Quero Matar Meu Chefe 2

11/30/2014 02:25:00 AM |

Quando ouvimos a frase: "vai ser lançado a continuação de tal filme", a primeira reação é de virarmos a cara e as vezes até ficarmos bravos com o que podem estragar de um filme, mas depois vamos acostumando com a ideia e torcemos para que quem saiba arrumem alguns defeitos anteriores, e num milagre divino saia melhor que o original. Pois bem, se "Quero Matar Meu Chefe" já foi bem divertido, nossas preces foram ouvidas e "Quero Matar Meu Chefe 2" é tão divertido quanto, claro que muito mais incorreto, então se você tem problemas com filmes onde o cunho sexual e errado dominam, não recomendo ir ver, mas se não tiver restrições quanto a isso, pode ir tranquilo que a garantia de riso é total, pois os caras literalmente piraram na ideia dessa continuação, fazendo coisas totalmente malucas que funcionaram muito bem tanto no ritmo quanto na concisão das ideias para divertir o público.

A sinopse nos conta que após o trauma vivido no filme anterior, os amigos Nick, Dale e Kurt resolvem abrir seu próprio negócio, de forma que eles mesmos sejam seus chefes. O problema é que, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor que bancou o negócio. Sem o controle da empresa e sem ter como recorrer através dos meios legais, o trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor, de forma a convencê-lo a devolver aos amigos o comando da companhia.

Uma grande sacada da continuação foi manter os roteiristas originais, claro que juntando mais gente, para manter a essência do filme e claro crescer os personagens, e junto a eles entrou o diretor Sean Anders que veio para substituir Seth Gordon, e claro que com isso uma mudança é clara, o estilo de filme, já que Seth era mais próximo de seriados e Sean já é ainda das antigas no estilo cinema para divertir ali, e não necessitar de alongamentos. Com isso o filme ganhou uma levada bem mais colocada que agrada demais, pois os personagens já eram divertidos, e com a temática agora da vingança mais motivada não tem como não rir com as trapalhadas do grupo. Além disso, o diretor colocou na trama um ritmo frenético tão incisivo que o filme parece não ter nem 1 hora de tão rápido que passa os 108 minutos. Agora uma coisa assustadora ficou por conta da classificação etária, que com apenas 12 anos, se algum pai corajoso for levar os filhos pra sessão, nem quero pensar o estilo de questionamentos que será obrigado a ouvir após a sessão, tanto que estou com muita vontade de rever o longa dublado para saber a quantidade de coisas que removeram da trama, pois na legendagem já tivemos muita coisa que ouvimos que deram uma leveza, então na dublagem é capaz ou de ser o filme com a maior quantidade de palavrões já ouvidos por minuto, ou vai ser uma bobagem completa, já que é isso que acabou divertindo muito no longa.

Quanto da atuação, Jason Bateman não me convence com seu estilo cômico, ele não é engraçado, suas piadas são simples, e convence mais em romances do que em esquetes cômicas, mas ao menos aqui foi bem menos forçado com seu Nick do que no primeiro filme, já que partiu pro sou contra tudo, e essa forma ranzinza ao menos ficou bacana de ver. Em compensação Charlie Day tem um timing que impressiona demais tanto no seu estilo de falar desesperado, quanto nas sacadas bobas que faz, nos envolvendo e fazendo todos rirem sem parar das suas situações atrapalhadas que seu Dale acaba se metendo, é um ator que ao acabar suas cenas, torcemos para ver mais e mais, e tem um futuro monstro se seguir a linha cômica. Jason Sudeikis possui um carisma e até é engraçado, mas Kurt dessa vez teve uma participação no filme um pouco menor do que no original, não sei se por algum motivo que não ouvi nada, mas parece que está sempre atrás das piadas, não dando tanto a cara a tapas, mas ainda assim se sai bem nos momentos que precisou se destacar. Christoph Waltz é daqueles atores que se você vai ver um filme sem saber que ele participa não o reconhece de cara, pois sempre faz atuações tão diferentes umas das outras que até assusta, e isso é que na minha visão é ser um bom ator, afinal quem quer ver a mesma cara sempre vai em um filme do Nicolas Cage, e aqui o seu Bert é tão interessante e ficamos com tanta raiva de suas atitudes que acabamos torcendo para ele se dar mal, e isso é algo que poucos atores conseguem em comédias, então mais uma vez parabéns para o ator. Chris Pine com seu Rex é o retrato nato de filhinhos de papai que querem o controle das empresas dos pais a qualquer custo, só para estragá-las e ganhar mais dinheiro, e isso é notável na personalidade que deu para o personagem, e o ator adotou uma psicopatia tão envolvente que nos diverte, e isso que é bacana nos cinemas. Da turma do primeiro filme, ainda voltamos com Jamie Foxx fazendo o seu Mothefucker Jones sempre com sacadas muito bem colocadas e sendo perfeito como sempre, e Jennifer Aniston sendo a dentista gostosa depravada Dra. Julia, que agora mesmo não sendo um dos papéis principais, ainda teve três cenas bem encaixadas na trama que fizeram valer a pena sua participação. E mesmo estando atrás das grades, a volta de Kevin Spacey foi pontual e bem encaixada nas duas cenas que necessitou de sua presença, talvez se forem inventar um terceiro filme ele volte a ser principal.

Comédias não costumam chamar atenção pelo contexto visual, mas aqui a equipe de arte serviu de base para os planos mirabolantes tanto na execução mental quanto na real, que geralmente não bate igual, e isso sempre soa legal quando é bem feito em um filme, de forma que os diversos elementos pensados acabam sendo retratados depois na realidade de uma forma completamente incoerente, o que nos diverte e acerta na mosca. Como o longa se passa mais dentro de escritórios ou em cenas noturnas na rua, a trama necessitou de muita iluminação artificial, e isso por incrível que pareça foi feito de uma forma bem natural, não soando falso como em muitos filmes que possuem esse problema, e repito estamos falando de uma comédia, onde quesitos técnicos geralmente são esquecidos, ou seja, um trabalho bem feito tem de ser ressaltado e acaba ajudando a agradar mesmo que seja simples.

Enfim, fazia tempo que não ria tanto em uma comédia cheia de besteiras e palavrões, pois embora tenha esse cunho, não ficou ofensivo e nojento de ver, dando um tino gostoso que a trama necessitava para deslanchar, e dessa forma o filme empolga, diverte e vale a pena ser visto por quem gostar do estilo. E assim acabo recomendando ele somente para esse estilo de pessoas, que irão ver o filme e nem ver passar as quase duas horas de duração se divertindo e rindo bastante com o que é passado na tela. Claro que não é ainda algo genial, afinal temos séries e diversos filmes antigos que possuem a mesma temática, e também se olharmos a fundo veremos diversos errinhos, por exemplo o lance do marcador permanente no quadro branco que na cena seguinte volta a ser branco, então por esses errinhos bobos, não irei dar a nota máxima ao filme, mas que continua sendo divertido mesmo com essas falhas, com certeza continua. Bem é isso pessoal, ainda hoje vejo os dois últimos longas da Itinerância da Mostra Internacional para fechar a semana com estilo, então abraços e até breve.


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