Caçada Mortal

12/05/2014 01:47:00 AM |

Se tem um gênero que ou dá muito certo ou é um erro atrás do outro é o tal do investigativo, que ultimamente vem falhando bastante por abusar de clichês e da inteligência do público que vai assistir. Mas se tem uma pessoa que se encaixa perfeitamente no estilo de nem ser boa pinta, muito menos fazer tudo como outros fariam é Liam Neeson, e em "Caçada Mortal" conseguiram encaixar na medida uma boa investigação, com um investigador disposto a tudo, boas sacadas com uma ideologia de grupos de auto-ajuda e principalmente o fator pena ficar de fora como os protagonistas tanto focam em falar em diversos momentos. E essa desenvoltura fez com que o longa tivesse um ritmo envolvente, boa perspectiva dos resultados que desejava atingir, e não ficar explicando minuciosamente tudo para que a trama seguisse um rumo interessante, ou seja, um excelente filme para conferir no final de semana, e quem sabe torcer para que os demais livros do autor que envolve o personagem principal saiam para as telonas também afinal se uma adaptação só já caiu bem, imagina o que pode acontecer com os demais.

O filme nos mostra que Matt Scudder é um ex-policial de Nova York que atua como detetive sem licença e vive à margem da lei. Ao ajudar um traficante de heroína a encontrar os homens que sequestraram e mataram brutalmente sua esposa, Scudder descobre que essa não é a primeira vez que esses homens cometem esse tipo de crime... e também não será a última. Preocupado, o detetive começa a procurar os criminosos pelas ruas de Nova York antes que eles matem novamente.

Com um texto bem trabalhado, que no livro de Lawrence Block deve ser estiloso demais, afinal livros investigativos costumam ser daqueles que não dá para parar de ler, o diretor e roteirista Scott Frank captou totalmente a ideologia do personagem, e trabalhou ele acima do filme, o que podemos dizer facilmente pela câmera ser quase de Liam Neeson. E essa faceta acabou encaixando como uma luva, já que não vai importar o motivo pelos quais os assassinos estão matando, claro que isso fica implícito no miolo do filme, mas sim o porquê acaba sendo importante, acima de seus fundamentos, que o protagonista tanto tenta resolver o caso, e em segundo plano, ajudar o garoto a ser importante no mundo. E por ser um roteirista bem eclético, mas dirigir somente os longas que tem mais a ver consigo, Frank é esperto suficiente para não deixar que o filme nem saia do seu controle, muito menos acabe sendo um filho acariciado, e dessa forma a trama tem vida, que com quase 2 horas de duração, acaba passando tão rápido que nem vemos o tempo, em momento algum você boceja ou fica olhando as horas do relógio, que vamos ficando presos, torcendo para que o protagonista de uma boa surra nos assassinos e que todos sejam felizes para sempre, e o diretor vai junto conosco montando esse arquétipo de uma maneira bem crua e envolvente, com planos na maioria fechados, para ao mesmo tempo que o protagonista descobre as coisas, nós também, e assim sendo com toda certeza alguns sustos repentinos podem acontecer.

Sobre a atuação, Liam Neeson é daqueles atores que tem oscilado muito nos longas que tem apresentado, e ultimamente tem feito uma linha investigativa enorme, caindo bem nos personagens que exigem bastante ação, e aqui não foi diferente, empolgando com o seu Scudder tentando ao mesmo tempo se reabilitar sem remover o trejeito impactante do personagem, fez bem no que devia. Uma grata e assustadora surpresa é o garoto Brian Bradley que conhecemos bem no The X-Factor USA em 2011, ficando em sétimo lugar com seu rap tradicional e marrento, e agora começa a despontar no cinema, e não faz feio, caindo bem dentro do que o personagem pedia, sendo curioso e com um carisma bem chamativo que TJ necessitava e tinha dentro de si. David Harbour e Adam David Thompson conseguiram ter a presença maléfica que assassinos transmitem no cinema com seu Ray e Albert, e isso é crucial numa trama, as cenas de luta finais e as no cemitério juntas, com certeza podem ser consideradas as mais duras e fortes de filmes que não envolvam escatologias, perfeitas e bem atuadas. Ólafur Darri Ólafsson foi misterioso o início de seu Jonas, mas o desenrolar foi rápido demais assim como no trailer, claro que suas ações são autoexplicativas, mas ficou um pouco falso a forma de agir do ator. Dan Stevens fez do traficante Kenny um personagem misterioso inicialmente, e que merecia ser melhor desenvolvido, mas estamos falando de cinema, então o ator que é mais conhecido por suas séries, precisava ter levado uma chacoalhada antes para não ficar enrolando muito e dado mais ação rápida para o personagem, seu final foi fraco demais. Os demais aparecem rapidamente apenas para ligar as cenas aos protagonistas, tendo apenas um pequeno destaque nas cenas de Boyd Holbrook com seu Peter.

A cenografia trabalhou bem para destacar os elementos obscuros que com toda certeza no livro tiveram destaques sombrios até demais para os crimes, e isso até mostra que a equipe de arte quis dar um realismo bem visceral para a maioria das cenas e se não fosse a censura para ter mais público, e a idade fosse elevada no filme, a coisa seria mais assustadora. Porém isso não atrapalhou que o filme tivesse cenas bem feitas com elementos sempre aparentes para dar algum destaque em cada cena que é proposta. A equipe de fotografia deu um show a parte no longa, já que o filme se passa na maior parte dentro de cenas escuras, tivemos nuances incríveis para que cada cena envolvesse corretamente, ou seja, não temos nenhum ponto estourando ou atrapalhando para chamar atenção, dando a cada ato, o suspense necessário para agradar.

Um bom suspense policial tem que ser marcado por uma boa trilha sonora, e o envolvimento rítmico do filme é completamente envolto nas composições que dão a levada gostosa que foi escolhida, uma bela preparação de Carlos Rafael Rivera, que fechou nos créditos com a canção maravilhosa Black Hole Sun interpretada por Swann e Nouela que já esteve presente no trailer.

Enfim, um filme muito bom, que talvez se desenvolvido melhor seria um espetáculo, mas nem por isso deixou de agradar bastante e ser uma excelente recomendação para o final de semana. E incrivelmente por ser distribuição da Buena Vista/Disney acabou sendo um longa violento, pois costumam abrandar bem o estilo, então corram antes que desistam de deixar nos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto ainda nesse fim de semana com uma pré e uma estreia, então abraços e até breve.


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