de cinema alemão é uma das poucas que se mantém firme e raramente sai das suas bases de filmes artísticos, claro que há exceções, mas a priori, seus diretores optam por uma linha que já está ficando arcaica para o público em geral, e com histórias que poderiam ter uma vertente mais comercial, e porque não dizer, mais agradável de assistir. O resultado disso tudo pode ser visto em "Duas Irmãs, Uma Paixão", que é um filme com características de produção em grande escala, mas com um ritmo tão lento que faz com que a duração seja alongada demais mesmo não sendo um filme gigante. E são tantas reviravoltas amorosas que a única coisa que podemos remeter ao estilo do filme é uma novela mexicana falada em alemão e francês.
O filme acompanha a história do triângulo amoroso das irmãs Caroline e Charlotte com o escritor Friedrich Schiller. As irmãs sempre foram muito próximas e amigas uma da outra, e partilhavam de um coração e alma muito interligados. Com a chegada de Schiller, as duas se veem presas a um mesmo amor, e são levadas pelo escritor, que se apaixona pelas duas igualmente. Carolline é casada, mas vive uma vida infeliz com o marido, e encontra em Schiller seu conforto. Já Charlotte vivia sonhando com um bom marido, e vê igualmente em Schiller o homem de sua vida. Os três começam a viver um romance juntos, mas os laços das irmãs podem não ser tão fortes para sustentar essa situação.
O diretor e roteirista Dominik Graf conduz esse filme de época com luvas de pelica, já que por se tratar de uma época de tantos conflitos na Europa, ele poderia mixar essas situações de uma maneira mais favorável, porém optou por um romance de uma corte que sequer demonstra preocupação com o que ocorre ao redor deles, somente vivendo seus amores e cartas pra todo lado, apenas a título de comparação imagine aquele romance irritante que um amigo seu fica mandando mensagens de texto a cada 20 segundos, mas como não havia celulares naquela época o jeito eram as cartas, e tome escrita de carta a cada minuto no filme, ora eles escrevendo e falando, depois apenas em posição de quadro antigo falando, um falando pro outro e assim vai, insistentemente colocando a relação de cada um à prova e como bem sabemos, antigamente as coisas amorosas, principalmente entre os grandes escalões não era algo tão fácil. O problema que temos é a falta de desenvolvimento no caso, o conflito é tão simplório, que já vimos em tantos outros filmes, de forma que nada acaba empolgando, muito pelo contrário, fazendo com que o espectador se canse com o que está vendo na tela.
Outro problema que não chega a ser algo tão impactante, é que arrumaram duas atrizes muito semelhantes para os papéis principais, claro que a ideia é esta já que são irmãs, mas como a vestimenta naquela época e os nomes eram muito parecidos, inicialmente a dúvida fica no ar de qual é qual que está com o rapaz. Hannah Herzsprung faz de sua Caroline, uma mulher um pouco a frente da época, traindo o marido facilmente, escrevendo livros e querendo alcançar novos rumos, mas a atriz faz uma parábola tão estranha com relação à sua atuação que ficou estranho demais ver isso, começando fraca, depois vai crescendo, tendo uma participação mais interessante, mas depois acaba ficando tão conflituosa que chega a irritar. Henriette Confurius já faz de sua Charlotte o inverso, tendo um miolo razoável, mas com um começo engajado e uma finalização bem tumultuada, onde acabamos olhando bastante para o seu personagem. Florian Stetter não possui um ar sedutor que chamasse tanta atenção para o seu Schiller, mas como naquela época poetas eram amantes fogosos, qualquer mulher gostaria de ter ao menos um relacionamento com eles, e casar então seria algo muito além dos limites, e o ator fez bem seus trejeitos, mas poderia explodir mais. Do restante dos personagens, a maioria aparece muito pouco para um ou outro encaixe, valendo destacar apenas Claudia Messner como a matriarca da família que dá duras broncas nas saidinhas das jovens e fecha com um bom conselho moral sua participação na tela.
Visualmente o longa retrata lugares bem interessantes e por estarmos falando de um filme que retrata uma época, não houve falhas ao menos com relação aos estilos que marcaram o século XVIII na Europa, como disse poderiam ter mostrado mais coisas em relação aos movimentos que ocorreram na época, mas ao menos tentaram mostrar através de folhetos e cenas bem rápidas. Temos elementos cênicos bem marcantes que devemos nos ater, primeiramente às cartas e penas de escrita que fazem parte completa da narrativa do filme e dão charme em diversos momentos, mas também devemos destacar com muita certeza o início das prensas de livros com suas fontes interessantes e bacanas de ver na telona. A fotografia abusou bastante nas cenas noturnas do uso de velas, e isso ao mesmo tempo que dá um charme para o filme, deu nuances interessantes para a trama que ao colocar em pauta toda a escrita de cartas, através de uma meia-luz ficou mais charmoso ao menos.
Enfim, é um filme que poderia agradar mais, porém cansou demasiadamente pela falta de um ritmo mais marcado, além de que fica novamente um apelo, não existe mais a desculpa de queimar a película para colocar legenda branca, afinal hoje tudo já é digital, então vamos colaborar com o público que não é obrigado a saber alemão nem francês, então o branco da legenda quase nos deixa cegos de tanto esforço para ler o que estão falando. Para quem gosta dessa parte da História mundial, talvez até consiga enxergar algo a mais no longa, mas para as pessoas normais que apenas querem ver um bom drama, não consigo recomendar tanto ele não, devido a parecer como disse uma novela mexicana falada em alemão. Bem é isso pessoal fico por aqui hoje, mas volto na terça-feira com mais um longa a Itinerância da 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, então abraços e até lá.
2 comentários:
coelho, sabe onde posso encontrar a legenda deste? obrigado.
Olá Luiz! Não baixo nada, só vejo nos cinemas... então desconheço os sites bons de cada coisa! Abraços!
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