São raros os filmes que envolvam exército que conseguem ter algo agradável, sem muita dor e lástima, mas o que é apresentado em "Queen and Country", acaba sendo tão doce e envolvente que passamos as quase duas horas de projeção rindo e divertindo com as situações de crescimento pessoal que os protagonistas passam. Sendo uma continuação do
Continuação de um filme de 87 do mesmo diretor, "Esperança e Glória", onde o protagonista era um garoto aprendendo sobre várias coisas na época da Segunda Guerra, agora adulto aprende com o próprio suor que certas loucuras as vezes não compensam o crime, pois podem afetar outras pessoas.
O filme nos mostra que Bill Rohan tem dezoito anos e um futuro pela frente. Seus sonhos são interrompidos quando é convocado para realizar um treinamento de dois anos numa missão militar para a Guerra da Coréia. Lá, Bill faz amizade com Percy com quem irá conspirar contra o insuportável sargento Bradley. Em momentos raros, eles conseguem escapar e se distrair dos horrores da guerra e numa destas saídas Bill conhece uma moça inacessível por quem se apaixona.
Demorou um pouco para que o diretor fizesse a continuação, afinal ficar com um projeto engavetado por 17 anos é algo um pouco incomum. Mas ele foi muito sábio, quando conseguiu fazer o longa, ao optar em trabalhar a consciência do protagonista com as situações, não exagerando no mesmo tom dramático de guerra que teve o primeiro filme, e trabalhando com envolvimento dentro dessas situações acabou sempre colocando o plano diretivo como segunda opção, o que fez com que não ficasse um longa cansativo e chato. O roteiro foi trabalhado para que fosse mostrado desde as situações comuns na vida de um jovem, quanto outras características que um homem deve aprender com a vida, e que muitos dizem que somente servindo o exército é que se aprende tudo isso, mas que também há outras maneiras de descobrir. Ou seja, um filme completo, divertido e artístico, que pode ser visto tanto por apreciadores mais requintados quanto comercialmente numa sala de cinema.
Sobre a atuação, claro que não temos o garotinho que mandou bem em 87, mas acho que até caberia ele, mas como não fez mais nada depois do filme, então escolheram outro. E os jovens Callum Turner e Caleb Landry Jones souberam conduzir a trama com envolvimento único, dando suas nuances próprias para dar um ritmo agradável e gostoso de acompanhar. O protagonista Callum sempre com um olhar neutro mostra que é hábil para as situações e vai aprendendo tudo da sua maneira, isso é bacana de ver num ator, quem sabe mais pra frente decole já que esse é praticamente seu primeiro longa. Enquanto Caleb, que já é bem mais experiente, fez o tino de seu Percy levar tudo as consequências máximas o que dá efeito a trama, e o ator foi muito feliz no que fez, pois agrada bastante e resulta em algo satisfatório de ver. David Thewlis transformou o seu personagem Bradley não como um soldado chato, mas como qualquer daqueles chefes insuportáveis que qualquer um quer matar por ficar sempre impondo regras e mais regras, mas seu exagero foi um pouco forçado demais e poderia ser menos abobalhado. As mulheres são complexas como sempre é envolvem os protagonistas com diversos problemas, mas Tamsin Egerton com sua Ophelia foi muito simplista na sua interpretação que poderia agradar mais com uma interpretação visceral ao invés do estilo dramalhão mexicano e assim agradaria bastante. Vanessa Kirby já representou com sua Dawn uma mulher mais vivida e deu um tom interessante para a personagem, que até agradaria que tivesse um papel maior dentro da trama. E Aimee-Ffion Edwards funcionou como a ajuda necessária para aprender o que deseja, que algumas atrizes sabem fazer bem esse papel de apoio, e a jovem nas cenas que exigiu mais dela fez muito bem. Dos demais personagens, na maioria foram exagerados demais nas poucas cenas que participaram, mas souberam entregar bem o bastão para os protagonistas se destacarem, valendo apenas ressaltar as cenas bem manjadas de Pat Shortt com seu Redmont todo sabichão.
A arte foi muito feliz ao colocar o exército sempre com um vestuário completo e procurando a cada cena conter um ou mais elemento simbólicos para representar e fazer parte do que estão desenvolvendo, por exemplo o relógio, as palavras cruzadas, a própria ilha e até mesmo as mulheres acabaram sendo elementos figurativos na trama, o que fez da equipe artística pessoa bem tranquilas para representar tudo e acertar a mão na maior parte. A fotografia partiu do pressuposto de não enfeitar demais e também ser correta com relação a iluminação usada, tendo nos pontos chaves sempre um contraluz sem enaltecer demais, mas também não deixando solto.
Enfim, um filme bem gostoso que agrada por ser simples, mas envolvendo com mensagens subliminares a todo momento, faz com que a obra ganhe uma vivência mais significativa e nos envolva para quase virarmos amigos dos protagonistas e torcêssemos para que consigam atingir seus objetivos. Não digo que todos irão se apaixonar pela forma que o longa é entregue, mas garanto que a maioria vai se divertir e sair feliz com o que verá. Um grande detalhe está sempre nos filmes que aparecem sendo citados como base para o que o diretor quer mostrar e isso soou genial. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vamos pra mais uma sessão da Mostra então até breve.
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