A minha vontade hoje era deixar a página branca e falar volto em breve, pois "Interestelar" é daqueles filmes que você chega sem saber nada, empolgado com tudo que disseram sobre ele, daí somos imersos em teorias que por um breve momento pensamos poder acontecer, existir, e tudo mais, lendo um pouco sobre o filme ficamos sabendo que teve toda uma consultoria por trás da história, mas ao entrar na reta final já podemos esquecer completamente tudo que mesmo sendo possível toda a conexão não dá para acreditar em mais nada, ficando apenas com a ficção. Porém como Nolan é um dos grandes nomes, quiçá o maior nome do cinema hoje, essa ficção é tão convincente que ficou incrível de assistir. Com os trailers e tudo mais, são quase 3 horas sentados na poltrona, e confesso que não consegui ver nem se havia mais pessoas na sala de tão envolvente que foi, não tendo nem como piscar no longa inteiro.
O longa nos mostra que quando um recém buraco de minhoca (algo que, teoricamente, pode ligar dois pontos amplamente afastados no espaço-tempo) é descoberto, exploradores e cientistas se unem para embarcar em uma viagem através dele, transcendendo os limites normais de viagem espacial humana e pela primeira vez na história alcançando uma viagem interestelar . Entre os viajantes está o engenheiro viúvo, Cooper, que tem a dificíl decisão de deixar ou não seus dois filhos para trás e se juntar a viagem que tentará salvar a humanidade de uma Terra ambientalmente devastada pela natureza para encontrar um novo planeta habitável em outra galáxia.
Como falei no começo, é difícil falar qualquer coisa sem soltar spoilers, e essa é uma das prioridades que escolhi ao falar dos filmes por aqui. Se tem uma coisa que sabemos é que Jonathan Nolan não é fraco com seus roteiros, e junto do irmão estavam antes trabalhando o longa para ser dirigido por Spielberg, e tendo o cientista Kip Thorne como consultor do roteiro, o trabalho desenvolvido ficou bem interessante de acompanhar por dosar bem a ficção com a verdade. É incrível o que o filme faz conosco, pois ficamos a todo momento brigando com nossa mente tentando assimilar se seria possível o que está acontecendo ali, tentando misturar com as contas de anos que se passam e tudo mais, de uma maneira incrível que somente ele, Christopher Nolan conseguiria deixar qualquer espectador, agora por uma questão ideológica e bem de gosto, com um pequeno spoiler, as cenas na quinta dimensão, mesmo gostando do fechamento delas me irritaram profundamente, de forma que ficou meio abusivo pensarmos nisso, claro que dá para refletir muito sobre o assunto, mas é meu único pesar com todo o conteúdo. Esse é um dos longas que pretendo rever com certeza, afinal assim como o outro longa pensante do diretor, "A Origem", não dá para tirar certas conclusões com apenas uma sessão, e quem sabe numa segunda vez acabe até gostando mais da cena. Quanto aos planos escolhidos, é Nolan, então não preciso falar mais nada, tendo ângulos de todas as formas possíveis, e felizmente não falhou na lei mais importante que temos: não tem som no espaço! Ah, e quanto a cena final, não posso falar nada, senão o spoiler seria monstruoso, mas o que posso dizer é queremos mais!
Quanto da atuação, a priori temos de falar de Matthew McConaughey, que de longe é o nome dos últimos anos e aqui incorpora bem o personagem agradando em cheio nos momentos mais tensos, já que ele é bom em dominar a situação e nas cenas mais comoventes de pai mesmo não é sua praia, mas na hora do tudo ou nada e até mesmo quando está vendo as mensagens, o sentimento aflora e ele detona. Anne Hathaway diríamos que entrou no filme com uma expressão e hibernou na câmara lá que usam para viajar por anos-luz, que se manteve firme na postura, teve um ou outro momento com alguma expressividade, mas voltava sempre pra mesma forma, ou seja, faltou um pouco de dinamicidade para a atriz, e isso pesou um pouco no personagem dela, já que acabamos não torcendo em momento algum para suas teorias. A ex-filhotinha de vampiros Mackenzie Foy mostra que tem potencial para expressões e suas cenas tanto iniciais, quanto ao final nas cenas de ligação, são bem dinâmicas dando à pequena atriz uma responsabilidade interessante já que no meio de tantas estrelas chamou a atenção para si e mandou ver. Jessica Chastain sendo Mackenzie crescida tem boas semelhanças, e entra na trama como sempre fazendo bem seus papéis, colocaria apenas um pouco mais de fúria nas cenas que faz os dois vídeos-mensagem, pois pela história ela está muito brava com a situação e ficou mais irônico que revoltado o estilo representado. O prêmio filho-da-puta do ano, desculpem o palavreado, vai para o personagem de Matt Damon, e confesso, não existiria ator melhor para o papel do Dr. Mann senão ele, acaba sendo quase uma participação especial, mas mandou bem demais em todas as cenas que fez. Michael Caine também tem boas cenas e sua serenidade é incrível que acaba dando duas virtudes para o seu Professor Brand, a de não ser um Físico maluco como é passado na maioria dos filmes e a sabedoria de usar bons provérbios para representar cada coisa do filme. Teria de falar de muitos outros atores, mas ficaria longo demais o texto e acabaria entregando mais coisas do que já entreguei, mas vale destacar o humor incrível na voz de Bill Irwin como o robô TARS.
