É difícil uma Mostra de Cinema que não apareça algum filme extremamente estranho, aonde ficamos olhando tentando decifrar o que o diretor quis nos passar. Digo isso principalmente para quem não lê a sinopse ou vê qualquer coisa sobre o filme antes de assisti-lo como é o meu caso. E vendo dessa forma "Tsili" pode ser considerado como um amontoado de cenas aonde escutamos ao fundo bombas e a jovem na floresta tentando sobreviver apenas, acontecendo alguns outros fatos isolados, mas ao acabar a guerra, temos mais algumas cenas estranhas, com alguns dizeres, aos quais não conseguimos concluir nada, ou melhor, o filme não consegue esboçar sentimento algum em ninguém, seja de repúdio pelo que aconteceu, seja de alegria ou tristeza por algo, fazendo com que o público saia da sessão sem nem entender o porquê assistiu aquilo.
Agora a sinopse nos que diz que Tsili é um jovem judia que durante a II Guerra Mundial, toda sua família foi levada para campos de concentração, mas ela conseguiu fugir. Tsili construiu um abrigo em uma floresta, onde se escondia. Porém, de dentro dele, ficava a parte do que acontecia ao seu redor. Um dia, o jovem Marek a encontrou no abrigo e eles descobriram que eram do mesmo lugar. Ele vai em busca de comida para Tsili, mas nunca mais volta, mesmo quando a guerra acaba.
Com o teor da sinopse, conseguimos ao menos refletir um pouco sobre o que é mostrado, mas ainda iremos considerar o diretor como um artista daqueles que nos entregam um quadro com apenas um ponto pintado e fala que ali está expressado toda a simbologia da vida pós-moderna frente ao caos urbano, que você escuta ele falar tudo aquilo, olha com cara de intelectual, balança a cabeça, sai da exposição e morre de rir comendo um McLanche Feliz. Essa é a sensação clara que Amos Gitai vai ficar para mim, já que no grupo de curtas "Falando Com Deuses", o seu curta também foi o mais maluco possível, e aqui com um longa completo, afinal 88 minutos já é um longa, não conseguiu passar nada, talvez daria para resumir ele em um curta de 15 minutos bem feito que simbolizaria bem mais o que tentou passar, mas não cinema tem de ser grandioso, e falhou em tudo que tentou. A única parte mais viável do longa está quando temos um trecho em um galpão aonde alguns dizeres tentam nos remeter a algo mais filosófico sobre a guerra e isso sim talvez tenha valido mais para as premiações da qual o filme acabou entrando, que de resto não temos nada para dizer.
Quanto da atuação, ao menos podemos dizer que as jovens Meshi Olinski e Sarah Adler conseguiram se mostrar sofridas na floresta, mas como acabamos cansando com o que vemos, em certos momentos já nem mais aguentamos ver os seus "afazeres" diários. Enquanto que Adam Tsekhman fez o que tinha de fazer frente à câmera e depois não deu nenhum sinal para chamar atenção
No quesito artístico, a floresta é meio fake, como está na moda falar, pois tudo muito arrumadinho, cenas com pouca abertura de campo para não vazar falhas, e tivemos uma chuva tão cenográfica que nem novela de quinta categoria consegue fazer tão ruim, ou seja, poderiam ao menos tentar explorar alguns sentidos artísticos, mas junto com o enredo e a direção, o filme todo simbolizou mau o que queria. Não digo que não tenha sido filmado em uma floresta mesmo, mas o recorte foi tão falso sempre que pareceu o fundo de algum sitio. A fotografia trabalhou com uma iluminação ao menos coesa já que falharam no conceito artístico, com o ângulo exibido, a iluminação fez a referência de dia, noite e sombras de maneira bem correta.
Enfim, poderia falar mais coisas ruins sobre o longa, mas prefiro dizer apenas que não recomendo para ninguém ele, é cansativo, monótono e como falei no começo só vai agradar quem quiser fazer carona de intelectual frente à outros, pois o filme não consegue envolver ninguém somente com o que é expresso nas imagens. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica curtíssima aqui, mas vamos torcer para que na próxima quinta venha muitos filmes para que o público tenha variedade de escolha de títulos e o Coelho fique feliz com muita coisa para fazer. Então abraços e até Quinta.
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