Vou começar meu texto novamente com algo que não canso de falar aqui no site, qual o propósito de uma comédia? Fazer rir não é mesmo! Então pronto minha nota para esse estilo sempre recai nesse propósito, e sei que muitos não irão curtir, mas sem dúvida alguma, "A Noite da Virada" foi até o presente momento a melhor comédia nacional do ano, ainda tem mais uma para estrear, mas acho difícil fazer o público rir tanto quanto o que ocorreu hoje na sessão do cinema que estive presente. Não podemos dizer que é daqueles que as piadas fluem tão naturalmente, mas tirando alguns momentos bem toscos, o desenvolvimento da trama agrada bastante e cumpre com o dever de fazer rir, principalmente sem apelar muito.
O longa nos mostra que durante uma festa de Réveillon na casa de Ana e Duda, o banheiro é o foco de todas as fofocas e polêmicas. É onde Duda confessa à esposa que vai deixá-la pela vizinha Rosa, que, por sua vez, leva um casamento bem monótono com Mario. É também onde Alê conta a Ana suas aventuras sexuais com o namorado, e onde um convidado traficante faz os seus negócios. Na noite da virada do ano, tudo pode acontecer.
O roteiro em si é bem simples, e por ser baseado numa peça de teatro, as situações cômicas acabam sendo bem diluídas na trama para que tudo ocorra dentro do tempo exato da comicidade, ou seja, você não vai se mijar por ficar minutos rindo sem parar de uma situação, pois elas ocorrem, tem uma pausa semi-dramática, vem outra situação bem cômica e por aí vai. Esse formato é interessante, mas um pouco desgastado e necessitaria de um elenco mais forte para equilibrar as situações onde os diálogos fossem mais pesados, e não apenas depender das cenas cômicas para sobreviver. Porém embora isso não tivesse sido tão bem feito, o diretor estreante em longas, Fábio Mendonça foi sábio em conter a história em vários ambientes e não só no banheiro como é a história original da peça, assim conseguiu dar as quebras e sem dúvida alguma criar a melhor situação que é a dentro do outro banheiro não fixo na casa. A única coisa que acho que poderia ser mais agradável na direção é a redução de excessos nos closes dos personagens, claro que o espaço cênico era curto devido a estar com a casa superlotada e boa parte das cenas estarem dentro do banheiro, mas poderia ser ter mais ambiente que com certeza o filme seria diferente. O longa também marca a volta da produtora O2 Filmes para o estilo cômico após 10 anos fazendo apenas dramas e romances, e é uma boa aposta de retorno financeiro, já que o estilo é um dos que mais tem dado público no Brasil, então imaginando que o filme dê muito lucro, não duvido que em breve vejamos mais a logo deles em novas comédias.
Falando um pouco sobre o elenco principal, não podemos dizer que o quarteto na casa é o que mais nos diverte, claro que fazem boas cenas, mas o destaque mesmo fica a cargo de Rodrigo Sant'Anna que simplesmente teve seu melhor momento no cinema em praticamente apenas 3 cenas do filme, e divertiu demais com seu traficante Fumaça numa bela de uma enrascada, totalmente perfeito no teor das piadas e nos trejeitos feitos, de forma que daria até para abusar mais do personagem num próximo momento. Enquanto isso na casa, Júlia Rabello é daquelas atrizes que ou nos agrada muito ou acabamos odiando ela, e aqui como a anfitriã da festa Ana, trabalhou bem dentro do personagem com o que é ocorrido com ela, mas faltou o tino cômico que sabemos que ela sabe fazer bem e não trabalhou tanto aqui. Paulo Tiefenthaler até tenta ser engraçado visualmente com seu cabelo e caretas que faz, mas fica mais para tosco do que para divertido o que faz em cena com seu Duda. Luana Piovani nunca foi e nunca será engraçada, aqui caindo quase pro estilo desespero gritante, servindo sua Rosa apenas como ponto de discórdia na trama. Marcos Palmeira tentou e até conseguiu ser divertido na cena que toma droga, mas só, nas demais ficou forçando a barra e fazendo caras e bocas apenas. João Vicente de Castro e Luana Martau protagonizam as cenas de sexo cômico e é aonde entram as piadas mais forçadas que abusam da conotação sexual para fazer rir, e embora isso seja bem clichê funcionou de forma que agrada seus personagens Rica e Alê, ele ainda coube as cenas engraçadas de tentativa de esconder o amigo. Falando no amigo, o traficante chique interpretado por Taumaturgo Ferreira, que andava bem sumido das telas, serviu bem em algumas cenas, mas nada que dependesse de sua atuação, servindo quase que como um boneco. Agora uma atriz que não conhecia e agradou muito nos trejeitos foi Martha Nowill que fez de sua Sofia uma personagem interessante e cômica desde a primeira cena ao tentar colocar seu vestido, e em todas as cenas que esteve conseguiu ao menos cumprir o papel do momento, divertindo e engatando as piadas. Outros que devemos destacar com certeza são Juliano Enrico e Daniel Furlan que protagonizaram as cenas dentro da casa no melhor estilo dos filmes "American Pie", ou seja, diversão total com os dois.
No conceito visual, quiseram trabalhar bem com a ideologia do pequeno espaço para uma festa enorme, e isso ficou preocupante pela quantidade de objetos cênicos que quiseram implementar que em muitas cenas acabaram nem sendo necessários, então ou poderiam ter feito algo mais simples, ou ter trabalhado com as cenas mais abertas como disse no início, que aí sim tudo que está presente em cena chamaria alguma atenção. Mas como no caso da comédia, o que importa são as atuações, ficando bem em segundo plano o conceito artístico, tudo que foi feito ao menos serviu de inspiração para alguns momentos dos protagonistas, e assim sendo, funciona razoavelmente bem. A equipe de fotografia em alguns momentos pareceu um pouco perdida, pois assim como ocorre em novelas, um dos erros que mais me irritavam quando assistia, a diferença de luz no plano e no contra-plano foi vista diversas vezes aqui, claro que por conta das luzes piscantes da noite isso pode ser relevado, mas não custava um continuísmo melhor para agradar mais, já que a iluminação tradicional prevaleceu.
Enfim, é um bom filme que claro possui muitos defeitos, mas de longe foi o que mais nos fez rir nesse ano dos longas nacionais, então só por isso já merece uma nota boa. Recomendo bastante para quem gosta de rir, de preferência sem reparar nos erros, senão é capaz de ficar irritado com muitas coisas, mas vale bem como uma sessão da tarde divertida no cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui, e hoje a noite confiro a última estreia do interior, que já chegou bem atrasada por aqui, mas felizmente veio, então volto para contar o que achei. Deixo aqui meus abraços e até mais galera.
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