Já adiando que quem não curte o estilo nem vá ver "Ouija - O Jogo dos Espíritos", pois o longa tem todos os fatores excelentes do gênero terror/suspense e também todos os defeitos e clichês, mas isso é o que dá o charme para a produção, pois o filme acaba ao mesmo que já quase sabemos o rumo para onde vai a cada ato, nos pegando de certa forma desprevenidos por achar isso, e assim sendo, os arrepios por conta de cenas tensas e bem planejadas são inevitáveis. Claro que quem não acredita em nada do estilo vai talvez achar a maior babaquice do mundo, mas é inevitável não ficar intrigado com algumas questões apresentadas, ou seja, um filme bem interessante que ou vai agradar muito você, ou com toda certeza irá odiar cada ato.
Um grupo de adolescentes deve enfrentar seus medos mais terríveis quando, durante uma brincadeira, tentam estabelecer comunicação com espíritos por meio de um tabuleiro Ouija. Quando fazem contato com um espírito do mal, eles tentam fechar esse espaço de comunicação, antes que seja tarde.
Uma pequena diferença desse longa em relação à vários outros está numa pequena assinatura na produção que costuma gastar muito dinheiro para que seu filme seja um sucesso, mas aqui gastou bem pouco e pelo resultado doméstico nos EUA não duvido que apareça uma continuação muito em breve, e para quem ainda não sabe, estou falando do produtor do longa que atende pelo nome de Michael Bay, que não é bobo nem um pouco e ao saber que os roteiristas renomados por "Possessão" e "Presságio" tinham esse filme nas mãos, não pensou duas vezes e botou seu lindo dinheiro para virar filme, e pensando da mesma forma que acredito, pegou o próprio roteirista Stiles White e colocou na direção, para que o filme saísse exatamente do jeito que foi pensado ao ser escrito. E isso é notável na trama, pois mesmo sendo uma adaptação das regras de um jogo da Hasbro, o longa adotou toda uma visceralidade com o sentido mais cru de suspense, aquele que vai deixando você intrigado com algo, mesmo sabendo que vai assustar no próximo passo da protagonista, e isso é maravilhoso de ver num filme. Claro que para ter esse efeito sem apelar demais para clichês, talvez um diretor mais experiente faria o longa de forma diferente, mas como White é estreante na direção, optou pela segurança de aplicar tudo que já viu funcionar no cinema de terror, e como de praxe, funciona e assusta, sendo assim cumprida a missão dada a ele. Com cenas mais fechadas para pegar o público desprevenido, o filme usa do clichê máximo do terror, mas nas cenas onde o diretor mostra que pode surpreender e abre a lente da câmera para toda cenografia estar em quadro, e ocorrem certas coisas, aí até os pelos do dedinho do pé se levantam.
Sobre a atuação do elenco jovem, o que posso dizer é que não temos nenhum sobressalto, sendo corretos e pontuais, principalmente as meninas, que tentaram ao menos aparentar o medo forte do que estava ocorrendo, enquanto os meninos pareciam não ter compreendido do que se tratava o filme. Olivia Cooke em alguns momentos aparentou ser quase uma heroína destemida que queria afrontar todos os perigos, e a jovem fez bem em demonstrar coragem frente ao medo, o que é um pouco incomum de ser visto, e sua interpretação foi cheia de olhares vagos, o que demonstrou um pouco a falta de direção para orientar aonde surgiria os efeitos especiais, e assim evitar que a atriz se perdesse em cena. Ana Coto inicialmente demonstrou a adolescente rebelde que sai com um namoradinho estranho, mas do nada muda o estilo, o que também julgamos como falha de direção ou de roteiro, ou quem sabe até da edição por talvez eliminar cenas que dessem continuidade a história, mas sobre a atriz fez o que pode para gritar e tentar ao menos manter uma linha tênue do que haviam lhe passado. Bianca Santos foi a que mais tomou sustos e conseguiu nos impressionar nas suas cenas, de forma que ficamos intrigados em diversos momentos seus, e isso se deve a botar credibilidade no que está sentindo com o filme, e a jovem mandou bem nesse quesito. Daren Kagasoft e Douglas Smith serviram apenas para tentar passar a linha machão e serem finalizados de forma interessante, pois suas caras e bocas não condisseram em momento algum. Shelley Hennig aparentava que mandaria bem na interpretação, mas acabou servindo pouco ao filme, e na sua volta a tela ficou mais falsa que tudo. Sierra Heuermann fez bem o papel do espírito maligno, que junto de uma maquiagem bem feita acaba assustando ao aparecer no quadro, claro que necessitou apenas dar uns grunhidos, mas fez boas colocações interpretativas ao menos. Lin Shaye fez a velhinha mais fora dos prumos que já vi no cinema, afinal está em um hospital psiquiátrico, então mandou bem no que fez representando bem o que foi proposto para ela.
Sobre o visual do filme, tivemos um resultado bem feito, mas que por contar com inúmeros clichês de outros filmes, talvez o pessoal caia matando o longa e julgando mal ele, por exemplo a mansão assombrada que ninguém moraria com toda certeza, mas que morava uma família complicada e tudo mais, bonecas estranhas, objetos se movendo sozinhos e por aí vai. Mas o que o pessoal esquece que esse é o modo de fazer terror tradicional, então o acerto é apenas dar uma ou outra inovada na forma que isso vai aparecer e pronto, o filme vai convencer, vai assustar e funcionar, e a equipe artística procurou ao menos conter os erros para que não soasse falsa demais as cenas com objetos procurando bons tons e assim agradando. Enquanto a equipe de fotografia soube trabalhar as sombras de uma maneira bem interessante para ajudar no fator susto, controlando a intensidade conforme a tensão ia aumentando para pegar todos desprevenidos, e assim seguir a cartilha também.
Enfim, não posso dizer que é o melhor filme de terror que já vi nos cinemas, mas também está bem longe de ser ruim. Claro que vocês verão muita gente que não gosta do estilo reclamando, mas só de conseguir fazer você ter um friozinho na espinha em algumas cenas já fez valer o ingresso e diferente dos últimos longas que a garotada da sala só ficou berrando procurando os fantasmas, aqui ficaram bem quietinhos, então acredito que o medo lhes atingiu também. Ou seja, recomendo o filme e acredito que quem gosta do estilo sairá ao menos satisfeito com o que verá na tela. Bem é isso, fico por aqui agora, mas ainda falta uma das estreias da semana para conferir, então por enquanto deixo meus abraços e até breve pessoal.
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