O espaço sempre foi algo que maravilhou muito a cabeça humana, e cenas bem feitas dentro de naves, planetas novos e até mesmo ao mostrar a Terra sucumbindo, não tem como não ficar apaixonado por tudo que é mostrado visualmente no filme. A produção que novamente contou com a consultoria de vários cientistas para criar os cenários foi impecável em conceber as superfícies dos três planetas mostrados, as naves com interiores bem trabalhados, um pouco diferente do estilo que "Gravidade" imprimiu, mas ainda assim muito bom também, e principalmente os robôs completamente interessantes que mais do que elementos cênicos acabaram sendo personagens do filme, o que mais deixa qualquer um maravilhado com seus movimentos estranhos e contundentes. E além disso em praticamente toda a cena, temos algum elemento cênico de destaque para que o foco fique sempre preso na tela, acabando acontecendo como disse no início, de não termos momento de respiro algum nos 169 minutos de filme. A fotografia trabalhou bem ao usar muito o contraluz para aumentar o ambiente de cada cena, mas como temos um filme onde a maioria das cenas é digital, o trabalho da iluminação computadorizada ficou evidente em diversas cenas, e isso soou falso demais, claro que sabemos como vai ser a iluminação em outro planeta, mas em diversos momentos é evidente o estúdio pesando ali na cena.
Só vou escrever um nome Hans Zimmer. Que pra quem nunca ficou horas ouvindo suas composições mesmo sem assistir ao filme não sabe o que é brincar com sonoridade. Novamente está impecável, não ficou tão repetitivo como em outros filmes que acabou marcando, ainda ouço por aí o tommmmmtommm de "A Origem", que usou em diversos outros filmes, e aqui voltou a ser o revigorado que conhecíamos e gostávamos de ouvir como em "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demônios".
Enfim, é um excelente filme, e figura com certeza entre os melhores do ano, vou pesar na nota um pouco pelos detalhes que citei acima, mas ainda assim continua sendo um filmaço que vale a pena ver e rever, e repito o que disse, talvez vendo uma segunda vez já sabendo de tudo, afinal diferente do seu longa mais emblemático "A Origem", onde muita coisa ficou em aberto para pensarmos, aqui tudo é explicitado ao máximo, então indo já conhecendo o que vou ver é capaz que goste mais de tudo. Nem posso usar a palavrar recomendo, afinal desconheço quem não ficou ao menos curioso para saber do que se trata o filme desde quando começaram a pipocar coisas por aí sobre ele, então vá ao cinema, procure curtir mais a ficção do que procurar respostas sobre o que pode ser verdadeiro ou não, que com certeza ao menos você pagará por boas horas de um material bem trabalhado. Bem é isso pessoal, fico por aqui, mas nessa semana não terei folga praticamente nenhuma com a quantidade de filmes para ver, então abraços e até bem breve com mais posts por aqui.
Primeiramente parabéns pelas críticas... Sempre muito ricas em conteúdo e forma.
ResponderExcluirSó gostaria de discordar de você quanto ao filme mais emblemático do Nolan ser "A Origem". Penso que ele se tornou mais reconhecido pelo grande público com os filmes do Batman, mas, para mim, sua verdadeira obra-prima é "Amnésia", um dos melhores filmes que já vi, sem dúvida alguma.
Olá Heitor, obrigado pelas palavras... se eu falar que não lembro muito do "Amnésia" promete não me bater rsss... lembro apenas que gostei dele, mas não chegou a me marcar, diferente do Origem que tenho em casa e de vez em quando me pego revendo alguma cena marcante, ou pensando em algo que ele deixou solto, me irrita pensar em cada cena, e vejo que o "filho de uma boa mãe" largou milhares de pontas lá não como erros, mas para fazer pensar! Vou rever o "Amnésia" para, (usando do trocadilho) relembrar porque eu gosto mas não lembro muito dele! Abraços!
ResponderExcluirFernando, pois te aconselho a revê-lo. Se você não lembra muito dele, vai se surpreender novamente com esse surpreendente filme. Repito, para mim, um dos melhores. E olha que também sou apaixonado por cinema e assisto bastantes filmes.
ResponderExcluirAlém de uma ótima direção, tem a melhor atuação da carreira do Guy Pierce.
Filmaço!!! Não da pra piscar o olho um minuto de tão tenso e de tantas questões emocionais e científicas que envolvem a história.
ResponderExcluirSó não concordo com sua nota, deveria ser 10. Lucy você deu 10 e é um filme bobo perto desse.
O Nolan é perturbado por fazer filmes como o Amnesia, A Origem e agora esse.
Espero que ele inspire diretores a fazer mais filmes sobre o espaço, o tempo, o universo em si.