Sempre que vejo trailer ou cartaz das comédias nacionais, já fico com os dois pés pra trás, afinal virou um gênero que não busca nada de criatividade pelo mundo afora, e olha que constantemente surgem boas comédias europeias e até americanas. Porém hoje primeiro dia do ano, não tendo nada na TV nem em casa para fazer, o que batia melhor horário era a pré-estreia de "Loucas Pra Casar", então lá foi o Coelho pro cinema assistir, e confesso já vi comédias nacionais que já me fizeram rir bem mais, mas nenhuma tinha trabalhado uma sacada tão boa como essa de forma a surpreender demais no ponto de virada e fazer com que eu que já estava pronto para crucificar o filme saísse da sala até mais satisfeito que muitos outros que estavam rindo bem mais antes do clímax do longa. Então o que posso dizer sem estragar o filme é que vá conferir sem preconceitos, que mesmo parecendo uma série tradicional da Globo, o resultado final é muito bem trabalhado e mostra um certo crescimento no gênero ao menos.
O filme nos mostra que Malu tem 40 anos e trabalha como secretária de Samuel, o homem de sua vida. Apesar de estarem namorando há três anos, não há o menor indício de que um pedido de casamento esteja por vir. Um dia, Malu percebe que faltam algumas camisinhas no estoque pessoal do namorado e logo deduz que ele tem uma amante. Após contratar um detetive particular, ela descobre que há mais duas mulheres na vida de Samuel: a dançarina de boate Lúcia e a fanática religiosa Maria. É claro que as três irão disputar a preferência do amado.
É interessante observar que mesmo tendo alguns palavrões em certos momentos, o roteiro de Marcelo Saback não necessitou de escatologias para divertir, sendo muito inteligente tanto por trabalhar bem a sacada ideológica do filme quanto para criar gags bem encaixadas com o momento escolhido que é o amor/casamento. Aliado ao bom roteiro, Roberto Santucci conseguiu dar seu tom cômico tradicional, além de encaixar os bons momentos que vivenciou em outras comédias não exageradas, claro que pra isso também fez alguns longas ruins, mas no geral aqui usou o que de melhor acertou nos outros, fazendo um filme divertido, com boas nuances e trabalhando o roteiro não dependendo do humor das protagonistas. Outro fator bem interessante na trama é o ritmo que foi impresso junto ângulos das câmeras, é quase raro vermos uma cena que tenha sido filmada de apenas uma maneira, e com bons acertos na montagem, o filme acabou ficando bem gostoso e rápido de acompanhar, não enroscando em cena nenhuma.
Sobre a atuação, Ingrid Guimarães já provou que o nicho cômico lhe cai muito bem, mas que também não é daquelas atrizes que fazem rir só de olhar para ela, dessa forma conseguiu juntar bem as piadas com sua forma de atuar, e assim acabou agradando bastante com sua Malu. Em compensação Tatá Werneck já é daquelas que diverte só de olhar para seus trejeitos, e sua Maria parece ter sido feita na medida para ela, não tem como não rir do que faz, até mesmo quando não está no ponto máximo. Suzana Pires é a que mais fez uso dos jargões para dar tino a sua personagem Lúcia, e mesmo forçando um pouco não encontrou o ponto exato da comédia que cairia melhor para a trama, mas mesmo assim conseguiu divertir ao se encaixar com os demais personagens. Márcio Garcia felizmente não usou de suas caras e bocas na interpretação de seu personagem, afinal seu Samuel não era nenhum daqueles protagonistas cheios de textos para precisar colocar muita expressão, mas coube a ele uma das maquiagens mais estranhas para descaracterizar totalmente de tudo que já fez, e isso sim ficou muito chamativo para o momento da trama. Dos demais, quase ninguém chega a chamar muita atenção, tirando Fabiana Karla que mesmo exagerando para tentar dar cara a um personagem homossexual que não encaixou tão bem nas piadas, sempre esteve presente junto da protagonista e agrada na sua maneira de atuar.
Visualmente, o longa contou com cinco locações bem marcadas e interessantes de observarmos uma a uma, pois cada uma delas marca a característica de um personagem, desde a casa organizada, passando pela casinha simples, a boate, o restaurante e o resort, todos foram colocados com elementos claros tanto para montar a trama, quanto para dar uma riqueza característica das comédias nacionais, e isso é bacana de reparar sempre, e dentro delas ainda, por exemplo no resort temos mais divisões claras e interessantes ainda de acompanhar na sauna, na adega e no dois restaurantes, então podemos dizer que nesse filme a equipe artística teve um trabalho bem minucioso e interessante para marcar tudo e não estragar a trama. Além disso, temos figurinos bem trabalhados e escolhidos na medida para cada cena marcar e chamar atenção, dando cores próprias e vida para a trama. Como já disse ao falar dos ângulos que escolheram para filmar, a equipe de fotografia também trabalhou muito bem, pois ao escolher diversos ângulos para fugir do tradicional novelesco, a chance de errar na iluminação é altíssima, e raramente vemos uma sombra fora do esquadro, o que nos deixa muito feliz por ver essa preocupação dentro do cinema nacional.
Agora uma coisa que gostaria de saber é quanto que ficou a liberação da música "Happy" do Pharrell Williams pois a música tocou no filme inteiro em diversos momentos, ou seja, quiseram aproveitar bastante o gasto, mas sempre encaixando bem com a trama. As demais canções foram bem colocadas no longa também, mas quase desaparecem frente ao excesso da canção que tanto ouvimos no ano passado.
Enfim, é um bom filme que não vai fazer você chorar de tanto rir, mas que agrada bastante com o que é apresentado, e dessa forma sem ser apelativo acaba divertindo com a história proposta e com a sacada em cima do tema. O longa só estreia na quinta dia 08, mas já pode ser visto em diversas pré-estreias espalhadas pelo país, então fica a dica para quem gosta de uma comédia nacional, já que a outra que está em cartaz merece fuga total. Bem é isso pessoal, ao menos começamos o ano com um filme que cumpre bem a necessidade de divertir sem exagerar na dose, fico por aqui agora, mas ainda tem a estreia da semana para conferir, então abraços e até breve.
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