November Man - Um Espião Nunca Morre

11/09/2014 02:27:00 AM |

Se algum amigo ator me pede uma dica, a principal que dou é a de nunca repetir um papel que você fez bem, por exemplo se você fez uma árvore na peça da escola e saiu-se bem, nunca mais faça outra árvore, agora se foi uma árvore mal feita pode até tentar novamente, quem sabe dessa vez ela floresça, agora com a boa, qualquer coisa que falhar irão lhe criticar. Estou dizendo isso antes de falar de "November Man - Um Espião Nunca Morre" pelo motivo que Pierce Brosnan foi espião diversas vezes na série 007 e fez o serviço muito bem na maioria das vezes, e aqui junto de uma bagunça completa que é o roteiro acabou de forma tão infeliz que a cada cena passada, mais nos perguntávamos aonde será que esse filme vai conseguir chegar. E o resultado foi único, um filme com mortes bobas, história fraca que não convenceu ninguém, onde a tentativa de um grande nome salvar a trama foi por água abaixo.

O filme conta a história do ex-agente da CIA Peter Devereaux que leva uma vida pacata numa pequena cidade da Suíça, mas tem de voltar à ativa ao ser confrontado por David Mason, um ex-aluno e antigo amigo de Peter. Sua missão é proteger Alice Fournier, uma importante testemunha que pode revelar a verdade sobre uma conspiração que envolve o futuro presidente da Rússia.

A verdade é que temos diversos livros sobre espiões, e na maioria dos casos sempre parecem muito com a série 007, e claro que pode ser que saiam ainda milhares de filme do estilo, mas aqui o diretor Roger Donaldson, após filmar a maioria das cenas provavelmente sentou junto com o pessoal da edição e viu que o que tinha em mãos era algo semelhante até demais com a série famosa, mesmo seu filme sendo baseado numa outra série famosa de livros de Bill Granger, aí o que ele fez, criou novas cenas para tentar diferenciar, e o resultado? Mortes mais toscas que nos filmes "Os Mercenários", socos já estou acostumado que muitos morrem em filme dessa forma, mas tomar uma pá na cabeça é demais pra mim. Além disso a priori da investigação acaba rodeando tanto, inserindo a cada minuto elementos novos que acabam levando a lugar algum que irrita o espectador, afinal o principal elemento acaba sendo quase uma vítima de igual para igual, e deram uma resolução final que nem em fechamento de série sem orçamento acabam fazendo isso. Ou seja, no quesito história e direção é uma bagunça tão grande que apenas irrita as diversas tentativas.

Outra coisa que costumo concordar com os grandes nomes dos esportes e de outras atividades é a seguinte, ficou velho, aposenta, não tenta querer fazer o que já não consegue fazer bem mais, e digo isso porque Pierce Brosnan já deu tudo que tinha que dar em longas de ação, em romances e comédias até acaba servindo devido ter bons trejeitos, mas ação já foi bom nisso e hoje não convence, de forma que há momentos no filme que precisaria ter todo um gás, e o que o diretor acaba fazendo? Uma edição de imagens aceleradas para não ter de colocar o espião correndo, lamentável. Luke Bracey pelo contrário já tem disposição para brigas e saltos triplos, falo isso porque quase morri de rir em uma cena que mata um vilão com um soco voador, dito isso nem preciso falar mais nada, o jovem ao menos tentou ter boas expressões nas cenas que dialoga, e isso ao menos é bem válido. Olga Kurylenko é uma atriz interessante que costuma se sair bem, aqui como seu personagem é bem dúbio temos a impressão de que não quer decolar e preferiria estar mais lutando nas cenas que sendo uma "coitadinha" que está sendo ajudada, talvez se tivessem dado mais ação para seu personagem agradaria mais como acabou acontecendo nas cenas finais. Dentre os demais personagens até temos alguns que chamam alguma atenção, como Bill Smitrovich fazendo o agente master da operação que após muita bagunça no roteiro acabou não sendo tão agradável, mas o destaque mesmo fica para Amila Terzimehic que faz uma matadora profissional de primeiro nível que vê a vítima a distância e vai caminhando por milhares e milhares de escadas até chegar nela, ao invés de mandar um tiro certeiro à distância bem enquadrada, além de outras firulas que a jovem faz sempre com a expressão de comi e não gostei.

Mesmo com o furo master de o longa ter envolvimento completo na Rússia e não ouvirmos quase nada do idioma, as locações também foram escolhidas para mostrar quase nada do país onde o tema é frequente, acabando encaixado na Sérvia e misturando diversas outras situações que acabam confundindo a localização geográfica do filme. Temos diversos elementos cênicos bem usados na trama, claro que as armas de fogo sempre são a melhor opção nesse estilo de filme, mas temos facas bem usadas e até improvisadas para chamar atenção e fazer o pessoal sangrar um pouco também. Com automóveis sendo destruídos o custo do longa só foi crescendo, agora se vai recuperar é outra história. A fotografia foi bem condensada, trabalhando um tom mais cinzento para dar suspense nas cenas, o que agradou de certa forma, mas nas externas poderia ter trabalhado menos o contraste das cores, já que o sol deveria fazer o papel dele e não as lentes, o que desfocou um pouco os atores.

Bem, é isso pessoal, um filme que até tentou ser interessante, mas tem mais falhas que coisas boas para agradar. Nos cinemas estão passando diversos outros filmes melhores para conferir, mas caso já tenha visto tudo, ou em casa quando não tiver nenhuma outra opção até vai servir de passa tempo para achar furos de roteiro, portanto não tenho como recomendar ele não. Fico por aqui agora, mas hoje ainda temos mais uma sessão da Itinerância da Mostra Internacional de Cinema, então até mais tarde com algo que pretende ser melhor. Abraços e até breve pessoal.



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