É razoável se pensar num país onde já se teve tantos ídolos que as biografias acabem pipocando nas telas de cinema, e nessa levada a cada ano surgem mais e mais nomes que ganham suas histórias contadas na telona. Um grande acerto que temos visto é que os roteiristas estão se baseando nos livros que refletem que nem todos eram pessoas boas e sem defeitos, mas sim pessoas normais que tinham problemas e eram duros de se lidar. E agora com "Tim Maia" posso dizer sem papas na língua que não quiseram em momento algum fazer uma homenagem ao músico que foi, mas sim mostrar que todo gênio tem seu lado complicado e que ele foi bem complicado por sinal, e misturando drogas, bebidas, prisões, loucuras, ETs, amores e tudo mais que se possa pensar, fizeram um longa visceral onde a dramaticidade pesou para que essa lenda da música nacional revivesse nas salas escuras e conhecêssemos os momentos marcantes de sua vida que acabaram virando música.
“Mais grave, mais agudo, mais eco, mais retorno, mais tudo!” O grito de guerra de Tim Maia ainda ecoa nas festas de todas as gerações, idades e classes sociais, onde sua música é sinônimo de alegria e romance. Transgressor, amoroso e debochado, Tim se consagrou como um dos artistas mais queridos e respeitados da música brasileira. O filme nos mostra que desde a adolescência, quando desembarcou em Nova York sem falar uma palavra em inglês, Tim Maia sempre fez o que queria, com quem e quando queria, e pagou um preço alto por sua liberdade. Mas, depois de sua passagem, a música brasileira nunca mais foi a mesma.
Certa vez conversando com alguns amigos, eu disse que existem diretores que acabam caindo como uma luva para os filmes, e Mauro Lima, que muitos conhecem apenas por "Meu Nome Não é Johnny", mas que também fez o diferenciado "Reis e Ratos", imprimiu sua marca da mesma maneira que o cantor, sendo desbocado na essência mas sem transformar o filme num antro de apenas palavrões, e esse acerto fez com que o filme não fosse algo para passar a mão na cabeça e falar que o Tim foi um grande nome, que só fez música boa e deva ser reverenciado como um deus, mas trouxe todos os seus problemas com o mesmo impacto que um jornal que noticia sem dó que o marido espancou a mulher, ou que foi encontrado drogas na casa de um traficante e por aí vai. E dessa forma o roteiro acabou sendo muito bem construído em cima do livro "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" de Nelson Motta, acabando numa vertente interessante de ser curtida e que agrada por fluir num dinamismo contínuo que quase nos coloca como amigos íntimos do cantor para saber de tudo que aconteceu em sua vida. O único porém que desaponta um pouco na trama é o excesso de narração feita por Cauã Reymond no caso sendo o amigo Fábio do cantor, pois teria como fazer o longa sem essa necessidade de tudo ser contado, o que agradaria bem mais.
As atuações serão sem dúvida a grande chave do sucesso do filme, pois Babu Santana e Robson Nunes que dão vida ao cantor nas fases adulta e jovem respectivamente foram incríveis impactando trejeitos que muitos conheceram nas apresentações do cantor e não economizaram impacto na voz para cantar e junto da voz de Tim virar quase que um som só, além disso Babu engordou 15 quilos para viver o personagem e incrivelmente mostrou que merece cada dia mais destaque no cinema, já que fez diversos outros filmes mas sempre como coadjuvante, e agora deve despontar com certeza. Cauã Reymond tem boas cenas, mas sabe quando você olha para o personagem e vê que outro ator tornaria o papel mais interessante, isso é notável a cada duas aparições dele, mas como é co-produtor do longa, o dinheiro fala mais alto e assim faz o papel que quiser no filme. Alinne Moraes não foi ruim, e também não me lembro como a esposa do cantor era, mas assim como Cauã, agradaria uma atriz mais impactante na pele da esposa, mas aí entra o QI dentro do cinema, pois sendo esposa do diretor, tudo fica mais fácil. Não sei porquê, mas já estou pegando desgosto por Luis Lobianco, em 3 dias vi dois filmes do ator e ele não me convenceu em nenhum, de forma que seu Carlos Imperial soou fraco e sem vida, bem diferente do que qualquer pessoa que pesquise um pouco verá que era o apresentador e agenciador de artistas. Outro que pareceu mais estar tirando sarro do que sendo real em cima da personalidade é George Sauma que fez um Roberto Carlos bicho grilo de tudo, com muita ironia e com a pompa claro que o cantor sempre teve, mas poderia ser mais leve que agradaria bem mais.
A produção trabalhou muito bem nas escolhas cenográficas, transformando tudo numa forma ampla e cheia de luxo, do jeito que o cantor gostava, e dessa forma cada fase, ou melhor, cada cena foi bem representada por elementos cênicos marcantes e cenários bem trabalhados para envolver o espectador, o que acabou dando um ar contínuo de quase que uma série. A fotografia, pelo contrário, não enfeitou muito o pavão e trabalhou com planos simples e sem muitos efeitos, o que agrada para não ficar muito rebuscado, mas poderiam ter colocado alguns sombreados mais fortes com um contraluz que evidenciaria mais os personagens que quisessem dar destaque, de forma que muitos nomes da música acabam aparecendo, mas como tudo é tão rápido e não temos nenhum chamariz acabam passando batido.
Como estamos falando de um longa musical, o bom repertório das canções de Tim marcam o filme, mas tendo outros grandes nomes na trilha foi algo bem satisfatório que agradou na medida para dar vida e criar um ritmo gostoso na trama de modo que os 120 minutos passam tão rapidamente, como se fosse um episódio de um programa semanal.
Enfim, é um filme agradável que possui certos defeitos pontuais, mas que pela visceralidade imprimida na trama conseguiu superar tudo com grandes méritos e em momento algum cansamos com o que é passado, muito pelo contrário, ficamos cada vez mais curiosos pelo que possa ser mostrado a cada cena seguinte. Recomendo à todos para que confiram o filme e conheçam mais sobre esse grande nome da nossa música que teve problemas do mesmo tamanho que era. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais uma estreia dessa semana, então abraços e até mais.
Fiquei com mais vontade de ver!!!!
ResponderExcluirLuiz S.
Pode ir ver tranquilo Luiz! Certeza que vai gostar! Abraços!!
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