Certamente você já viu algum programa exagerado da Rede Globo, um que passa nas noites de Sábado e outro que ocorre nos Domingos logo após o futebol. Se não viu, talvez não conheça Rodrigo Sant'Anna, um jovem que despontou pelo estilo humorístico que faz na maioria das vezes vestido de mulher. Seu estilo é exagerado, gritante, cheio de clichês, mas ainda assim consegue divertir muito, e escolha dele para ser protagonista em "O Casamento de Gorete" fez com que o filme tivesse um rumo praticamente traçado para ficar no mesmo tom, e quem for ver esse longa vai talvez achar pejorativo demais todas as cenas, exagerado demais nas repetições, gritantes demais como são alguns elementos, mas com muita certeza irá rir de muitas situações, talvez se tivessem economizado nos exageros, o longa teria uma outra visão já que é baseado numa história real, mas também não seria uma comédia quem sabe.
Um garoto é rejeitado pelo pai por ser homossexual, sendo obrigado a abandonar a família e deixar um colega por quem está apaixonado. Décadas mais tarde, ele assume a identidade da extrovertida Gorete, dona de um famoso programa de rádio na cidade de Pau Torto. Quando descobre que o pai está prestes a morrer, ela retorna à casa da família e descobre que, para receber a herança, é obrigada a se casar. Começa uma grande disputa para saber quem será o marido de Gorete.
Antes de mais nada, já vamos deixar um ponto claro aqui, se você é homofóbico fuja da sessão desse filme, pois de cara já pelo cartaz se nota tudo que irá ser mostrado no filme. Claro que o longa também será mal julgado por alguns gays que não são exagerados como os protagonistas, então vamos resumir, se você não curte berreiros, fuja do filme. Dito isso, quem ainda continua lendo o texto para saber se vai conferir a trama, pode se divertir com a ideologia montada pelo diretor e roteirista estreante, Paulo Vespúcio Garcia, que antes era professor de teatro, então ao mesmo tempo que dirigiu bem o elenco para atuarem na medida, errou ao não saber dosar o estilo de falar alto que é comum no teatro, afinal lá todos tem de ouvir o personagem até na última poltrona, enquanto no cinema dá pra fazer isso com apenas um microfone melhor ajustado. Sendo assim, o filme é bem desenvolvido, mas a todo momento cheio de repetições e exageros que mesmo divertindo acaba ficando tudo forçado e incomodando na maior parte. Ou seja, é um misto tão variado que em alguns minutos estamos nos divertindo com o que estamos vendo, logo em seguida já irrita com algum exagero forçado. Talvez por ser seu primeiro filme, pode melhorar mais para a frente, mas de uma coisa é inegável, o protagonista carregou o filme nas costas com seus personagens já tão conhecidos que foram usados para criar esse novo personagem.
Embora force a barra sempre, gosto mais dos apelos de Rodrigo Sant'Anna do que dos que Leandro Hassum faz, e dessa forma, seu personagem aqui me divertiu bem mais do que todos os filmes que Leandro já fez juntos, o jovem é promissor, sabe dominar bem a cena, e tem carisma, tanto que o filme pode ser considerado completamente seu, pois qualquer outro ator falharia feio no papel de Gorete, e nas cenas que faz seu dramalhão mostra ainda que tem uma presença de cena impecável, claro que se não fosse tão exagerado agradaria mais, mas não seria ele mesmo. Tadeu Mello faz bem seu papel de Domitilia, mas é tão bobo que não conseguimos nos envolver com ele, da mesma forma que Ataíde Arcoverde, com Marivalda, pois ambos forçam para parecer aquelas bichas chatas que ninguém suporta, e isso ao invés de ajudar na trama acaba até atrapalhando ao aumentar a gritaria. O personagem do pai, inicialmente vivido por Ricardo Blat e depois por Tonico Pereira são tradicionalistas e conseguiram chamar a atenção pras suas cenas respectivas, mas não chega a ser nada que envolva muito pela interpretação deles, mas sim pela forma que muitos pais acabam atacando os filhos. Carlos Bonow fez seu papel de Bonitão, inclusive com esse nome é creditado, não colocando os nomes que o protagonista acaba lhe chamando, e ele não faz nada além de ser o bonitão da trama, claro que sua cena final foi bem feita, mas nada além disso, servindo apenas de sua beleza esquecendo de atuar. A participação de Letícia Spiller que assina também como produtora do filme é algo muito engraçado, afinal ela é mulher e deram um enchimento para sua Rochanna virar travesti, o que acabou chamando atenção além da voz imposta que mesmo sendo uma cena pequena ficou bem divertida. Dos demais apenas tivemos participações bem pequenas e claro exageradíssimas, ficando a cargo da mais pejorativa e desnecessária para André Mattos como um passageiro desagradável dentro do ônibus.
Visualmente temos o longa mais colorido dos últimos anos, cheio de elementos exagerados, mas bem colocados para dar o ar que a trama exigia, não digo que foi a melhor coisa fazer todo esse amontoado de coisas na tela, mas na proposta que o filme levou desde o começo foi o correto. E com diversos cenários não muito trabalhados, a saída foi reduzir o espaço cênico que aí fez os objetos aparecerem mais ainda. Um grande acerto na trama ficou a cargo da equipe de fotografia, que soube usar da iluminação um ponto fortíssimo, diminuindo sempre nas cenas mais precisas e dando um charme para as cenas dramatizadas do protagonista.
Enfim, não é o melhor filme com a temática gay que já vi nos cinemas, mas lembrou um pouco, bem pouco, "Priscilla, a Rainha do Deserto" e com isso acabou sendo divertido e valeu ao menos o ingresso. Se você gosta de uma comédia bem escrachada, cheia de coisas pejorativas, exageros e gritaria, talvez saia feliz da sessão com o que verá, além claro de se você não faz parte do grupo que já disse para fugir mais para cima. Bem é isso, continuo afirmando que se fosse algo mais leve agradaria mais e teria menos erros técnicos, mas não deixa de ser uma diversão na tela do cinema. Fico por aqui agora, mas volto amanhã cedo para falar do filme que ainda verei hoje, então abraços e até breve pessoal.
5 comentários:
Boa noite! Você sabe o nome das músicas que tocam no filme? Estou atrás de uma em especial, mas não encontro... Obrigada.
Olá Andressa, geralmente filmes nacionais não costumam lançar CD de trilhas, o que é uma pena, pois muitas vezes temos excelentes canções cantadas e sonorizadas apenas! De qual parte seria para que eu tente lembrar o que tocou? Abraços!
Queria saber a ultima música quando eles se casam. A eletrônica final onde tem as apresentacoes. "Muito feliz" talvez seria o nome da música
Queria saber a ultima música quando eles se casam. A eletrônica final onde tem as apresentacoes. "Muito feliz" talvez seria o nome da música
Olá Joel... trilha em filme nacional é algo difícil mesmo de encontrar... precisaria rever o longa e esperar os créditos todos para ver o nome ou ouvir para procurar pela letra... vou ficar lhe devendo essa por enquanto! Abraços!
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